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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-6B - GT 6 - Cidade, Subjetividade e Práticas em Saúde

30970 - VIOLÊNCIA LABORAL ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM RECORTE DO ESTADO DA BAHIA.
GABRIEL DA CRUZ SANTOS - UNEB, JECICA DOS SANTOS XAVIER - UNEB, MAGNO CONCEIÇÃO DAS MERCÊS - UNEB


INTRODUÇÃO
A saúde dos trabalhadores é um fenômeno complexo, determinado por fatores sociais, econômicos, tecnológicos, organizacionais, relacionados ao modelo econômico, bem como pela exposição a riscos inerentes à natureza do trabalho (BRASIL, 2004).
Pedro e colaboradores (2017) afirmam que o trabalho em saúde congrega potencial danoso à saúde dos trabalhadores. Destaca-se aqui a violência, importante elemento gerador de risco, sobretudo, aos profissionais de enfermagem, revelando um problema de saúde pública a nível global (CAMPOS; PIERANTONI, 2010).
No processo de trabalho da enfermagem, a violência se manifesta predominantemente pelo usuário assistido e/ou seu acompanhante (CEZAR; MARZIALI, 2006). Embora a literatura concentre-se na identificação da violência ocupacional no âmbito da saúde mental e da emergência, deve-se considerá-la em outros serviços de atenção à saúde, a exemplo da Atenção Primária à Saúde (APS), presente em diferentes contextos socioeconômicos, apresentando distintas condições aos trabalhadores como a exposição à violência, sobretudo em áreas periféricas e marginalizadas.
Nesse sentido, considerando a escassez de trabalhos que se atenham à discussão da violência ocupacional do âmbito da APS e a relevância de discussões que direcionem distintos elementos da segurança no trabalho, o presente estudo tem por objetivo traçar o panorama da violência sofrida por profissionais de enfermagem no Estado da Bahia, Brasil.

METODOLOGIA
Estudo transversal, descritivo,de abordagem quantitativa, envolvendo profissionais de Enfermagem da APS da Bahia. O estado da Bahia é formado por 417 municípios, organizados em 07 mesorregiões. Realizou-se uma amostragem por conglomerados e sorteou-se 10% do total de municípios de cada mesorregião, atingindo um total de 43 municípios. Foram incluídos todos os profissionais de Enfermagem da APS dos conglomerados sorteados. A coleta de dados ocorreu nos anos de 2017 e 2018, nas unidades de saúde, por meio de uma ficha clínica previamente testada, contendo variáveis sociodemográficas, laborais, relacionadas ao estilo de vida e biologia humana. Os dados foram processados no Statistic Package for Social Sciences - SPSS versão 22.0 para Windows e a análise descritiva no programa STATA versão 14.0. Os dados apresentados foram extraídos do banco de dados da tese de doutorado “Síndrome de Burnout e Síndrome Metabólica em Profissionais de Enfermagem da Atenção Primária à Saúde”, desenvolvida na Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da UNEB, Brasil, parecer 872.365/2014. Todos os preceitos éticos foram respeitados. A pesquisa conta com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brasil, Edital Universal - Processo número 408390/2016-6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população do estudo correspondeu a 1125 profissionais de enfermagem, sendo a maioria (88%) do sexo feminino, com faixa etária predominante de até 35 anos (52%) e da raça negra (78%), dialogando com pesquisas similares (COSTA, 2005; COFEN, 2017).
As categorias profissionais na amostra foram Técnico/Auxiliar de Enfermagem (60%) e Enfermeiro (40%), em sua maioria com tempo de trabalho na APS de 5 anos ou mais (51%), com renda familiar igual ou superior a 3 salários mínimos (53%).
Na amostra, 374 profissionais (33%) informaram ter sofrido algum tipo de agressão no trabalho na APS, sendo 6% dos casos violência física e 27% violência verbal. Investigação sobre violência realizada em São Paulo identificou que 77% dos profissionais de enfermagem são agredidos no trabalho, sendo 49% dos casos na qualidade de agressão verbal e 14% física (COREN-SP; CREMESP, 2017).
Quanto ao gênero, a violência física ocorreu com 87% das mulheres e 13% dos homens. A violência verbal, neste estudo, acometeu 29% mulheres e 1% homens, indo de encontro aos achados de Oliveira, Camargo e Iwamoto (2013), que revela maior frequência de agressão entre mulheres do que em homens, seja física ou verbal.
Quanto à raça, a violência física entre as mulheres negras correspondeu a 68% dos casos, enquanto a violência verbal no mesmo quadro acometeu 63% da amostra, dado que embora não seja amplamente explorado na comunidade científica, reflete a realidade das relações raciais na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reflexão sobre a violência laboral tem ganhado cenário mundial, merecendo intervenções do Estado, através de políticas e campanhas que visem a segurança do trabalhador e amplie o rol de ações preventivas para além dos acidentes de trabalho, uma vez que experiência de violência traz danos à saúde mental de quem a vivencia.
As relações apontadas neste estudo denotam uma realidade pouco difundida, mas não isolada, revelando a necessidade de mudanças estruturais na sociedade e na cultura organizacional dos serviços de saúde, com vistas à redução dos transtornos e sofrimento gerados a estes profissionais.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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