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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-6B - GT 6 - Cidade, Subjetividade e Práticas em Saúde

31284 - TROTE UNIVERSITÁRIO: UM RITO DE PASSAGEM PARA OS CALOUROS DA UFMT/CUIABÁ
BARBARA ESTEVAM FERREIRA SANTANA - HUJM/UFMT, REGINALDO SILVA DE ARAÚJO - UFMT


Introdução – Historicamente, o trote nas universidades brasileiras é tratado como parte das atividades de recepção para os ingressantes. Existe, por um lado, a expectativa dos jovens aprovados nos vestibulares com relação à entrada na universidade e ao trote do qual serão submetidos pelos veteranos. Algumas universidades, sobretudo as que se tornaram palco de trotes violentos, identificam e promovem debates sobre o tema, pois o trote violento tem sido uma preocupação recorrente. Dessa forma, refletir sobre o sentido e a importância simbólico-prática do ritual do trote universitário em nossa instituição, constituiu-se como o propósito desta investigação. Objetivos - Relatar criticamente a experiência da vivência do trote universitário na Universidade Federal de Mato Grosso; identificar as principais ações e atividades realizadas por veteranos no momento de entrada dos estudantes calouros no novo curso de graduação; conhecer os rituais de iniciação presentes nos primeiros dias da vida acadêmica. Metodologia - O estudo teve como cenário as atividades e eventos ocorridos nos cursos de Medicina, Química e de Saúde Coletiva da UFMT (Campus Universitário Gabriel Novis Neves), localizado na Capital Cuiabá, e trata-se de um estudo de caso tendo como foco o trote universitário. O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. No decorrer da investigação, buscou-se vivenciar a recepção aos estudantes de graduação do primeiro ano. Como estratégia de pesquisa recorreu-se a etnografia realizando-se observações em lócus e posteriormente, uma “descrição densa” sobre os eventos. Resultados e discussão – Considerando a acepção de violência da Organização Mundial da Saúde (OMS) que define como a utilização de força física ou poder, em ameaça ou física, contra si ou outrem, e que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado e privação, pode-se afirmar que nos trotes observados ocorreram situações que sugeriram situações de violência. No trote da faculdade de medicina, houve um momento em que alguns calouros se manifestaram contra a raspagem de cabelo, atividade comum utilizadas nos trotes observados. Na ocasião, alguns veteranos reagiram de forma aversiva. Um deles (o veterano-líder), confrontou os calouros dizendo, de forma bastante incisiva e intimidadora que: “quem se recusasse a participar não iria realizar trotes no semestre seguinte”. Diante da “pressão”, alguns calouros “mudaram de ideia” e participaram da atividade. Todavia, estavam visivelmente incomodados com “as brincadeiras”. Houve um calouro que mesmo diante das “ameaças”, recusou-se a participar de qualquer atividade. Consequentemente, os veteranos iniciaram um movimento de retaliação para com o novato. Situação semelhante foi observado no curso de Química. Nesse curso, um calouro se recusou a realizar as atividades e, após o momento da contenda, algumas veteranas alegaram que o calouro era “insuportável” e não aceitava as “brincadeiras”. Pode-se notar que, assim como no trote de medicina, no trote de química, os veteranos se comportam de forma semelhante, sempre se impondo e exigindo obediência e respeito. É importante destacar que o calouro que discutiu com sua veterana, acabou sendo isolado por alguns veteranos, onde evitavam o contato com o mesmo, semelhante ao calouro de medicina. Pode-se observar a semelhança das atividades presentes nesses momentos de passagem, o que afirma a questão do trote como um ritual, seguindo o conceito de que o rito é um ato bastante flexível para comportar uma “margem de improvisação”, mas permanecendo fiel a algumas regras que constituem precisamente o que há nele de ritual. Considerações finais - O que caracteriza o trote como um rito de passagem é justamente o momento em que o jovem calouro se encontra entre a passagem da adolescência para a vida adulta, e os elementos da iniciação encontrados no trote, referem-se ao elemento de iniciação na própria vida universitária. Pode-se concluir que a violência contida nesses rituais mostra a necessidade de refletir sobre processo saúde-doença no ambiente acadêmico, atentando-se não somente sobre o contexto social dos rituais, mas também o que tais eventos poderão implicar na saúde dos sujeitos. A partir disso, pode-se concluir que é necessário refletir e fomentar a discussão do tema, a fim de que o momento de entrada em um curso superior seja um momento de acolhimento e confraternização, não um ato de violência que traz o risco de causar danos físicos e psicológicos em seus participantes.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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