28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO/CB -17A - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Determinantes ou Determinação Social |
29251 - SAÚDE DA FAMÍLIA: INTERFACES COM A PRODUÇÃO DE CUIDADO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA PORTADORA DE TUBERCULOSE
HERMES CANDIDO DE PAULA - UFF, DONIZETE VAGO DAHER - UFF, FABIANA FERREIRA KOOPMANS - UFF, MAGDA GUIMARÃES A. FARIA - UFF, CARINE SILVESTRINE S. LIMA DA SILVA - UFF, ANDRESSA AMBROSINO PINTO - UFF, CAMILA JESUS MOREIRA - UFF, ISMAEL DA SILVA COSTA - UNESA
CONTEXTUALIZAÇÃO
A tuberculose no contexto da População em Situação de Rua (PSR) aponta para Indicadores de Saúde com alta prevalência da doença de até 70 vezes maior neste grupo populacional a comparar com população geral em decorrência do aumento dos fatores de riscos que elevam a chance de adquirirem a doença como as vulnerabilidades sociais que permeiam seu cotidiano.
A dinâmica de viver em situação de rua é considerada um dos preditores que contribuem para o abandono do tratamento para estas pessoas, podendo ocasionar a resistência ao medicamento e aumentar o risco de evoluírem ao óbito. Neste sentido, requerem maior necessidade de cuidados em saúde, com medidas necessárias, serviços mais articulados em suas práticas para garantir a atenção integral e equânime, deste modo o processo de trabalho com a população em situação de rua precípua a exigência de condutas alicerçadas no vínculo humanizado de forma a garantir o tratamento e acompanhamento da doença.
DESCRIÇÃO
Estudo descritivo do tipo relato de experiência sobre as ações de cuidados realizados por uma Equipe da Estratégia Saúde da Família a um paciente portador de tuberculose pulmonar vivendo em situação de rua em um Bairro da zona oeste do Rio de Janeiro no ano de 2015.
OBJETIVO(S)
Descrever as interfaces entre os modos de vida da PSR e as ações realizadas de cuidados por uma Equipe da Estratégia Saúde da Família junto a um paciente portador de tuberculose vivendo em situação de rua.
RESULTADOS
incorporou-se as práticas assistenciais de cuidado da equipe de saúde a sistematização de um processo de trabalho de modo a intervir nos fatores preditores de abandono do tratamento para tuberculose de forma a reverberar em boas práticas de cuidados ofertadas ao paciente com histórico de vulnerabilidade social objetivando levar a cabo o tratamento da doença. Deste modo, levou a equipe delinear um Projeto Terapêutico Singular pautado em suas necessidades concretas. Para tanto, realizou-se um diagnóstico por meio de observações diretas das suas condições de vida analisando se seu contexto social corroborava para a não adesão ao acompanhamento e tratamento da doença.
Utilizou-se para o levantamento destas questões um roteiro aberto considerando seus modus vivendi, tais como: estratégias utilizadas para obter alimento e água para ingestão e para realizar cuidados de higiene corporal, para passar a noite e dormir e a utilização algum tipo de droga. Por meio desta análise, emergiram-se os seguintes resultados: exposição às condições climáticas, dificuldades para obter alimentos e água, exposição à violência e dependência química. Para fins de apresentação destes resultados, dar-se-ão de modo conexados entre si.
A exposição às variações climáticas na rua; dificuldades para obter alimento e dificuldades para obter água e o uso das drogas são fatores agravantes para o adoecimento. Durante a noite na rua encontrava-se suscetível de forma mais acentuada a violência, o que o levava a dormir durante o dia. O cotidiano marcado por diversas formas de violência pode desencadear transtornos físicos e mentais. Foi comum encontrá-lo em locais insalubres, com pouca ventilação, expostos a chuva e ao sol extremo, fatores geradores de sofrimento que dificultam o viver e também favorecem o adoecimento de quem vive na rua. Os alimentos como frutas, legumes e verduras que poderiam conferir proteção contra doenças raramente eram consumidos e nem sempre supriam suas necessidades diárias de nutrientes. Armazenava a água em garrafas sujas e ingerida poderia ser veículo de doenças. A água também era escassa para a higiene corporal e o quadro de sujidade desencadeava frequentemente porta de entrada de doenças dermatológicas.
APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA
O viver na rua tem estreita conexão com o surgimento de doenças socialmente permeadas por um processo de exclusão social para as pessoas que vivem em situação de rua onde as mazelas constituídas nesta configuração os tornam mais suscetíveis ao adoecimento por tuberculose e outras doenças e dificultam o término do tratamento da tuberculose.
Realizaram-se as ações de cuidados como uma parceria para lhe garantir o acesso à alimentação. Assim, buscou-se o apoio de uma escola pública que pudesse oferecer lanches através das merendas fornecidas para os alunos. A terapia medicamentosa foi a administrado diariamente e nos finais de semana graças à parceria com moradores que residiam na comunidade. Em relação à situação de rua, foi possível disponibilizar um abrigo temporário.
Sublinha-se, no entanto, que os cuidados em saúde para a PSR, não necessariamente requer retirá-los da rua, visto que a rua também constitui um espaço de cuidar. Por fim, se o permanecer em situação de rua for de suas escolhas ou condição, que sejam adotadas medidas de cuidados que reverbere nas suas plurais e concretas necessidades.
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