28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO/CB -17A - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Determinantes ou Determinação Social |
30026 - TENDÊNCIA DA PREVALÊNCIA DE AGRAVOS E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS ENTRE MULHERES BRASILEIRAS EM IDADE REPRODUTIVA, VIGITEL 2008-2015 FERNANDA GONTIJO ARAÚJO - UFMG, GUSTAVO VELASQUEZ-MELENDEZ - UFMG, MARIANA SANTOS FELISBINO-MENDES - UFMG
Introdução: Entre as mulheres em idade reprodutiva, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e seus fatores de risco, além de estarem associadas ao maior risco cardiovascular, também implicam em maior probabilidade de desfechos maternos e neonatais adversos. Estudos internacionais têm demonstrado altas prevalências e tendências crescentes de DCNT e seus fatores de risco nesta população. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a evolução temporal da prevalência de sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão, na população de mulheres brasileiras em idade reprodutiva, entre 2008 e 2015, segundo características sociodemográficas. Métodos: Trata-se de estudo de série temporal, de base populacional, que utilizou dados do Sistema de Vigilância e Monitoramento dos Fatores de Risco e Proteção por Inquérito Telefônico (Vigitel), de mulheres brasileiras de 18 a 49 anos que responderam ao inquérito, no período de 2008 a 2015. Foi estimada a prevalência de sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão em cada ano para a população de estudo, considerando-se as características sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, região de moradia, cor da pele e estado civil). Utilizou-se o modelo de regressão linear generalizado de Prais-Winsten e o cálculo das taxas de variação anual. Resultados: Observou-se tendência crescente da prevalência de sobrepeso e obesidade em todas as categorias de faixa etária, escolaridade, cor, estado civil e região, exceto para a prevalência de sobrepeso nas mulheres de 30 a 39 anos (p = 0,053), de cor preta (p = 0,558) e que vivem na região Sul (0,075). As mulheres estudadas apresentaram o maior aumento (5,8%) na prevalência de sobrepeso quando comparadas com a população brasileira (3,5%), sendo que as de 18 a 29 anos também apresentaram maior incremento (9,4%) na prevalência deste agravo quando comparadas com as de 40 a 49 anos (3,3%). As prevalências de diabetes (p = 0,087) e a hipertensão (p = 0,307) apresentaram tendência estacionária. No entanto, foi observado tendência crescente na prevalência de diabetes para as mulheres de 40 a 49 anos (p = 0,001), solteiras (p = 0,023), com 12 ou mais anos de estudo (p = 0,007) e que vivem nas regiões Norte (p = 0,014) e Centro-Oeste (p = 0,018). Apesar de não ter sido objetivo principal desse estudo, verificou-se ainda que em cada ano da série histórica, mulheres de baixa escolaridade (0 a 8 anos de estudo), maior faixa etária (40 a 49 anos), que viviam com companheiro e de cor preta (exceto para o diagnóstico de DM) apresentaram as maiores prevalências de sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão, mesmo que não tenham ocorrido diferenças nas análises de tendência nesses subgrupos. Conclusão: Dentre os resultados encontrados destaca-se a prevalência crescente e alarmante nas prevalências de sobrepeso e obesidade, que são um dos principais fatores de risco para as DCNT, sendo que para alguns grupos específicos já foi observada tendência crescente para a prevalência de diabetes. Ademais, além do maior risco cardiovascular, para as mulheres em idade reprodutiva, esses agravos também estão relacionados a piores desfechos maternos e neonatais, e ainda, maior risco de desenvolvimento de DCNT para a prole futuramente, o que favorece a perpetuação da epidemia dessas doenças. Portanto, ressalta-se a necessidade de ações adicionais e oportunas de promoção da saúde e prevenção de agravos, que devem ser agregadas às rotinas de assistência à saúde da mulher, ao longo de todo o ciclo de vida, especialmente para as mulheres de maior vulnerabilidade social.
|

|