28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO/CB -17A - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Determinantes ou Determinação Social |
31369 - INFLUÊNCIA DAS INIQUIDADES SOCIAIS FRENTE AOS DETERMINANTES E CONDICIONANTES DO PROCESSO SAÚDE DOENÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NATHÁLIA DE OLIVEIRA AZEVEDO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA - FCM, SHIRLAYNNE MEDEIROS UCHÔA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA - FCM, LEILA ALCINA CORREIA VAZ BUSTORFF - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA - FCM, SABRINA DANIELLA CARNEIRO BRAZ - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA - FCM, LAYZA DE SOUZA CHAVES DEININGER - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA - FCM
CONTEXTUALIZAÇÃO: O caráter universal do SUS é a expressão de que todos têm o mesmo direito de acesso às ações e serviços de saúde. Esse princípio exige do Estado à necessidade de um melhor rearranjo territorial para organização e acesso a esses serviços (FARIA, 2013). Nesse âmbito, segundo Carvalho (2015), surge a territorialização como um instrumento para o planejamento das ações de saúde, possibilitando a identificação dos principais problemas de saúde da população e seus fatores de riscos. Esses, são marcados pelas iniquidades sociais devido aos elevados índices de vulnerabilidade social, com exclusão ou difícil acesso de pessoas aos serviços e equipamentos públicos, aos bens materiais e imateriais, e a oportunidades que permitem às pessoas a reprodução da vida em patamar de dignidade (FIORATI; ARCÊNCIO; SOUZA, 2016). DESCRIÇÃO: Estudo descritivo e exploratório do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicas de medicina em uma Unidade de Saúde da Família (USF) por meio de estágio curricular em 6 visitas ao território-área da USF, das 8 às 11 horas, com o acompanhamento do Agente Comunitário de Saúde (ACS). PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Fevereiro a maio/2019. OBJETIVO: Observar a influência das iniquidades sociais frente aos determinantes e condicionantes do processo saúde-doença. RESULTADOS: Foi constado que, dentre as sete microáreas visitadas, a maioria dos moradores vive da pesca e venda de peixes; existe a precariedade do serviço de transporte público; as casas em geral são de tijolos, porém algumas ainda são de taipa, que corroboram um cenário ideal para doenças como a Doença de Chagas; todas as microáreas tem acesso à rede de energia elétrica e à agua encanada, porém com irregularidades na sua distribuição; todo o território-área é marcado por esgoto a céu aberto e descarte irregular do lixo, que é o resultado da precária coleta pela empresa responsável e falta de ligação das casas ao sistema de esgotamento sanitário, já que, em muitos locais, o sistema de saneamento básico existe, mas ainda não há a interligação com a rede, o que pode ocasionar verminoses, arboviroses, zoonoses e doenças infecto-parasitárias. A microárea I sedia a USF e possui muitos monumentos históricos, além de equipamentos sociais como a Academia de Saúde. Na microárea II, foi detectado que um rio que se apresenta extremamente poluído e a população, principalmente a ribeirinha, utiliza diretamente essa água para consumo doméstico ou ainda utiliza poços artesianos, que acabam se contaminando pela água poluída presente nos lençóis freáticos próximos ao rio; também foi detectado uma importante barreira geográfica de acesso a USF, representado por uma escadaria com 144 degraus. Na microárea III, apresenta distância de 7,5 km da USF, o que dificulta o acesso, foi visto que é a área com maior número de crianças e gestantes, diferente da IV que possui o maior número de idosos, melhor nível socioeconômico e fica bem próxima a unidade de saúde. Foi constatado que a microárea V, em especial, apresenta maior desigualdade socioeconômica, uma vez que apresenta casas com ótima infraestrutura, ruas asfaltadas, moradores com melhores condições econômicas, contrapondo-se a casas em precárias condições, ruas de barro e por locais que sediam ponto de prostituição e venda de drogas, além de elitismo e violência. A microárea VI foi mapeada como de risco e alta vulnerabilidade social, onde em alguns locais não há banheiro nas residências, as necessidades fisiológicas são realizadas as margens do rio e, juntamente com a microárea VII, apresentam altos índices de violência, principalmente doméstica, além de serem distantes da USF. Além desses determinantes sociais, foi possível a percepção que em boa parte do território-área visitado, havia pontos de prostituição, venda de drogas, etilismo e violência, tendo esses determinantes gerados principalmente pelas iniquidades sociais, além da dificuldade de acesso a bens e serviços públicos. APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA: Enquanto acadêmicas de medicina e futuras médicas foi possível avaliar o quão engrandecedor foi esta vivência. A partir da experiência foi possível observar os contextos socioeconômicos, ambientais e culturais da população, visto que são extremamente importantes, para determinar e condicionar o processo saúde/doença, além das necessidades de vida e saúde da população. Vê-se também a necessidade de intensificação de atividades educativas, principalmente direcionadas aos grupos vulneráveis e de risco, para a efetivação das políticas de prevenção e promoção à saúde. Por fim, conclui-se que é de suma importância construção de políticas públicas, no que se refere não apenas a saúde, mas também, a infraestrutura, de casas, saneamento básico, esgotos, energia elétrica e acesso à água encanada de forma regular. Essas melhorias contribuirão para a redução das iniquidades sociais existentes e consequentemente a melhoria no panorama de doenças existentes nesse território-área.
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