28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO/CB -17A - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Determinantes ou Determinação Social |
31409 - DESIGUALDADES NA UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM BELO HORIZONTE DEBORAH CARVALHO MALTA - UFMG, ÍSIS ELOAH MACHADO - UFMG, KÁTIA CRESTINE POÇAS - UNB, ELISABETH CARMEN DUARTE - UNB, REGINA TOMIE IVATA BERNAL - USP, ROSÂNGELA DURSO PERILLO - UFMG
Apresentação/Introdução: A população brasileira está envelhecendo e sem o tempo necessário para a adequação das políticas públicas, da rede assistencial e do enriquecimento social, o que exige cada vez mais do sistema de saúde do país. Considerando o panorama sanitário brasileiro, observa-se a existência da tripla carga de doenças onde convivemos ainda com doenças transmissíveis, o aumento das doenças não transmissíveis e a complexidade relacionada à violência. Diante disso é importante conhecer como o usuário dos serviços de saúde compreende o direito à saúde, ao acesso e a organização destes serviços. A busca da mensuração das desigualdades socioeconômicas no acesso é uma importante estratégia de avaliação do desempenho dos sistemas de saúde. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS), foi um grande avanço na ampliação e organização da rede de atenção, entretanto as iniquidades em saúde considerando características como sexo, identidade de gênero, cor da pele e escolaridade ainda estão presentes. Para Travassos e Castro (2008), os sistemas de saúde configuram um dos determinantes das desigualdades sociais nas condições de saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS) constitui-se como elemento chave na garantia da integralidade, da universalidade e da equidade. A APS no SUS é considerada a porta de entrada preferencial no sistema e apresenta atributos como o de organizar o cuidado no primeiro nível de atendimento favorecendo a acessibilidade e utilização do serviço diante da demanda do usuário. Malta el al (2016) ressalta que o aumento da cobertura das equipes de Saúde da Família é fundamental para garantir do vínculo com o usuário com a APS. A utilização do serviço de saúde está determinada à necessidade de saúde do indivíduo ou a suas características demográficas, geográficas, socioeconômicas, culturais, além das características dos prestadores de serviços, do sistema de saúde, financiamento, legislação e regulamentação do sistema. Assim se faz importante compreender como o usuário utiliza os serviços de saúde de um município para que se possa adequar a demanda à oferta, contribuindo assim para a redução das desigualdades no acesso. Diante do exposto realizou-se um estudo que visa refletir como o acesso e a utilização dos serviços de saúde são compreendidos pelos usuários da APS em BH.
Objetivo: Analisar a desigualdade na utilização dos serviços de saúde por meio da percepção dos usuários adultos do SUS e não SUS.
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quantitativa com delineamento transversal, descritivo e exploratório, com dados de um inquérito amostral telefônico de base populacional (VIGITEL) e apresenta dados relativos às condições socioeconômicas e de saúde, e a experiência de utilização dos serviços de saúde por adultos. O estudo foi realizado em BH e as entrevistas telefônicas foram realizadas por uma empresa especializada e ocorreram entre maio e dezembro de 2015. A População do estudo são adultos maiores de 18 anos de idade residentes em domicílios de BH servidos por, pelo menos, uma linha telefônica fixa e que utilizaram algum serviço de saúde nos últimos 12 meses anteriores à entrevista. Após a realização das entrevistas é aplicado um peso final chamado de pós-estratificação, peso este que iguala a composição sociodemográfica estimada para a população de adultos com telefone a partir da amostra VIGITEL à composição sociodemográfica que se estima para a população adulta total da mesma cidade no mesmo ano de realização do levantamento. A variável desfecho foi o tipo de serviço de saúde utilizado (público ou privado) e as variáveis explicativas foram: indicadores comportamentais (inatividade física, consumo de álcool e tabagismo), avaliação de saúde referida (relatar hipertensão e diabetes) e características sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade e cor da pele). Para avaliação das associações entre a utilização dos serviços e as condições de estilo de vida e comorbidades dos usuários foi realizado o teste Qui-quadrado de Pearson. Na análise de dados foi utilizado o software STATA versão 14.0 e considerou o nível de significância de 5,0%. Este estudo foi aprovado pelo CONEP do Ministério da Saúde. Resultados e discussão: Foram entrevistados 2.125 adultos, sendo que destes 1.969 referiram procurar um serviço de saúde quando estão doentes. Na amostra observou-se predominância de mulheres (53,9%), adultos de 40 a 59 anos (32,9%), com baixa escolaridade (32,5%) e cor da pele negra (56,8%). Verificaram-se diferenças significativas quanto a escolaridade, fumantes, obesos, hipertensos e alimentação inadequada (p < 0,001).
Conclusões/Considerações Finais: O estudo reforça a importância do SUS enquanto política de Estado na garantia da equidade na utilização dos serviços. As análises de situação de saúde orientadas pela perspectiva dos determinantes sociais auxiliam na compreensão da utilização dos serviços podendo subsidiar os processos de tomada de decisão da gestão.
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