29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO/CB-17C - GT 17 - Atenção Primaria em Saúde: Desafios para a Promoção da Equidade 1 |
29848 - COMO PREVENIR AS ARBOVIROSES? MARIANA CAMPOS DA ROCHA FEITOSA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, CARL KENDALL - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, LÍGIA REGINA FRANCO SANSIGOLO KERR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANA ZAIRA DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MAYARA PAZ ALBINO DOS SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, KELLY ALVES DE ALMEIDA FURTADO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANA ECILDA LIMA ELLERY - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Introdução:
A dengue, zika vírus e a febre Chikungunya são importantes problemas de Saúde Pública. Para realizar uma intervenção ao problema causado pelas arboviroses, é necessário levar em consideração a percepção e o conhecimento da população visando à efetiva implementação de políticas de prevenção e controle das arboviroses (SANTOS, 2003). Nesse sentido, o presente estudo objetiva analisar a percepção de mulheres em idade fértil acerca da importância da responsabilidade individual e da coletividade, profissionais da saúde e gestores, frente a práticas preventivas de controle das arboviroses.
Metodologia:
Estudo qualitativo realizado no município de Fortaleza/CE. A coleta de dados ocorreu entre Julho de 2017 a Janeiro de 2019, em cinco Unidades Básicas de Saúde da Família com maior incidência de arboviroses. Realizou-se entrevistas semiestruturadas, a partir da questão norteadora: “O que você acha que poderia ser feito para prevenção e controle das arboviroses?”.
As participantes elegíveis atenderam aos seguintes critérios: ter entre 15 e 39 anos, ser sexualmente ativa e não relatar laqueadura, totalizando 53 mulheres. Para a elegibilidade do número final de entrevistadas, considerou o critério de saturação. As entrevistas foram gravadas por meio de registro de áudio, transcritas, submetidos a leituras e releituras a fim de reunir as informações importantes para apreensão, identificação e agrupamento de eixos temáticos. O estudo respeitou a resolução 466/2012, aprovada pelo Comitê de Ética da UFC, por meio do CAAE nº 2.108.291. Não há exposição das entrevistadas de modo que foram utilizadas para a escrita deste artigo nome de rosas.
Resultados:
Corresponsabilidade individual e coletiva na transformação da realidade.
As falas evidenciam a “conscientização” e a “visão de responsabilidade” das mulheres, frente ao desafio de combate as arboviroses, entretanto reconhecem que se não houver participação e corresponsabilidade da comunidade, serão ineficazes no cumprimento de seu papel como transformador da realidade. Percebe-se, também, o processo de “culpabilização”, em que o “problema” é causado pela culpa do outro”, seja vizinho e/ou comunidade, condição esta, que poderá favorecer a proliferação do Aedes aegypti.
“Na minha casa, eu cuido para não ter água parada. Eu faço minha parte, mas se o vizinho não faz, não adianta nada” (Jasmin, 26 anos).
“A gente tem que cuidar bem da casa. Deixar tudo limpinho, não deixar água armazenada. Ai eu tento conversar com os vizinhos, porque não adianta eu cuidar da minha casa e os vizinhos não cuidarem das deles” (Lírio, 34 anos).
Percepção frente ao trabalho dos profissionais da saúde e gestores direcionados na prevenção e controle das arboviroses.
Percebe-se nos relatos a associação que as mulheres fazem da responsabilidade do ACS quanto ao trabalho preventivo das arboviroses, possivelmente por esse profissional ser o vínculo da comunidade à Estratégia Saúde da Família. Ainda, discorrem sobre a corresponsabilidade e parceria entre gestores e população, visando um ambiente limpo e o enfoque na produção de atividades educativas de impacto na tentativa de uma aumentar a visibilidade à problemática.
“O que pode ser feito é uma maior conscientização da população, educação em relação ao lixo, assim como a limpeza da cidade que tanto deve ser uma atitude nossa como do governo.” (Margarida, 29 anos).
“Se eu fosse o secretário de saúde, eu ia conseguir mais agentes comunitários para trabalhar, para irem às casas; ia publicar o tempo todo na televisão, para o pessoal ficar vendo e tomar cuidado” (Lírio, 31 anos).
A partir do momento em que os atores operantes das políticas de saúde desenvolvem suas ações de forma mecânica, sem analisar e avaliar o contexto no qual estão inseridos haverá uma predominância da metáfora sobre a ação. É de suma importância, trabalhar o território, à vigilância em saúde como forma de aproximar o discurso da prática e o contexto da ação, visando à resolução e/ou controle de um problema de saúde pública (BEZERRA, BITOUN; 2017).
Conclusões:
As mulheres reconhecem a importância do trabalho individual e da coletividade na prevenção e controle das arboviroses, ressaltando a importância da prática do ACS, com ações voltadas primordialmente a educação em saúde e visitas domiciliares, buscando ensinar e incentivar atitudes protetivas em relação ao vetor. Recomenda-se a elaboração de ações educativas que despertem o interesse e o envolvimento da comunidade.
Referências:
BEZERRA, Anselmo César Vasconcelos; BITOUN, Jan. Metodologia participativa como instrumento para a territorialização das ações da Vigilância em Saúde Ambiental. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 22, n. 10, p. 3259-3268, Oct. 2017 .
Santos SL. Avaliação das ações de controle da dengue: aspectos críticos e percepção da população. Estudo de caso em um município do Nordeste. Dissertação (Mestrado) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães da Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2003.
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