30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-17A - GT 17 - Gêero,Iiniquidades e Saúde Mental |
29867 - REDE DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: UM PERCURSO CARTOGRÁFICO ALEXANDRE COUTINHO DE MELO - UEMG, LUIZA ANDRADE PEREIRA FERRER SILVA - UEMG, CAMILA SOUZA DE ALMEIDA - UEMG, BIANCA DE FREITAS MORAES - UEMG, VANESSA AYRES TIBIRIÇÁ - UEMG
Introdução: A Reforma Psiquiátrica Brasileira é recente e ainda perpassada por conceitos manicomiais e volúvel, dependente da ideologia de quem governa o país, além de interesses econômicos, o que muitas vezes dificulta o cuidado integral dos indivíduos, levando-os a procurarem redes alternativas de suporte e cuidado. Essas redes alternativas se misturam com as formais, criando um percurso único para cada usuário, sendo um desafio para os gestores e profissionais da área conseguirem unir os elos e encontrar os erros e acertos de cada. Objetivo: Cartografar a Rede de Cuidado em Saúde Mental de um município de médio porte do estado de Minas Gerais. Metodologia: O método empregado foi qualitativo, tendo sido utilizada a cartografia como percurso teórico e metodológico. O estudo ocorreu no ano de 2018, em uma cidade do Centro-Oeste mineiro, com uma população de 230 mil habitantes, sendo essencialmente urbana. Para percorrer a rede de cuidado foi escolhida, juntamente com a equipe de saúde mental da cidade, uma usuária guia. Essa era usuária do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) da cidade. Com base em seu percurso pela rede de cuidados foi possível traçar sua rede formal e a informal, apontando suas falhas e acertos. Para essa condução e percurso, as ligações mais fortes com a usuária foram entrevistadas e observadas, iniciando pelo CAPS III e sua equipe de referência, com essas entrevistas foi possível perceber o elo da pesquisada com o Centros de Referência de Assistência social (CRAS). Nesse local foi realizada o contato inicial com a usuária e seu parceiro. Outros pontos da rede foram acionados e visitados como a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, os vizinhos e familiares dela, além do uso da observação de campo, sendo que o bairro em que a usuária morava foi visitado. A pesquisa foi conduzida por uma enfermeira, cuja área de atuação é na saúde mental e por dois alunos de graduação, um do curso de enfermagem e outro da psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais. Resultados: Como resultados percebe-se uma falta de articulação da rede de saúde na cidade, mas ao mesmo tempo algumas dessas instituições de forma isoladas realizam um bom acompanhamento e acolhimento dos usuários. Na cidade existem pontos inexistentes que comporiam a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e que seriam importantes para o cuidado, como consultórios de rua e centro de convivência. A maior demanda em termos de cuidado em saúde mental se concentra no CAPS III e da assistência social nos CRAS. O matriciamento em saúde mental e o cuidado conjunto entre Atenção Primária em Saúde (APS) e Saúde mental ainda é insuficiente, o que acarreta uma dificuldade em termos de cuidado integral aos usuários. Para suprir as falhas na rede formal, os usuários traçam caminhos paralelos, contanto principalmente com sua rede social, entre eles amigos, familiares e instituições, como igreja e escola. Mas mesmo na rede informal existem obstáculos, principalmente para usuários como a que guiou o presente estudo, pois sua rede é marcada por paradigmas sociais relativos a ela ser mulher, negra e portadora de sofrimento mental, o que dificuldade principalmente nas relações sociais, pois a julgam como incapaz de gerir sua vida e a das filhas. Apesar das falhas na RAPS essa ainda é a que proporciona maior acolhimento a essa usuária. Sendo necessário um fortalecimento entre APS e CAPS, para melhorar o acompanhamento dos indivíduos, pois cartografou-se que a UBS de referência da usuária não fazia seu acompanhamento ou conhecia suas demandas. Considerações Finais: Concluiu-se que as redes formais de cuidado apesar de desarticuladas conseguem manter vínculo com a usuária, mas os estigmas dificultam sua articulação social e a criação de uma rede de cuidado integral.
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