28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO/CB-17B - GT 17 - Habitos, Comportamentos em Saúde: Um Reflexo das Iniquidades? |
31120 - PREVALÊNCIA DE OBESIDADE EM POPULAÇÃO RURAL: ESTUDO TRANSVERSAL DE BASE POPULACIONAL, BRASIL 2013. DRIELLY STÉFANY QUEIROZ SILVA - UFMG, MARIA LUIZA MOREIRA DE SOUZA - UFMG, MARIA ALICE SOUZA VIEIRA - UFMG, GUSTAVO VELASQUEZ-MELENDEZ - UFMG
INTRODUÇÃO: A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excessivo acúmulo de tecido adiposo no organismo, sendo também um importante fator de risco para várias doenças, tais como: doenças cardiovasculares, câncer e diabetes. A prevalência de obesidade vem aumentando consideravelmente nos últimos anos em muitos países. O perfil da obesidade na população rural brasileira foi descrito pela Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2008-2009, que revelou uma prevalência de obesidade em homens de 8,8% e em mulheres de 17%. Recentemente com dados dos sistemas de vigilância em todas as capitais do Brasil, a prevalência de obesidade no ano de 2006 era 11,8% e em 2016 de 18,6%, o que demonstra um aumento de 58% nos últimos dez anos. Recentes pesquisas mundiais indicam que mudanças nos padrões de estilos de vida e economia das populações rurais seria um dos determinantes do aumento da obesidade global. Atualmente em nível nacional há poucos estudos que estimam a prevalência da obesidade na zona rural e seus determinantes sociais. OBJETIVO: Estimar a prevalência de obesidade na população rural do Brasil usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde – PNS 2013. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal de base populacional com dados da PNS, obtidos a partir de entrevistas, medidas antropométricas e laboratoriais da população brasileira. A obesidade foi definida como IMC ≥ 30 kg/m². Foi estimada a prevalência e intervalos de confiança de 95% (IC95%) da obesidade total e por variáveis sociodemográficas na zona rural do Brasil. RESULTADOS: A prevalência de obesidade na zona rural do Brasil, em 2013 foi de 16% (IC95% 14,9 - 17,5). sendo a prevalência no sexo feminino de 22% (IC95% 19,9 - 23,8), e do sexo masculino 11% (IC95% 9,5 - 12,6). Observamos uma distribuição crescente da prevalência de obesidade, com o aumento da idade, até os 64 anos. No sexo feminino, observa-se que nas faixas etárias de “45 a 54” e “55 a 64” encontram-se as maiores prevalências, com valores de 29% e 31% respectivamente. No sexo masculino, observamos o mesmo padrão de faixas etárias, sendo mais atingidas as faixas de “45 a 54 anos” e “55 a 64 anos”, com prevalência de 13% e 15%, respectivamente. No grupo da população autodeclarada como negra a prevalência foi de 19% (IC 15,8 - 23,5). Segundo a escolaridade, a prevalência de obesidade difere entre os sexos, sendo que, nos homens, a maior prevalência foi encontrada no ensino médio e superior, 16% e 21%, respectivamente e, no sexo feminino, as maiores prevalências foram encontradas nos níveis sem escolaridade e ensino fundamental, 23% e 24%, respectivamente. DISCUSSÃO: Neste estudo observa-se a maior prevalência de obesidade no sexo feminino (22%) quando comparada ao sexo masculino (11%). O trabalho na área rural, que demanda maior esforço físico em decorrência da lavoura e criações e é realizada principalmente pelos homens, pode explicar a menor prevalência de obesidade neste grupo. Foi mostrado que a ocorrência da obesidade está associada ao aumento da idade - aspectos provavelmente associados a perda progressiva de massa magra, relaxamento da musculatura abdominal e propensão ao aumento da gordura corpórea. Prevalências menores foram observadas em grupos com nível de escolaridade alta no sexo feminino, porém, essa relação não foi mostrada no sexo masculino. O grupo que se autodeclarou como de cor preta apresentou a maior prevalência de obesidade. Estudos anteriores também evidenciam esse achado, mostrarando prevalências de obesidade nesse grupo 19% maior que outras autodeclarações de cor de pele. CONCLUSÃO: Este estudo demonstrou que prevalência da obesidade na área rural brasileira está próxima àquelas descritas para área urbana. Ser do sexo feminino, idade a partir dos 45 anos, não possuir instrução ou ensino fundamental incompleto, raça/cor preta, são fatores que potencialmente contribuem para o desenvolvimento da obesidade. Tendo em vista os resultados encontrados sugere-se a maior ênfase e implementação políticas públicas visando diminuir a prevalência de obesidade na população de zona rural, com enfoque na população mais vulnerável.
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