28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO/CB-17B - GT 17 - Habitos, Comportamentos em Saúde: Um Reflexo das Iniquidades? |
31278 - INIQUIDADES SOCIAIS - PREVALÊNCIA E CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADULTOS NO BRASIL: ESTUDO DE BASE POPULACIONAL. MARIA LUIZA MOREIRA DE SOUZA - UFMG, DRIELLY STÉFANY QUEIROZ SILVA - UFMG, MARIA ALICE SOUZA - UFMG, MARIANA SANTOS FELISBINO MENDES - UFMG, GUSTAVO VELASQUEZ-MELENDEZ - UFMG
INTRODUÇÃO: A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível de grande importância clínica e epidemiológica em nível mundial e um dos principais fatores responsáveis pela carga global de doenças cardiovasculares. Níveis de pressão arterial sistólica ≥140 mmHg e diastólica ≥ 90 mmHg caracterizam o diagnóstico de HAS. Seu diagnóstico e controle adequado é dificultado por ser uma doença assintomática, o que pode levar ao sub diagnóstico e à falha na adesão ao tratamento. Assim, necessita-se de estudos de abrangência nacional que estimem um contingente populacional que possui a doença sem diagnóstico e sem controle. OBJETIVO: Estimar a prevalência de HAS controlada, não controlada e não diagnosticada na população brasileira de acordo com variáveis sociodemográficas. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), inquérito domiciliar de base populacional, representativo por todas as regiões do país, realizado no ano de 2013 com adultos maiores de 18 anos. A prevalências de HAS foram estimadas a partir da HAS autorreferida (já possui o diagnóstico de HAS) e valores aferidos por meio de esfigmomanômetro (PA ≥ 140/90 mmHg "sim" PA < 140/90 "não"). Com isso, foi definida HAS controlada quando: HAS autorreferida “sim” e HAS aferida “não”, HAS não controlada quando: HAS autorreferida “sim” e HAS aferida “sim”; HAS não diagnosticada quando: HAS autorreferida “não” e HAS aferida “sim”. Foram calculadas as respectivas prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC 95%). RESULTADOS: A prevalência de HAS autorreferida foi de 22% (IC95% 21,42 - 22,71) e HAS aferida de 24% (IC95% 22,88 - 24,21). A prevalência de HAS total foi de 36%, distribuída em HAS controlada 12% (IC95% 11,5 - 12,4), não controlada, 10% (IC95% 9,6 - 10,6) e de HAS não diagnosticada, 14% (IC95% 13,2 - 14,2). A HAS controlada é mais prevalente no sexo feminino, 14% (IC95% 13,32 - 14,61), comparada com 10% (IC95% 9,0 - 10,33) no sexo masculino. Há menor prevalência de HAS não diagnosticada 11% (IC95% 10,54 - 11,66) nas mulheres em relação aos homens, 17% (IC95% 15,89 - 17,64). A prevalência de HAS por idade foi de 22% no grupo de 18 a 49 e de 61% no grupo de 50 anos ou mais. Entre os mais velhos existe uma alta prevalência de HAS não controlada 21% (IC95% 19,56 - 21,74) e de HAS não diagnosticada, 17% (IC95% 16,37 - 18,38). Entre os mais novos, observa-se alta prevalência de HAS ainda não diagnosticada, 12% (IC95% 11,2 - 12,35) em relação às outras categorias da variável HAS. Na variável escolaridade, a maior prevalência de HAS foi encontrada na categoria sem instrução – 49%, sendo que apenas 16% (IC95% 15,57 - 17,26) encontram-se controlados, 16% (IC95% 14,97 - 16,74) não controlados e 17% (IC95% 15,64 - 17,45) não diagnosticados.As regiões do país com maior prevalência de HAS são sul e sudeste, ambas com 38%. Destaca-se em todas as regiões alta prevalência de HAS não diagnosticada - 15% (IC95% 13,76 - 15,64) na região sudeste, 13% (IC95% 11,52 - 13,46) na região centro oeste, 10% (IC95% 9,06 - 11,16) na região norte, 13% (IC95% 12,21 - 13,8) na região nordeste e 15% (IC95% 13,27 - 15,84) na região sul do país. Em relação a HAS não controlada, as menores prevalências foram encontradas nas regiões norte, 6% (IC95% 5,43 - 7,0), e centro oeste do país, 9% (IC95% 7,83 - 9,62). DISCUSSÃO: A maior prevalência de HAS encontrada entre mulheres pode associar-se a maior demanda de serviço de saúde e adesão ao tratamento, contribuindo também para maior prevalência de HAS não diagnosticada nos homens. A aterosclerose pode explicar a maior prevalência de HAS observada em indivíduos >de 50 anos. No grupo de baixa escolaridade foi observada a alta prevalência de HAS por desconhecimento ou baixa adesão ao tratamento. Altas prevalências de HAS na região sul e sudeste, ambas 38%, podem ser explicadas por viés de sobrevivência ou diferenças na estrutura etária dessas regiões. As altas prevalências de HAS geral não controlada pode relacionar-se à prescrição de mais de um medicamento e a complexidade do tratamento, pois a faixa etária com maior prevalência de HAS possui multi comorbidades e utiliza outras medicações. Como limitação deve ser reconhecida a falta de informação precisa sobre o tipo de medicamento que os pacientes usaram quando prescritos.CONCLUSÃO: A prevalência de participantes com HAS controlada é menor do que a prevalência dos não diagnosticados. Esses dados evidenciam desempenhos abaixo do esperado no diagnóstico e controle da HAS, que é uma doença relativamente de simples diagnóstico e tratamento. Esses resultados devem ser analisadas com cautela, pois medidas casuais de pressão arterial e diagnóstico autorreferido podem não representar diagnósticos reais de HAS, porém o estudo apresenta representatividade nacional.
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