28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO/CB-17B - GT 17 - Habitos, Comportamentos em Saúde: Um Reflexo das Iniquidades? |
31391 - IMPLEMENTAÇÃO DA VIGILÂNCIA PARTICIPATIVA NA ESCOLA: O PROTAGONISMO DO ESTUDANTE NA VIGILÂNCIA DE CASOS DE DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA IZAUTINA VASCONCELOS DE SOUSA - UECE, KELLYANNE ABREU SILVA - UECE, RENATA BORGES DE VASCONCELOS - UECE, HÉLIDA MELO CONRADO FERNANDES - UECE, FRANCISCA CLAUDINA FERNANDES ALVES BALACÓ - UECE, LYVIA PATRÍCIA SOARES MESQUITA - UECE, ANA BEATRIZ SOUZA MARTINS - UFC, ANDREA CAPRARA - UECE
CONTEXTUALIZAÇÃO: As arboviroses consistem em um importante problema de saúde pública a nível mundial. O espaço escolar é considerado um ambiente propício para se trabalhar a prevenção e controle das arboviroses com enfoque na educação em saúde por juntar um coletivo de pessoas diariamente para o desenvolvimento educacional. O elo escola-comunidade-serviço de saúde se torna importante ferramenta para o enfrentamento às ameaças representadas por doenças infecciosas como as arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti. O conhecimento para ação e participação da comunidade, propostos pela abordagem Eco-Bio-Social, trabalham estratégias efetivas e sustentáveis na prevenção e controle do Aedes aegypti. Acredita-se que a proposta de uma intervenção no ambiente escolar unindo pesquisadores à comunidade escolar, em ações de vigilância participativa possa ampliar os atores em ação e a rede de comunicação em contextos suscetíveis a epidemias.
PERÍODO: Abril a junho de 2019 (em andamento).
DESCRIÇÃO: relato de experiência de uma pesquisa participativa, realizada em Fortaleza-Ceará, como subprojeto de um ensaio-clínico financiado pelo International Development Research Centre (IDRC) em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (UECE), segmentos do governo e sociedade, sendo realizada concomitantemente na Colômbia e México, iniciado em 2017 e término em 2020. A experiência ocorre áreas definidas para intervenção em dois bairros da cidade, há duas áreas controle em outros dois bairros. As áreas são consideradas críticas com elevado índice de casos de arboviroses. Participam desse estudo, alunos de três escolas da rede pública e uma da particular. O critério de seleção para participarem foi ser voluntário, morar na área do estudo e cursar o ensino fundamental II (6º ao 9º ano). Inicialmente foi realizado a identificação das escolas nas áreas de intervenção, posteriormente foi apresentado a proposta ao núcleo gestor escolar, professores, pais dos alunos e aos alunos.
OBJETIVO: Descrever a experiência de implementação da vigilância participativa de casos de Dengue (DENV), Chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV) dos espaços escolares para a comunidade.
RESULTADOS: Participam da vigilância de casos 24 alunos das quatro escolas com faixa etária de 11 a 14 anos, pertencentes as áreas de intervenção do estudo. Os alunos selecionados participaram de dois minicursos. No primeiro, foi bordado o ciclo do mosquito, criadouros e produção do adoecimento articulado com abordagem Eco-Bio-Social. No segundo minicurso, abordou-se a temática sobre definição de caso de DENV, CHIKV e ZIKV a partir do referencial teórico do Ministério da Saúde e o fluxo das notificações realizadas pelos alunos. Um informante-chave nomeado pela equipe de pesquisa passa diariamente nas salas de aulas coletando informações dos alunos os sobre casos suspeitos de DENV, CHIKV e ZIKV no seu domicílio e/ou vizinhança. A informação do professor sobre a ausência do discente na escola pertencente ao projeto foi seguida de uma chamada telefônica para os pais, a intenção é conhecer o motivo da ausência, se a causa for adoecimento o aluno é visitado para análise de suspeição de arbovirose. Todos os casos suspeitos informados recebem uma visita domiciliar por uma enfermeira que preenche um formulário com informações clínicas de confirmação ou descarte da suspeita, aciona o bloqueio entomológico da rotina de controle de vetores que atua um raio de 50m em torno da residência do caso suspeito, e encaminha para unidade básica de saúde como espaço da notificação compulsória e condução do caso. Na visita dispensa-se orientações sobre os cuidados com o ambiente e com as pessoas doentes. No caso da pessoa doente ter atendimento na rede privada, a notificação passava para responsabilidade da gestão de vigilância epidemiológica e seguimento pelo agente comunitário de saúde. No período foram informados 15 casos suspeitos, quatro casos foram confirmados pelo critério clínico-epidemiológico.
APRENDIZAGEM: A participação da comunidade escolar na vigilância de casos contribui para o fortalecimento das estratégias e ações de prevenção e controle dos surtos e epidemias ocasionados por essas doenças. A atividade de vigilância entomológica associada à vigilância de casos amplia o efeito da intervenção e aproxima a pesquisa do resultado esperado que é a redução do vetor Aedes aegypti e da ocorrência de casos.
ANÁLISE CRÍTICA: A vigilância de casos no Brasil é exercida de forma institucional por serviços e profissionais de saúde, a comunidade geralmente é representada pelo caso que acessa o serviço ou que é identificado por um profissional da rede de atenção à saúde. A inserção da comunidade como estratégia de acionamento das ações de vigilância é inovadora e a torna parte ativa no processo que pode ter os casos identificados de forma precoce e produzir uma resposta ágil que impeça um surto ou epidemia em uma comunidade.
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