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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17B - GT 17 - Habitos, Comportamentos em Saúde: Um Reflexo das Iniquidades?

31509 - USO DE ÁLCOOL E GRAVIDADE DE LESÕES POR ACIDENTES NOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CAPITAIS BRASILEIRAS
FABIANA MARTINS DIAS DE ANDRADE - UFMG, ÍSIS ELOAH MACHADO - UFMG


Introdução: Os acidentes são responsáveis por perdas sociais e econômicas para indivíduos, sociedade e setor saúde, especialmente em países em desenvolvimento (WHO, 2018). Essas perdas são decorrentes das inúmeras consequências produzidas, como redução da produtividade, lesões e sequelas, em sua maioria irreversíveis, além do elevado número de óbitos que poderiam ser evitados (RIBEIRO et al., 2016). O consumo de álcool é responsável envolvimento em acidentes e ampliar a gravidade das lesões (DAMACENA et al., 2016; WHO, 2018). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que mais de 3 milhões de pessoas morreram devido ao uso nocivo de álcool, e os acidentes foram responsáveis por 4,9 milhões de mortes (WHO, 2018). No Brasil, as causas externas correspondem à terceira principal causa de morte (BRASIL, 2016). Os acidentes associados ao consumo de álcool tem aumentado em todo o mundo, justificando a necessidade de estudos que analisem a relação entre o consumo de álcool e gravidade das lesões nas vítimas de acidentes. Objetivo: Analisar a contribuição do uso de álcool na gravidade das ocorrências de acidentes atendidos nos serviços de emergência no Brasil e sua relação com os fatores sociodemográficos. Métodos: Estudo transversal com dados do inquérito Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA), incluindo as 23 capitais e o Distrito Federal. Em 2017, o VIVA Inquérito usou uma amostragem por conglomerado em um estágio, onde a unidade primária de amostragem foi o turno de 12 horas. A coleta de dados foi realizada por profissionais de saúde por meio de entrevistas e prontuários médicos com auxílio de questionário padronizado, no período de setembro a dezembro de 2017. As entrevistas foram conduzidas com os pacientes ou, com o acompanhante. Para este estudo foram utilizados apenas os dados referente a acidentes, sendo a gravidade da lesão determinada pela evolução do paciente nas primeiras 24 horas após entrada no serviço. Foram consideradas lesões leves quando o paciente recebia alta (com ou sem encaminhamento para serviço ambulatorial); e aqueles que foram internados ou que foram a óbito foram considerados lesões graves. O consumo de álcool foi autorrelatado, e considerado quando o paciente respondeu sim à questão: “Você ingeriu bebida alcoólica nas seis horas anteriores à ocorrência?”. As variáveis sociodemograficas estudadas foram: sexo: feminino e masculino; idade: 10 a 19 anos; 20 a 39 anos; 40 a 59 anos; 60 e mais; e escolaridade: analfabeto, fundamental, médio e superior. Foi realizada análise descritiva, e em seguida, foi construído um modelo de regressão logística para avaliar a associação do consumo de álcool nas seis horas antes da ocorrência com a gravidade da lesão, ajustadas pelas variáveis sociodemográficas, sendo apresentadas as Odds Ratio (OR) não ajustadas e ajustadas e seus respectivos IC95% para cada variável Resultados e discussão: O VIVA Inquérito (2017) registrou um total de 33.589 atendimentos por acidentes nos hospitais de emergência de 24 capitais e do Distrito Federal, sendo 62,9% homens, 45,1% jovens (20 a 39 anos) e 44,2% com ensino fundamental. Quanto à ingestão de bebida maior proporção de consumo de álcool autorrelatado foi entre os homens, os mais jovens (20 a 39 anos) e os analfabetos, sendo 10,4% e 9,1%, respectivamente. Com relação a gravidade da lesão, 18,3% (IC95%: 17,1-19,6) dos acidentes em homens e 13,4% (IC95%: 12,2-14,7) entre mulheres foram considerados graves. A gravidade dos acidentes foi mais elevada entre os idosos e os analfabetos. Após o ajuste pelas variáveis sociodemográficas, o sexo masculino apresentou 1,5 vezes mais chance de sofrer lesão grave em relação ao sexo feminino. Os idosos, apresentaram 1,8 vezes mais chance dos que os adolescentes. E os analfabetos 2,4 vezes mais chance do que os pacientes com escolaridade alta. A gravidade da lesão entre os que consumiram álcool foi 1,9 vezes a chance dos pacientes que não relataram consumo de álcool. O consumo de bebidas alcoólicas é um comportamento aceito na sociedade e incentivado na maioria das culturas e povos, sendo associado às festividades, porém, como apontado neste estudo e em outros estudos de base populacional ele contribui para aumentar as desigualdades sociais devido os problemas relacionados a sua utilização (MASCARENHAS et al., 2016; DAMACENA et al., 2016; MACHADO et al., 2017). Conclusão: O estudo aponta diferenças significativas entre sexo, idade e escolaridade dos pacientes atendidos nas emergências do país. O uso de álcool é socialmente aceito, porém reflete negativamente na gravidade dos acidentes. Portanto, é essencial estudos que analisam a relação entre o consumo de álcool, acidentes e fatores sociodemográficos, permitindo organização das ações para o enfrentamento desse grave problema da saúde pública, e enfatiza a necessidade da ampliação das ações interdisciplinares com foco nos homens, idosos e com baixa escolaridade.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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