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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17D - GT 17 - Saude, Adoecimento e Morte de Mulheres e Crianças

29908 - DESIGUALDADE NA SOBREVIDA DE MULHERES COM CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: ANÁLISE DAS MACRORREGIÕES DE MINAS GERAIS NO PERÍODO DE 2002 A 2015
NATHÁLIA PACÍFICO DE CARVALHO - UFMG, GIULIANA ELENA SARAGIOTTO - UFMG, FLÁVIA BULEGON PILECCO - UFMG, MARIÂNGELA LEAL CHERCHIGLIA - UFMG


Introdução
Desigualdades evitáveis marcam a epidemiologia do câncer do colo do útero (CCU) nas diferentes localidades geográficas. Mais de 85% dos óbitos causados pela doença ocorrem em países de baixa e média renda, onde o acesso às medidas de prevenção e ao tratamento para estádios avançados ainda é limitado (BRAY et al., 2018; FERLAY et al., 2018). Tem-se observado desigualdades nas taxas de mortalidade também entre as regiões do Brasil (INCA, 2017) e de Minas Gerais (SES/MG, 2018), onde a atenção à saúde é regionalizada e organizada em treze macrorregiões. As notáveis disparidades entre as regiões do território mineiro ainda refletem nas macrorregiões de saúde, havendo concentração de serviços, equipamentos e recursos humanos especializados (MALACHIAS; LELES; PINTO, 2010), o que pode repercutir nos desfechos de saúde mais diversos.

Objetivos
O presente estudo avaliou a relação entre macrorregião de residência e a sobrevida de pacientes com câncer do colo do útero que receberam tratamento oncológico em Minas Gerais entre 2002 e 2015.

Metodologia
Estudo observacional, prospectivo não-concorrente, com dados oriundos da Base Nacional em Oncologia, desenvolvida por técnica de pareamento determinístico-probabilístico de sistemas de informação ambulatorial, hospitalar e de mortalidade do SUS (PEREIRA et al, 2016). Incluiu mulheres com mais de 18 anos com CCU invasivo, residentes de Minas Gerais e em tratamento no SUS entre 2002 e 2015. O tempo de sobrevida foi calculado como o intervalo de tempo entre o primeiro procedimento oncológico e o desfecho (óbito ou censura). A principal variável explicativa do estudo é a macrorregião de residência. Outras variáveis descritas foram: idade (no início do primeiro tratamento), estadiamento do tumor, perfil do tratamento e correspondência entre macrorregião de residência e macrorregião onde foi realizado o primeiro tratamento. A distribuição e dispersão da variável quantitativa (idade) entre as macrorregiões foram apresentadas por meio de mediana e intervalo interquartílico (IIQ), respectivamente, e comparadas pelo teste de Kruskall-Wallis. Frequências absolutas e relativas foram utilizadas para descrição das variáveis categóricas, que foram comparadas por meio do teste de qui-quadrado de Pearson. A avaliação da relação entre macrorregião de residência e sobrevida foi realizada empregando-se o método de Kaplan-Meier (estimação das probabilidades de sobrevida em cada grupo) e o teste de log-rank para comparação das curvas de sobrevida. Foi adotado um nível de significância de 5%.

Resultados e discussão
O estudo incluiu 15.059 participantes. A idade mediana foi de 47,0 anos, diferindo significativamente entre as macrorregiões. A macrorregião Noroeste apresentou a menor mediana (43,0), enquanto a Nordeste teve a maior (49,0). Com relação ao estadiamento ao diagnóstico, verificou-se que 22,8% das participantes foi diagnosticada em estádios avançados (III e IV). Esse percentual foi maior na macrorregião Nordeste (44,3%) e menor na Noroeste (6,6%), sendo a diferença entre as treze macrorregiões estatisticamente significativa. O perfil de tratamento das participantes do estudo também diferiu significativamente de acordo com a macrorregião de residência. Quase 60% realizou apenas cirurgia oncológica, conduta relacionada ao tratamento de estádios precoces do CCU. A maioria das participantes (89,6%) iniciou o tratamento na mesma macrorregião em que residia. No entanto, o percentual de mulheres que saíram de sua macrorregião para receber tratamento variou significativamente de acordo com a macrorregião de residência. Observa-se que na Centro, Norte, Sudeste, Sul e Triângulo do Sul, mais de 98% das mulheres iniciaram o tratamento na mesma macrorregião que residiam. Já nas macrorregiões Nordeste e Jequitinhonha, esse percentual foi inferior a 26%. A sobrevida global em cinco anos no estudo foi de 80,6% (IC95%: 80,0-81,3). Entre as macrorregiões, essa sobrevida variou de 72,5% (IC95%: 68,3-77,0) na Nordeste a 92,0% (IC95%: 90,1-93,9) na Noroeste, sendo significativa a diferença observada entre elas.

Considerações finais
Os resultados sugerem a existência de desigualdades entre as macrorregiões de saúde de Minas Gerais com relação à sobrevivência de mulheres com câncer do colo do útero. Tais desigualdades podem refletir tanto aspectos geográficos, sociais e econômicos das macrorregiões, quanto aspectos relacionados à assistência à saúde e à organização das redes de atenção em saúde. Análises multivariadas poderão elucidar fatores que explicam essas desigualdades, evidenciando mecanismos que levam a uma menor sobrevida em algumas macrorregiões e apontando as oportunidades de intervenções para melhoria desse desfecho.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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