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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17D - GT 17 - Saude, Adoecimento e Morte de Mulheres e Crianças

30795 - INIQUIDADES EM SAÚDE ASSOCIADAS AO ALEITAMENTO MATERNO EM CRIANÇAS MENORES DE SEIS MESES DE IDADE NA AMÉRICA LATINA
MARIA ALICE SOUZA VIEIRA - UFMG, HANRIETI ROTELLI TEMPONI - UFMG, MAÍRA BARROS LOURO - UFMG, THALES PHILIPE RODRIGUES DA SILVA - UFMG, FERNANDA PENIDO MATOZINHOS - UFMG, GUSTAVO VELASQUEZ-MELENDEZ - UFMG


INTRODUÇÃO: O aleitamento materno é uma das principais intervenções para a redução da mortalidade neonatal e infantil, podendo evitar 13,8% de todas as mortes anuais em crianças menores de 2 anos. Apesar dos inúmeros benefícios a curto e longo prazo para a saúde materna e infantil, a prevalência de aleitamento na América Latina é inferior à recomendada pela Organização Mundial de Saúde de no mínimo 6 meses. Observa-se, diante disso, que a presença de iniquidades sociais podem influenciar nas prevalências e na duração da amamentação. OBJETIVO: Analisar a associação entre as desigualdades socioeconômicas e obstétricas e o aleitamento materno em crianças de até cinco anos de idade no Brasil, Bolívia, Colômbia e Peru. METODOLOGIA: Estudo transversal, realizado com dados dos inquéritos demográficos - Demographic and Health Surveys - no Brasil (2006), Colômbia (2010), Peru (2012) e Bolívia (2008). As populações foram constituídas por mulheres de 15 a 49 anos que tinham filhos menores de 5 anos. A variável desfecho, categórica, foi construída a partir da variável contínua referente ao tempo de amamentação. Considerou-se 0 (categoria de referência) quando a mãe amamentou por tempo maior ou igual a seis meses e 1 quando amamentou por menos de seis meses. Para estimar os fatores associados ao tempo de amamentação utilizou-se modelos de regressão logística hierarquizada para estimar a Odds Ratio (OR) nos países estudados: Nível 1 - condições socioeconômicas e demográficas das mães; Nível 2 - Atenção pré-natal e condições do nascimento; Nível 3 - características maternas. Para verificar a qualidade do ajuste do modelo final de cada país utilizou-se o teste de Hosmer-Lemeshow. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O tempo médio de amamentação mais alto foi encontrado no Peru, 15 meses, seguido pela Bolívia, 14 meses, e Colômbia, 12 meses. O Brasil foi o país que apresentou a menor média, 9 meses. No modelo final das possíveis iniquidades em relação ao tempo de amamentação, no Brasil, após os ajustes pelos níveis hierárquicos, permaneceu no modelo apenas a idade materna, em que mulheres com idade < 25 anos apresentaram maior chance de amamentarem por menos de seis meses. Na Bolívia, após ajustes, mulheres com nenhuma escolaridade ou apenas ensino fundamental e que trabalhavam além das atividades domésticas tiveram menor chance de amamentar menos tempo. Em contrapartida, mulheres com < 25 anos e que tiveram cesariana tiveram maior chance de amamentar por menos de 6 meses. Na Colômbia, após ajustes, a chance de amamentar menos de seis meses aumentou entre as mulheres com < 25 anos, que tiveram cesariana e cujas crianças tiveram peso ao nascer menor que 2.500 gramas. Pertencer ao tercil mais baixo de riqueza diminuiu a chance de aleitamento menor que seis meses em relação a quem pertencia ao tercil mais alto. Da mesma forma, pertencer ao tercil intermediário de riqueza também diminuiu a chance de amamentar menos tempo. Mulheres com nenhuma escolaridade ou ensino fundamental e mulheres que trabalhavam além das atividades domésticas também apresentaram menor chance de amamentar por menos tempo. No Peru, ter nenhuma escolaridade ou ensino fundamental e que trabalho materno além das atividades domésticas diminuíram a chance de amamentar menos de seis meses. Mulheres com < 25 anos, que iniciaram o pré-natal tardiamente e tiveram cesariana aumentaram a chance de amamentar por menos de seis meses. Nos quatro países estudados, mais de 50% das mulheres amamentaram acima de seis meses idade, exclusivo ou não, porém, apresentaram descontinuidade próximo a um ano de idade da criança, sendo que a OMS recomenda o aleitamento materno complementado continuado até os dois anos ou mais de idade. Nota-se que países com maior desenvolvimento econômico apresentam menores prevalências de aleitamento materno e o planejamento do tempo de licença maternidade parece influenciar na escolha da mãe sobre a continuidade da amamentação. Apesar do preconizado de seis consultas mínimas pré natal, a adesão é baixa e o início tardio, podendo indicar menor autocuidado com a saúde e baixo acesso a fontes de informação. Sendo assim, a idade precoce de exposição dessas mulheres à orientação de forma mais intensiva sobre a saúde, a importância e os benefícios da amamentação pode auxiliar na escolha e no tempo de aleitamento materno. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mulheres com idade < 25 anos, que iniciaram o pré-natal tardiamente, que tiveram como via de nascimento a cesariana e cujos filhos nasceram com menos de 2.500 gramas possuem maior chance de amamentarem por menos de seis meses. A existência de iniquidades socioeconômicas e obstétricas pode interferir no tempo de amamentação, levando a iniquidades em saúde. Portanto, mulheres mais vulneráveis necessitam de cuidados e assistência diferenciados para receber a assistência com igualdade à de outras mulheres, visando à garantia da assistência em saúde.

local do evento

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