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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17D - GT 17 - Saude, Adoecimento e Morte de Mulheres e Crianças

31608 - MORTE MATERNA: ANÁLISE DA TRAJETÓRIA ASSISTÊNCIAL
MARIA REJANE FERREIRA DA SILVA - FIOCRUZ/PE, THÁLIA VELHO BARRETO DE ARAÚJO - UFPE, THAYSA MONTEIRO SOBREIRA - UPE, GIOVANNA KATHARINE GUEIROS GUEDES - UPE


A mortalidade materna é um problema de saúde pública mundial e uma prioridade global. É um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o desenvolvimento no período de 2016 a 2030. A morte materna é um evento de grande magnitude, trazendo consequências às famílias, aos governos e à sociedade. É uma iniquidade social, por ser considerada evitável em 92% dos casos e por ocorrer, na sua quase totalidade, em mulheres e pobres. Diante disso, para uma adequada compreensão desse problema e com o objetivo de prevenir a ocorrência do óbito materno é necessário conhecer as circunstâncias em que essa morte ocorreu, a trajetória assistencial, o elo de ligação entre os serviços de saúde. Esse estudo buscou descrever a trajetória assistencial para mulheres que morreram por causas obstétricas na Macrorregião de Saúde 2 de Pernambuco. Para tanto, foi realizado um estudo com abordagem qualitativa por meio de estudo de casos de óbitos obstétricos diretos (dois), evitáveis, ocorridos em 2018. Para isso, foram selecionados dois óbitos que ocorreram logo após o início da pesquisa, para evitar viés de memória dos profissionais que prestaram assistência. As mulheres eram residentes de municípios que fazem parte da Macrorregião 2 de Saúde de Pernambuco que está localizada no Agreste do estado. Fazem parte dessa Macrorregião 53 municípios. As trajetórias assistenciais foram reconstituídas a partir de entrevistas semiestruturadas com pessoa da família que estiveram próximas das mulheres no momento da complicação obstétrica até o óbito, com profissionais de saúde de todas as unidades por onde às mulheres passaram, além da análise documental das informações contidas em prontuários da Atenção Básica (AB) e das unidades hospitalares, livros hospitalares, cartão da gestante, laudos do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e do Instituto de Medicina Legal (IML). Antes de início das entrevistas foi conduzido um pré-teste dos instrumentos de coleta, com o objetivo de avaliar a aplicabilidade destes, adequá-los às necessidades apontadas e servir de treinamento para pesquisadora principal que conduziu todas as entrevistas, além de treinar as pesquisadoras colaboradoras para transcrição das entrevistas. Para o caso de Rosa foram realizadas nove entrevistas e para compor o caso de Margarida foram realizadas cinco entrevistas. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, que segundo Bardin (2004), trabalha com mensagens, onde o objeto de trabalho é a fala, a palavra emitida e seus significados, nem sempre aparentes. Nessa abordagem cada entrevista sempre será única, formando um todo original, que também será parte de um todo, composto pelo total de entrevistas realizadas, estando elas calcadas em um objeto focalizado. Para analise da adequação do cuidado foi entregue uma descrição cronológica detalhada dos casos, a partir de dados extraídos das fontes citadas anteriormente a dois obstetras de forma independente. Para isso foram consideradas as recomendações do Ministério da Saúde, segundo os manuais técnicos sobre gestação de alto risco e de emergências obstétricas. O manejo foi avaliado em adequado ou inadequado segundo conduta e oportunidade de tempo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, CAAE nº: 63796717.4.0000.5190. Todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Esse estudo preservou a confidencialidade dos dados, e a não identificação das mulheres que receberam nomes fictícios, respeitando, também, o anonimato dos profissionais ou instituições de saúde, dos familiares, ou de qualquer outra pessoa que contribuiu com alguma informação durante o processo de investigação. Dimensões e critérios para análise da trajetória assistencial foram derivadas do modelo teórico de Thaddeus & Maine (1994), que organizam o modelo em três falhas ou atrasos: 1 - Atraso na decisão de procurar o cuidado, 2 - Atraso em chegar ao serviço de saúde e 3 - Atraso em receber o cuidado adequado em uma unidade de saúde. Verificamos várias falhas ou atrasos relacionados a iniquidades em saúde como questões sociais e culturais, percepção da gravidade do problema, violência obstétrica, disponibilidade dos serviços adequados ao atendimento das emergências obstétricas, peregrinação das mulheres na busca de um atendimento e uso de transporte inadequado para transferências para unidades de saúde de maior complexidade. Todas essas iniquidades em saúde combinado com a inadequada qualidade técnica do cuidado, contribuem para as lacunas e atrasos na prestação de cuidados obstétricos seguros na Macrorregião 2 de Pernambuco.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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