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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17E - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Análise de Trajetórias de Vida, Formas Sistemáticas de Adoecimento e Intervenções Sobre os Seus Determinantes.

29796 - DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA E INATIVIDADE FÍSICA NA PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA EM IDOSOS.
ANA CRISTINA DE OLIVEIRA COSTA - INSTITUTO RENÉ RACHOU, FABÍOLA BOF DE ANDRADE - INSTITUTO RENÉ RACHOU, YEDA APARECIDA DE OLIVEIRA DUARTE - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


INTRODUÇÃO: A Síndrome Metabólica (SM) é uma condição clínica desafiadora para a saúde pública, ela aumenta em duas vezes o risco de desenvolver doença cardiovascular e em cinco vezes o de desenvolver Diabetes Mellitus do tipo II, se comparados aos que não a possuem.
Nos últimos dez anos a prevalência da SM na população adulta mundial variou entre 18,8% e 49,6%. No Brasil esta foi de 29,6%, variando entre 14,9% e 65,3%. Os idosos são os mais acometidos pela SM, com prevalências mundiais entre 43,0 e 67,9%.
As doenças que compõem a SM (obesidade central, hipertensão arterial, resistência à insulina, lipoproteína de alta densidade baixo e triglicéride elevado) resultam de fatores de risco modificáveis que ocasionam acúmulo de tecido adiposo e progressão da obesidade. Além de fatores relacionados ao estilo de vida, como a inatividade física, as desigualdades socioeconômicas também estão associadas a ocorrência da SM.
A análise da literatura revela que há uma lacuna quanto a avaliação dos fatores associados a SM em países em desenvolvimento, especialmente entre idosos, que estão no grupo que mais cresce na população mundial e que apresentam maior incidência da síndrome.
OBJETIVOS: Avaliar a associação da síndrome metabólica com a atividade física e condições socioeconômicas entre idosos brasileiros não institucionalizados.
METODOLOGIA: Estudo transversal com base nos dados do Estudo Saúde Bem-Estar e Envelhecimento do ano de 2010. A amostra representativa foi composta por 1.201 pessoas de 60 anos e mais não institucionalizadas, que foram entrevistadas e realizaram exames físicos.
Variável dependente: SM definida de acordo com os critérios da National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III.
Variáveis independentes: Sociodemográficas (idade, sexo, estado marital e escolaridade), condições de saúde (número de doenças crônicas não transmissíveis, sintomas depressivos e autoavaliação do estado de saúde) e comportamento em saúde (prática de atividade física).
Análise dos dados: Análise descritiva da amostra segundo o desfecho e todas as variáveis independentes, seguida de análise bivariada entre SM e as variáveis independentes. A associação entre as variáveis categóricas foi testada por meio do teste qui-quadrado com correção de Rao-Scott e a magnitude das desigualdades avaliada pelo Índice Absoluto de Desigualdade (SII) e Índice Relativo de Desigualdade (RII), utilizando a escolaridade como proxy de posição socioeconômica. Foram calculadas a Fração atribuível (FA) e a Fração atribuível proporcional (FAP) relacionadas à prática de atividade física.
RESULTADOS: A prevalência da SM foi de 40,1%, a chance foi 33% menor entre idosos fisicamente ativos quando comparados aos inativos. Indivíduos menos escolarizados apresentaram prevalências significativamente maiores em termos absolutos (SII= -0,12) e relativos (RII= 0,73). E a partir da análise das FA observou-se que a diferença na prevalência de SM entre idosos ativos e inativos na população foi de 3,71% e entre os inativos a FA foi de 8,75%. Com relação à FAP, 9,27% dos casos de SM poderiam ser prevenidos se todos os idosos da população fossem ativos e entre os inativos 19,9% dos casos seriam prevenidos.
DISCUSSÃO: Os achados demonstram a existência de desigualdades socioeconômicas relacionadas a SM e a significância da atividade física como fator de prevenção. As estimativas das FAP evidenciam que estratégias de prevenção voltadas para a população e para idosos inativos poderiam prevenir, respectivamente, em torno de 9% e 20% dos casos de SM se estas pessoas fossem ativas. Além disto, neste estudo observou-se que idosos com menos anos de estudo apresentaram mais chances de SM.
Esta pesquisa contribui com a literatura demostrando que a magnitude das desigualdades socioeconômicas foi significante do ponto de vista absoluto e relativo, reforçando a proposta de que a condição socioeconômica deve ser incluída como fator risco modificável nas estratégias e políticas locais e globais de saúde, e reafirmando a teoria de que há um gradiente socioeconômico e cultural na determinação de doenças crônicas.
CONCLUSÃO: As associações evidenciadas reforçam o papel da atividade física como tratamento não farmacológico para controle da SM e a existência de desigualdades socioeconômicas relacionadas, chama atenção para a necessidade de que as políticas de prevenção sejam pautadas em abordagem que considerem essas diferenças, uma vez que tanto a prática de atividade física como outros fatores modificáveis estão desproporcionalmente acessíveis aos mais pobres.

local do evento

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