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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO/CB-17E - GT 17 - Iniquidades em Saúde: Análise de Trajetórias de Vida, Formas Sistemáticas de Adoecimento e Intervenções Sobre os Seus Determinantes.

30705 - INIQUIDADES EM SAÚDE NO CENTRO-OESTE: MORTALIDADE POR CÂNCER COLORRETAL E ALGUNS MARCADORES SOCIAIS NO ESTADO DE MATO GROSSO
ROMERO DOS SANTOS CALÓ - UFMT, BÁRBARA DA SILVA NALIN DE SOUZA - UFMT, JÂNIA CRISTIANE DE SOUZA OLIVEIRA - UFMT, NOEMI DREYER GALVÃO - UFMT, RITA ADRIANA GOMES DE SOUZA - UFMT


INTRODUÇÃO: Os relatórios sobre o estado global das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), de 2014 e 2018, da Organização Mundial da Saúde, revelam 15 milhões de mortes prematuras devido à este grupo de doenças. A maioria dessas mortes são evitáveis e mais de 85% ocorrem em países em desenvolvimento (WHO, 2014; WHO, 2018). Dentre as DCNT, o câncer se destaca como um problema de saúde pública diante da sua magnitude. Para 2018, foi estimado aumento da carga global do câncer, tanto de sua incidência (18,1 milhões) quanto de sua mortalidade (9,6 milhões) (IARC, 2018). No Brasil, assemelhando-se ao perfil epidemiológico da América Latina e do Caribe, o câncer colorretal está entre as quatro neoplasias mais frequentes no país, com estimativa, em 2018, de 17.380 casos novos em homens e 18.980 em mulheres (INCA, 2018). Frente às intensas desigualdades sociais registradas no país e as iniquidades produzidas, este estudo procura investigar a mortalidade por câncer colorretal pela ótica dos marcadores sociais ampliando a reflexão de sua carga na saúde da população. OBJETIVO: Descrever a mortalidade por câncer colorretal no estado de Mato Grosso, segundo marcadores sociais, no período de 2000-2016. METODOLOGIA: Trata-se de estudo descritivo, com dados do projeto de extensão/pesquisa "VIGILÂNCIA DO CÂNCER E FATORES ASSOCIADOS REGISTRO DE BASE POPULACIONAL E HOSPITALAR" fruto da parceria entre o Instituto de Saúde Coletiva/Universidade Federal de Mato Grosso e a Secretaria Estadual de Saúde. O Estado de Mato Grosso está situado na região Centro-Oeste do Brasil, com uma população estimada (2018) de 3.441.998 habitantes. Ocupa uma área de 903206,997 km², sendo composto por 141 municípios e distribuído em cinco mesorregiões (IBGE, 2014). Foram utilizados os dados de mortalidade do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no período de 2000 a 2016, para indivíduos residentes no estado de Mato Grosso. Foram considerados como óbitos por câncer colorretal aqueles cuja causa básica havia sido codificada como (C.18) câncer de cólon, (C.19) câncer de junção retossigmóide ou (C.20) câncer de reto, segundo a décima Classificação Internacional de Doenças. Os marcadores sociais incluídos no estudo foram: sexo (masculino e feminino); escolaridade (nenhum, 1-3, 4-7, 8-11, 12 ou mais anos de estudo), faixa etária (10-19, 20-39, 40-59, 60 ou mais anos) e cor da pele/raça (branca, negra [parda+preta] e outros [amarelo + indígena]). Para a análise dos dados foi utilizado o software SPSS Statistics v.23.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em Mato Grosso, no período estudado, houve 31.607 óbitos por neoplasias malignas. Destes 1.729 (5,5%) óbitos foram por câncer colorretal, enquanto no Brasil foram 1,3% óbitos por esta neoplasia para o mesmo período (INCA, 2019). Verificou-se maior frequência de óbitos em pessoas do sexo masculino (51,8%) e pessoas ≥60 anos de idade (60%), dados que corroboram com a literatura, com diagnóstico entre a quinta e sexta décadas de vida e uma maior prevalência em homens (INCA, 2019; BRENNER, 2010). No entanto, aproximadamente 40% dos óbitos ocorreram em adultos jovens, o que é preocupante, já que o câncer colorretal em pessoas com idade <50 anos mostra-se mais agressivo e indiferenciado (RÊGO, 2012). Segundo Taggarshe e colaboradores (2013), no período de 1982 a 2010, verificou-se aumento de 6,8% para 8,5% no número de pessoas com idade <50 anos com diagnóstico de câncer colorretal. Esses pacientes são, em sua maioria, sintomáticos, sugerindo que o estágio avançado da doença poderia ser verificado devido à falhas na detecção precoce. Quanto à cor da pele/raça, 53,6% foram classificados como negros, seguido por brancos (44,5%) e outros (amarelos ou indígenas) (0,8%). Para Favoriti et al. (2016), a mortalidade varia segundo raça e sexo, sendo maior em negro e homens. Isso pode estar relacionado à diferença no acesso aos serviços de saúde, principalmente do setor público, impossibilitando um diagnóstico precoce, tratamento e possível cura. Quando analisado o marcador social escolaridade, observou-se que cerca de 16% não apresentava nenhuma escolaridade e 51,3% entre 1 e 7 anos de estudo. De forma mais geral, baixos níveis de escolaridade e, mais recentemente, fatores como alfabetização em saúde limitada, definida como a capacidade de obter, processar e compreender informações e serviços básicos de saúde necessários para tomar decisões apropriadas de saúde, mostraram-se associados com menor participação na triagem para câncer colorretal no Reino Unido (Solmi et al., 2015; Gimeno Garcia, 2012; Power et al., 2009). CONCLUSÃO: Maiores desigualdades e sistemas de saúde despreparados resultam em maiores números de óbitos por câncer. Portanto, investigar condições de saúde em populações por meio de marcadores sociais se faz necessário, a fim de diminuir as desigualdades em saúde, que são reflexos das desigualdades sociais, e que afeta diretamente os indivíduos mais desfavorecidos.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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