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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-35J - GT 35 - Corpo, Gênero, Estigmas: Vulnerabilidades e Proteção Social

30911 - PERCEPÇÃO DO ESTIGMA EM PESSOAS ACOMETIDAS PELA HANSENÍASE EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DA CIDADE DO RECIFE
ERIKA BEATRIZ CARNEIRO DE SOUZA - UPE, DANIELLE CHRISTINE MOURA DOS SANTOS - UPE, CÁSSIA CIBELLE BARROS DE ALBUQUERQUE - UPE, MARIA CLARA FERREIRA DE FRANÇA - UPE, MARIA GEÓRGIA TORRES ALVES - UPE, MARIZE CONCEIÇÃO VENTIN LIMA - UPE, YSABELLA LUANA DOS SANTOS - UPE


Introdução: A hanseníase é uma doença crônica, transmissível e infecciosa, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, responsável por acometer, principalmente, nervos periféricos e troncos nervosos. A doença sem tratamento leva ao agravamento de lesões dermatoneurológicas, podendo ocorrer a instalação de incapacidades funcionais e deformidades. A falta de conhecimento sobre a doença levou a acontecimentos históricos que repercutem atualmente, dentre eles, o isolamento dos doentes que, além de separar famílias e impedir a sua aceitação social plena, desencadeou forte impacto na vida dos indivíduos. Dessa forma, a pessoa que apresenta características, físicas ou não, passa por diversas situações que o impossibilita de exercer seus direitos humanos básicos, como o direito de ir e vir. O indivíduo estigmatizado passa por diferentes tipos de preconceitos, podendo ser uma discriminação ocupacional, um isolamento social ou, até mesmo, o autopreconceito que o indivíduo carrega consigo por ter o medo da não aceitação, sendo, por vezes, o protagonista do seu próprio isolamento. Objetivo: Analisar a percepção do estigma vivenciado por pessoas atingidas pela hanseníase em uma unidade de referência na cidade do Recife. Metodologia: Estudo quantitativo, do tipo descritivo e exploratório, realizado em uma Unidade de Referência para tratamento da hanseníase na cidade do Recife, Pernambuco. Os dados foram coletados de fevereiro a abril de 2019, por estudantes de enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG), da Universidade de Pernambuco (UPE), inseridos no Grupo de Pesquisa e Extensão sobre Cuidado, Práticas Sociais e Direito à saúde das Populações Vulneráveis (GRUPEV). Participaram do estudo 37 usuários da unidade, em tratamento, com diagnóstico até o ano de 2018, ou em acompanhamento pós-alta. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº 2.816.057, pela Fundação Universidade de Pernambuco, localizada na Rua Arnóbio Marques, 310. Para coleta foi utilizado um questionário sociodemográfico e clínico e a escala de estigma do Explanatory Model Interview Catalogue (EMIC Stigma Scale), nela consta 15 questões que buscam identificar o estigma percebido por parte dos pacientes, com respostas graduadas de 3 a 0 correspondendo, respectivamente, a “sim”, “possivelmente”, “não tenho certeza” e “não”. Os dados coletados foram organizados e tabulados no software Office Excel 2013, para análise. Resultados e discussões: 48,64% dos usuários eram do sexo feminino e 51,35% do sexo masculino, tendo idades variáveis entre 22 e 74 anos com média de 54 anos, destes, apenas 2,7% possuíam ensino superior completo. Cerca de 76% da amostra tinham classificação operacional multibacilar (MB) e apenas 8,10% paucibacilar (PB). Para o estudo, foram selecionadas 6 perguntas da EMIC, onde 4 questões remetem ao autoestigma e 2 correspondem ao estigma social. Em relação ao autoestigma, 48,65% dos pacientes relatam que prefeririam que as pessoas não soubessem que eles têm a doença, enquanto que 37,84% negou. Dos entrevistados, 24,32% têm uma opinião negativa sobre si por causa da doença. Ainda sobre o autoestigma, quando perguntado se alguma vez, por causa da doença, os pacientes já se sentiram envergonhados ou constrangidos, a quantidade de “sim” e de “não” foi bem similar, sendo, respectivamente, 48,65% e 45,95% das respostas; assim como no questionamento “Você decidiu, por contra própria, se manter afastado (a) de algum grupo de trabalho ou social?”, onde 43,24% dos participantes responderam “sim” e 54,05% negaram já ter feito isso. Nas questões relacionadas ao estigma social, 67,56% dos pacientes referiram que não sentem que outras pessoas já os evitaram por causa da doença, 10,81% não tinham certeza e 18,91% disse que isso já aconteceu. Quando questionado se alguma vez foi pedido pra eles se manterem afastados do trabalho ou de grupos sociais, 29,72% disseram que sim e 67,56% responderam que não. Apesar das diferenças sociodemográficas e clínicas, as respostas demonstraram uma homogeneidade na vivência dos usuários, onde grande parte da quantidade de “sim” e de “não” referidos foi similar. Porém, a análise mostrou que ainda uma grande parcela dos pacientes vive com o estigma atualmente, tanto por parte da sociedade, quanto pelo autoestigma. Conclusão: Dessa forma, ficou evidente a importância do desenvolvimento de estratégias psicossociais para a desconstrução do estigma que faz parte da história das pessoas acometidas pela hanseníase. As intervenções não devem focar apenas no preconceito social, mas também, no preconceito internalizado na pessoa acometida. Possibilitando, assim, a garantia dos direitos humanos básicos do indivíduo para a sua reinserção na sociedade, através de intervenções nas esferas da saúde, social, familiar e individual.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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