28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-27C - GT 27 - Coletivos e grupos de ativismo em saúde mental |
30232 - O CIRCUITO DE AFETOS NA CONSTRUÇAO E FORTALECIMENTO DO MOVIMENTO PRÓ-SAÚDE MENTAL DO DF: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ANDRESSA DE FRANÇA ALVES FERRARI - MOVIMENTO PRÓ SAÚDE MENTAL DO DF, MUNA MUHAMMAD ODEH - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, CHRISTINE PAULA MENEZES - MOVIMENTO PRÓ SAÚDE MENTAL DO DF
O CIRCUITO DE AFETOS NA CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DO MOVIMENTO PRÓ-SAÚDE MENTAL DO DF: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
RESUMO: O movimento da Reforma Psiquiátrica que perdura até os dias atuais foi iniciado a partir de lutas organizadas em várias frentes da sociedade. Segundo Amarante e Diaz (2012) os movimentos sociais surgem em uma perspectiva de politizar as questões sociais, onde através de lutas específicas, novos direitos são criados e incorporados às políticas. Os movimentos sociais que compõem a Reforma Psiquiátrica, trazem o usuário dos serviços de saúde mental como sujeito de direitos. Tais lutas culminaram na Lei nº 10.216, que se constitui um marco na garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais graves, ou necessidades decorrentes do uso de drogas. Os arranjos que os atores da mobilização social produzem na luta por direitos são os mais diversos e visam o resgate de autonomia, por meio da atribuição de valor que possibilita trocas e novas produções de afeto (TYKANORI, 2010). Tais arranjos formam uma rede constituída pessoas, que por sua vez produzem circuitos de afetos, onde acontecem trocas e interações. Safatle (2015) afirma que não há algo mais racional na vida social do que os afetos, e que a maneira como somos afetados mobiliza e organiza nossas vidas. Só são produzidas transformações sociais na medida em que somos e nos deixamos ser afetados de maneiras diferentes. Sawaia (1995), afirma que nos movimentos sociais é possível vislumbrar força e é onde liberam-se emoções e desejos. Tais, são fundamentais na construção de circuitos, redes, onde cada um no coletivo interfere no grupo e também se deixa afetar. Objetivo: Compreender como se produzem e quais impactos dos circuitos de afeto entre os integrantes do Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal. Metodologia: O relato de experiência fez-se possível por meio da participação efetiva e afetiva das reuniões e ações do Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal. Este é um grupo organizado e em funcionamento há mais de 20 anos no DF, que atua sob uma ótica radical antimanicomial, em prol da garantia de direitos e avanço da Reforma Psiquiátrica. Assim foi possível traduzir vivência junto aos integrantes do movimento social e alcançar uma dimensão subjetiva e real do processo de produção de circuito de afetos, e de como estes mesmos fortalecem o ser, estar e fazer das ações desenvolvidas bem como da vinculação dos membros. Discussão: No cumprimento das ações no campo da luta antimanicomial, os integrantes do movimento mostram o quão se sentem afetados no processo de busca e garantia de direitos. As articulações políticas, a relação dos membros, a divisão de tarefas vai aos poucos criando novas formas de cada integrante se afetar e influenciar o coletivo, permitindo a vivência de novas afecções que não somente o medo, de modo a promover mudanças na realidade social vivida. Conclusão: A vivência real no âmbito deste movimento social organizado não é desprovida de percalços. Tendo o medo como afeto estruturante da sociedade muitos integrantes chegam ao coletivo de militância com uma série de dificuldades conjunturais que passam a ser vividas pelo grupo. A vivência no Movimento Pró-saúde Mental do DF permite reconhecer os circuitos de afetos construídos entre os membros do grupo, e são estes mesmos que fortalecem o pertencimento e adesão às ações. Nesse ambiente não favorável que emergem os circuitos, e é importante dizer que estes não são estáveis, mas mutáveis e enfrentam adversidades, mas proporcionam potências.
|