28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-27C - GT 27 - Coletivos e grupos de ativismo em saúde mental |
31016 - A INSERÇÃO DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA NAS PRÁTICAS DE CUIDADO DO CONSULTÓRIO NA RUA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
MARIA LUCÉLIA DA HORA SALES - UNCISAL, ALINE COSTA CARDOSO - UNCISAL, AMANDA DA CUNHA LIMA - UNCISAL, CAROLINE MONTES CALDAS - UNCISAL, FERNANDA RIBAS MOURA REZENDE - UNCISAL, SÂMEA GABRIELLY MARTINS DA SILVA - UNCISAL
Contextualização:Em 2012, a Política Nacional de Atenção Básica instituiu, o Consultório na Rua, cujo objetivo é atender necessidades da população em situação de rua ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ofertar, de maneira oportuna, atenção integral à saúde por meio das equipes e serviços da Atenção Básica (AB). Neste contexto, as equipes de Consultório na Rua (eCR) integram o componente da Atenção Básica da Rede de Atenção Psicossocial1-2.Em 2012 os Consultório de Rua, passaram a denominar-se Consultório na Rua (CR), integrando-se a modalidade da AB3. A eCR deve organizar seu processo de trabalho prevendo reuniões de equipe da eCR e interequipes, realizar planejamentos, discussão de casos, elaboração e acompanhamento de projetos terapêuticos singulares, fundamentais para a atenção integral à saúde, a resolutividade das ações e a gestão do cuidado2-3.Assim sendo, cabe às eCR prestar assistência à saúde na rua, em um contexto diferenciado e dinâmico, que ultrapassa o programado2-3. Desta maneira, relacionar-se com a equipe e exercer um cuidado multiprofissional mostra-se como a melhor estratégia para driblar as dificuldades e adversidades encontradas neste cenário. Por isso, a equipe multiprofissional, deve manter relações que possibilitem o compartilhamento do cuidado, visando uma assistência integral à pessoa em situação de acentuada vulnerabilidade social2. Descrição: O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) é composto por dezessete profissionais de diversas categorias, são elas: enfermagem, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, educação física, odontologia, fisioterapia e nutrição. No segundo ano de residência esses profissionais são inseridos nos diversos cenários da gestão em saúde e dos serviços de atenção primária, incluindo o CR de Maceió, o qual possui seis equipes. As atividades realizadas pelos residentes consistem em conhecer e se aproximar do serviço e do seu funcionamento, bem como, do processo de trabalho da equipe, das áreas de abrangências e do público alvo. Além disso, participaram na construção do fazer em saúde, principalmente na perspectiva da produção do cuidado interdisciplinar e centralizado na singularidade da pessoa e suas necessidades de saúde diante das diversas vulnerabilidades que atingem essa população em situação de rua. A eCR acompanhada pelos residentes é composta por: agente social, assistente social, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentista e médico. Período de realização: março a abril de 2019. Objetivo: relatar a vivência de residentes multiprofissionais em Saúde da Família no Consultório na Rua da cidade de Maceió. Resultados: Com a inserção da residência no CR foi possível perceber uma contribuição para o serviço, visto que, os residentes propuseram e realizaram atividades de promoção e educação em saúde, momentos de educação permanente como, por exemplo, sobre o Projeto Terapêutico Singular (PTS), orientações e aconselhamentos em condutas clínicas e em processo de trabalho, bem como a oportunidade de aprender mais sobre o acolhimento a pessoa em situação de rua, entender melhor como funciona esse tipo de assistência, além de ampliar mais a visão sobre o processo saúde-doença e dos determinantes sociais de saúde. Conseguimos compreender na prática todos esses conceitos e principalmente a olhar de uma forma mais humana para aqueles que estão sob os nossos cuidados. Aprendizados: Apesar da experiência ser breve consegue nos impactar, pois atinge os nossos sentimentos e preconceitos estigmatizantes sobre as pessoas que se encontram em situação de rua. Conhecemos equipes que trabalham de forma integrada e que realmente fortalecem o SUS, que conhecem seus usuários, acolhem e são resolutivos nas demandas que surgem no cotidiano do trabalho, dentro das suas possibilidades. Aprendemos a nos desconstruir ou ao menos começar essa desconstrução, pois ela é algo contínuo, diminuímos ou extinguimos o receio de atender pessoas em situação de rua, aquelas acometidas por tuberculose, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), profissionais do sexo, transsexuais, usuários e dependentes de substâncias psicoativas e conseguimos entender um pouco seus contextos de vida, a compreender mais, a ter empatia, a ampliar nossa capacidade de escuta qualificada, sem usar juízo de valor sobre suas condutas. Análise crítica: O Consultório na Rua nos proporciona não só uma vivência profissional, mas também pessoal o que contribui muito para a nossa profissão que é cuidar de pessoas, que transcende nossa categoria profissional, pois a partir do momento que se entende que não há como separar técnicas e processos de saúde de questões sociais e humanas, que uma não se sobrepõe ou anula a outra, com certeza a atuação profissional passa a ser diferenciada. Sendo assim, essa experiência amplia nossa visão, que muitas vezes é limitada pela graduação e a formação separatista e fragmentada que temos.
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