30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-27F - GT 27 - Processos formativos e de gestão inovadores |
31442 - ESTRATÉGIAS PARA QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: APOIO MATRICIAL REGULADO.
LÍVIA CRISTINA SIQUEIRA GARCIA - UFRN, LYGIA MARIA DE FIGUEIREDO MELO - UFRN, JACILEIDE GUIMARÃES - UFRN
Introdução: A proposta do Apoio Matricial idealizado por Campos (1999) visa favorecer a articulação em redes e em sistemas de saúde, prevendo novas formas de contratos entre serviços, entre profissionais e usuários. Essa metodologia propõe que equipes de referência (Atenção Básica) e apoiadoras (Equipe Especializada) mantenham diálogo e compartilhamento do cuidado dos usuários dos seus territórios, em uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica (BRASIL, 2011). Nesta perspectiva, a gestão do cuidado configura uma nova forma de organização dos serviços e de produção de saúde, onde duas ou mais equipes atuam de forma compartilhada e integrada. No entanto, identificaram-se lacunas estruturais e organizativas que dificultam essa integração na rede assistencial do SUS, na percepção dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Objetivos: Elaborar produto técnico para qualificar o Apoio Matricial de acordo com as lacunas identificadas pelos profissionais da Estratégia Saúde da Família dos Distritos sanitários leste e sul do município de Natal/RN.
Metodologia: A proposta de produto técnico faz parte das limitações identificadas a partir da investigação da dissertação de mestrado “Apoio matricial em saúde mental: ferramenta para o cuidado integral?” que foi realizada entre os meses de dezembro de 2018 a março de 2019, e, compreendeu um estudo de abordagem qualitativa, de natureza descritiva e exploratória, cujos sujeitos da pesquisa foram os profissionais de 8 ESF dos Distritos Sanitários leste e sul, Natal/RN. Para identificação das limitações da prática do Apoio Matricial foi utilizada a técnica de entrevistas com roteiro semiestruturado e para análise apoiou-se na Análise de Conteúdo de Bardin. A amostra totalizou 15 sujeitos entre médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem, selecionados de forma intencional por conveniência, sendo delimitada a inclusão pelo critério da saturação teórica.
Resultados e discussão: No cotidiano dos serviços, o Apoio Matricial dependem de arranjos organizativos e de espaços que permitam a integração dialógica entre equipes, trabalhando em redes e em sistemas de saúde. Contudo, no cenário estudado, percebemos lacunas que dificultam a implementação dessa metodologia como estratégia de compartilhamento do cuidado e de construção coletiva. No que concerne às limitações, identificamos um processo de comunicação frágil entre equipes de AB e especializada; ausência de agenda pactuada para encontros de Apoio Matricial de modo que quando realizados apresentavam grande intervalo de tempo, irregularidade ou até mesmo, inexistência de encontros. Assim, a partir dessas lacunas, elaboramos a proposta do Apoio matricial Regulado (AMR), como nova forma de articulação e organização dos processos de trabalho entre AB e equipe especializada. O AMR visa instituir entre serviços solicitações para Apoio Matricial, a partir da plataforma do Sistema de Regulação (SISREG), com o objetivo de ordenar, orientar e promover a classificação do fluxo de solicitação por Apoio Matricial do território adscrito do serviço especializado. A operacionalização do AMR prevê que cada situação que requeira gestão do cuidado seja direcionada para as diversas estratégias do Apoio Matricial, seja pelas práticas de atenção, educação ou ações multisetoriais. Para tanto, deverão ser pactuados coletivamente tanto as situações para solicitação, quanto os direcionamentos para atender/resolver as demandas apresentadas, que podem ser por meio de encontros, discussão de casos, articulações em redes, ações técnicos assistenciais e pedagógicas.
Considerações Finais: A partir dessa pesquisa, percebemos as lacunas da prática do Apoio Matricial no território estudado e, por conseguinte, sugerimos um produto técnico capaz de promover mudanças nos processos de trabalho, favorecendo a metodologia do Apoio para qualificar e legitimar o cuidado integral do usuário de saúde mental no território.
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