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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-27D - GT 27 - Protagonismo de usuários e familiares na rede de saúde mental

30853 - ORGANIZAÇÃO DE FAMILIARES NO PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL NO BRASIL
LUCIA CRISTINA DOS SANTOS ROSA - UFPI


A participação de familiares no processo de desinstitucionalização em saúde mental no Brasil tem colocado esse segmento em um mosaico de lugares e possibilidades, que o localizam em alguns eixos, como: a) um potencial recurso, instrumental nas ações em saúde; b) um lugar de possível convivência com a pessoa com transtorno mental, tendo por principal condicionante, a reconstituição e fortalecimento de vínculos familiares; c) sobrecarregada, em função das cargas decorrentes das mudanças sociodemográficas processadas no grupo familiar, e relacionadas às novas demandas que são dirigidas a esse segmento, sobretudo a partir de processos de desinstitucionalização, que retira a família do lugar de coadjuvante, para um inédito protagonismo, que a lança para novos e diversificados processos e arenas sociais; d) ator político, circunscrevendo processos de organização de pessoas que vivenciam situações semelhantes, na perspectiva de vocalizar suas próprias necessidades e de seus familiares; e) avaliadora de serviços, sendo o grupo familiar inserido, em alguns contexto, como avaliadores de serviços e processos de trabalho em saúde mental e até inseridos como pesquisadores; f) gestora de serviços de saúde mental, coordenando alguns equipamentos ou dinamizando a gestão de alguns processos desinstitucionalizantes; g) provedora de cuidados, o que reconstitui, no plano institucional, a família como agente de proteção social e cuidadora. Logo, familiares, de diferentes formas e com objetivos distintos, tem se organizado em associações, inclusive com ativismo virtual, o qual associa o protagonismo social ao uso de novas tecnologias de comunicação, no espaço virtual, o que tem facilitado a disseminação de movimentos de caráter reivindicatório ou de fortalecimento de determinadas identidades. Amplia-se, assim, a possibilidade de difusão de conhecimentos e a mobilização, configurando o “ciberativismo digital ou ativismo online” (RIGITANO, 2003, p. 3), o que se torna complementar ou extensivo às ações de rua. Logo, observa-se um intenso potencial para maximizar a participação e, sobretudo, a informação do e entre familiares de serviços de saúde mental. Nesse contexto, torna-se pública a possibilidade de identificar as particularidades, as identidades e necessidades expostas no espaço público por familiares que historicamente também sofreram processos de estigmatização e foram tolhidos da participação na cena pública por entender suas necessidades como localizadas exclusivamente na esfera privada. Nesse contexto, a partir de pesquisa fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a partir de bolsa produtividade, partiu-se das seguintes indagações: Como se identificam e se caracterizam as associações de familiares no espaço virtual? Que necessidades em saúde mental veiculam? O ciberativismo contribui para maior visibilização das necessidades dos familiares cuidadores, a partir de marcadores de classe social, gênero e etnia? Que configurações o ciberativismo oferece à participação da família e dos familiares cuidadores no processo de desinstitucionalização em saúde mental? Tem por objetivo geral configurar a participação da família e dos familiares cuidadores no processo de desinstitucionalização em saúde mental, no contexto brasileiro. Enfatiza o protagonismo deste segmento a partir do ciberativismo, destacando marcadores das desigualdades sociais, em especial classe social, gênero e etnias, no período de 1990 a 2018. Com base em pesquisa qualitativa, por enfocar processos sociais e a visão de mundo do segmento de familiares cuidadores, a pesquisa tem por participantes as associações de familiares e usuários da saúde mental, com ativismo digital. Complementarmente, é empregada a análise bibliográfica e documental
Os resultados da pesquisa sinalizam que as famílias foram incluídas morosamente na discussão de processos desinstitucionalizantes, como parceiras do processo, ganhando destaque inicial a sua luta pelos direitos da pessoa com transtorno mental a um cuidado em liberdade. Tem predominado a configuração de dois tipos de organização dos familiares, uma centrada em alguma enfermidade e outras, em processos mais amplos de vida das famílias. Todavia, as necessidades dos familiares cuidadores parecem figurar como secundarizadas e encontram-se pouco visibilizadas, parecendo ainda ilegítimas de serem veiculadas no espaço público-virtual, sendo de parco conhecimento público o perfil desse segmento e em que condições produzem o cuidado.
Com o imperativo do ideário neoliberal nas políticas sociais brasileiras, com sérios riscos de se consolidar vertentes familistas (MIOTO, 2010), que restringem a função da política social no suporte da produção do cuidado efetivado pelo grupo familiar, a colocando como principal agente de proteção social junto com o mercado, parece estratégico alertar para a importância de redirecionar os rumos das necessidades veiculadas.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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