46284 - PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A RELEVÂNCIA DO ACOLHIMENTO PARA A GESTÃO DO CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE TARCISO FEIJÓ DA SILVA - UERJ, HELENA MARIA SCHERLOWSKI LEAL DAVID - UERJ, TATIANA CABRAL DA SILVA RAMOS - UERJ
Apresentação/Introdução Na prática dos serviços da Atenção Primária à. Saúde (APS) observa-se que a produção do cuidado em saúde está associada à possibilidade de criar novas formas de comunicação na rede assistencial a partir do acolhimento, aumentando, com isso, a capacidade de intervenção com envolvimento e participação de todos os profissionais. Ocorre, que por vezes, o termo acolhimento revela-se no senso comum como sinônimo de recepção de usuários e a compreensão que os próprios profissionais da APS têm sobre ele e sua relevância para produção do cuidado em saúde tende a ser incipiente, quando o utilizam apenas como ferramenta de classificação de risco e de regulação do acesso.
Objetivos Identificar a partir da percepção dos profissionais de saúde qual a relevância do acolhimento para a gestão do cuidado na Atenção Primária à Saúde.
Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo com caráter descritivo e exploratório, realizado em uma unidade de APS do Sudeste do Brasil com 3 equipes de saúde da família (eSF), uma equipe de saúde bucal (eSB) e uma equipe núcleo de apoio saúde da família Atenção Básica (eNasf-AB). Dos 37 profissionais que atuavam na unidade, participaram da pesquisa 17 profissionais de diferentes categorias, a saber: um médico (MED), três enfermeiros (ENF), um técnico de enfermagem (TECENF), um auxiliar de vigilância em saúde (AVS), quatro agentes comunitários de saúde (ACS), um cirurgião dentista (CD), um gerente (GERENTE), dois administrativos (ADM), um farmacêutico (FARM), um educador físico (NASF-EF) e um auxiliar de serviços gerais (ASG). Estes, foram escolhidos por estarem vinculados à unidade de APS por mais de três anos e terem disponibilidade de participação. A coleta de dados foi realizada em dia e horário previamente agendados, sendo utilizado como técnica a entrevista narrativa. Além da caracterização e levantamento do perfil sociodemográfico dos participantes, uma única pergunta foi disparada para delinear as entrevistas "na sua percepção qual a relevância do acolhimento para a gestão do cuidado na Atenção Primária à Saúde?” A categorização, análise e interpretação dos dados ocorreu com os recursos do software Atlas Ti® versão 7.1.8.
Resultados e discussão Nos discursos dos profissionais, mesmo que de forma inconsciente, é possível observar que o ato de acolher na APS envolve um coletivo de atores que vão de forma hierarquizada, no seu lugar e tempo, tentando responder a partir dos recursos que dispõem, os problemas identificados. Essa ideia de hierarquia atrelada à competência profissional para dar resposta a determinada situação-problema na prática se constitui como elemento que caracteriza o acolhimento como uma tecnologia leve que prescinde de relação e comunicação e que incide diretamente na organização do processo de trabalho. Nos discursos dos profissionais o acolhimento estabelece relação com escuta, recepção, atenção na chegada dos casos agudos ou possível agendamento diante das queixas crônicas, vinculação, utilização e valorização dos serviços da unidade de saúde pelos usuários, direcionamento do plano de cuidado e compreensão ampliada sobre as formas de atenção adotadas. Os diferentes momentos observados no acolhimento permitem compreendê-lo como uma ferramenta transversal com participação de todos os profissionais que é capaz de orientar o acesso e as demandas. Apesar de no discurso dos profissionais emergirem ações pautadas na vigilância, para que o acolhimento se efetive como uma estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado, ele deve orientar-se pela relação e envolver ação (acolhimento-ação); deve ser permeado por sensações e impressões, e não apenas pela escuta; considerar a atuação coletiva dos profissionais; ocorrer em todos os espaços e momentos do serviço, não devendo limitar-se ao recebimento de demanda espontânea, a identificação de risco ou definição de urgências; e explorar, no sentido de tornar útil, todos os recursos do campo, assim como o conhecimento dos profissionais.
Conclusões/Considerações finais A utilização que o profissional faz do acolhimento no âmbito da APS acaba sendo ditada pelos fluxos e processos instituídos pela gestão, o que pode influir diretamente no acesso, no trabalho em equipe e na produção do cuidado em saúde. Por sua vez, a percepção de acolhimento neste ponto da RAS pode variar de profissional para profissional, a depender da posição que ele ocupa, das ações pelas quais responde e dos disparos que efetua para dar conta dos problemas apresentados pelos usuários. Nota-se, que o acolhimento, apresenta-se contextualizado de diferentes modos pelos profissionais que ressaltam a relevância do mesmo como ferramenta norteadora, por permitir identificar os cuidados que o usuário necessita ao chegar na unidade de saúde, por contribuir na organização do fluxo de atendimento e pelo papel de vigilância que pode vir a absorver.
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