01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO1.1 - Tópicos em hesitação vacinal |
45930 - HESITAÇÃO VACINAL INFANTIL E COVID-19: UMA ANÁLISE A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ESTER PAIVA SOUTO - NIESP-CEE/FIOCRUZ, MICHELLE FERNANDEZ - UNB, CELITA ALMEIDA - NIESP-CEE/FIOCRUZ, PRISCILA PETRA - FIOCRUZ, GUSTAVO CORREA MATTA - NIESP-CEE/ CIDACS-FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A vacinação contra a COVID-19 é uma estratégia que tem sido desenvolvida com êxito na proteção da população e no enfrentamento coletivo da emergência sanitária. No entanto, observa-se, dificuldade na adesão da população à vacinação do público infantil ocasionada e, parte pela hesitação dos pais ou responsáveis.
Objetivos Considerando a descoordenação entre os entes federativos durante a pandemia e vacinação da COVID-19, a desinformação e as ações do Governo Federal que desprestigiaram a credibilidade dos imunizantes infantis, este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as dimensões da hesitação vacinal infantil baseada nas percepções de profissionais de saúde que atuaram durante a vacinação contra a COVID-19.
Metodologia Baseado no constructo teórico da Hesitação Vacinal, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa entre trabalhadores da APS em 4 municípios de 4 estados brasileiros (Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso e São Paulo) e o Distrito Federal. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 86 trabalhadores de UBS (Enfermeiros, Técnicos de enfermagem, médicos, ACs e odontólogos).
Resultados e discussão Através da análise temática foram obtidas três categorias de análise: medo, desinformação em vacina e papel dos profissionais de saúde. A categoria medo apresentou-se relacionada ao fato da vacina ainda ser percebida como experimental; às reações adversas que podem provocar; à ausência de estudos de longo prazo; à falsa percepção de risco reduzido da COVID-19 em crianças; e das condutas do governo federal geradoras de insegurança nos efeitos da vacina. No que diz respeito a categoria desinformação em vacina, os elementos discursivos presentes foram a produção e reprodução de fake news sobre a vacina e suas reações; o fenômeno da infodemia e desinformação; e a ausência de orientação e conhecimento sobre vacinas. Na última categoria o trabalho discute o papel fundamental dos profissionais de saúde da APS no aumento da cobertura vacinal devido à sua proximidade aos territórios e população; a influência da internet na disseminação de desinformação e fake news; o papel das autoridades governamentais no aumento ou redução da confiança da população nas vacinas.
O trabalho também apresenta as relações entre o conteúdo dos temas delineados e os determinantes da hesitação vacinal, assim como apresenta possibilidades para a reconstrução da alta adesão nas vacinas infantis.
Conclusões/Considerações finais Observamos a necessidade de maior desenvolvimento teórico e metodológica do referencial teórico da hesitação vacinal, uma vez que seus determinantes são profundamente relacionados e a análise isolada de cada um deles pode reduzir a complexidade envolvida em processos históricos e sociais complexos e dinâmicos. A hesitação vacinal, para além do objeto em si, emerge como um produto de relações discursivas que atravessam e influenciam práticas sociais e políticas. As disputas narrativas construídas em torno da COVID-19 que a minimizava, ajudaram a menosprezar a importância da vacinação. Pela primeira vez na história do PNI, órgãos públicos de comunicação foram responsáveis pela disseminação de desinformação e desincentivo à uma vacina, que somados à ausência de uma coordenação federal da campanha de vacinação da COVID-19 efetiva, contribuíram ainda mais o desenvolvimento da hesitação vacinal no Brasil.
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