01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO1.1 - Tópicos em hesitação vacinal |
47906 - DESVELANDO OS MOTIVOS DE HESITAÇÃO E ATRASO VACINAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE – APS DAVID GOMES ARAÚJO JÚNIOR - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE, ANTONIO RODRIGUES FERREIRA JÚNIOR - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE, BRUNA FONTENELE DE MENESES - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA VISCONDE DE SABÓIA - ESPVS, JORDÂNIA MARQUES DE OLIVEIRA FREIRE - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
Apresentação/Introdução O aumento do número de casos de doenças que são preveníveis através da vacinação e a redução das pessoas imunizadas contra elas, faz com que tenhamos uma ameaça na população mundial, tornando-se um grave problema de saúde pública. Um dos motivos que têm possibilitado o retorno dessas doenças consideradas até então erradicadas ou controladas é a recusa de algumas pessoas a vacinação. No momento, um pequeno número de pesquisas brasileiras estudou os motivos da recusa das vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), e raramente citam o que denominamos de hesitação vacinal, como sendo fenômeno comportamental que avalia o atraso ou recusa em aceitar as vacinas oferecidas pelos serviços de saúde. Dessa forma, o conhecimento dos fatores que interferem no sucesso das políticas de vacinação contribui para o planejamento de medidas de promoção vacinal.
Objetivos Desvelar a percepção dos usuários acerca da hesitação e atraso da vacinação na Atenção Primária à Saúde (APS) no contexto de um município de referência para uma área descentralizada em Saúde no Ceará.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória de abordagem qualitativa. O cenário desse estudo foi constituído pelas 27 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que compõem a Atenção Primária à Saúde (APS) do Município do Tianguá – CE. Os participantes do estudo foram 51 usuários. A seleção dos participantes aconteceu de forma aleatória e de acordo com a disponibilidade dos participantes e a amostra foi determinada por saturação de dados. Como critérios de inclusão foram adotados: Os usuários (pais, adultos, gestantes e idosos) que frequentarem as Unidades Básicas de Saúde (UBS), possuir idade igual ou superior a 18 anos e apresentar esquema de doses/calendário de vacina atrasada. A coleta de dados foi realizada entre os meses de outubro a dezembro de 2021. A entrevista semiestruturada foi aplicada com o auxílio de um roteiro apoiado por perguntas norteadoras, contaram com gravação eletrônica de áudio e tiveram duração média de 30 minutos. Foram transcritas e mediante tais dados sistematizados e para sua organização se utilizou da Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, após a análise de Bardin foi utilizado o software Iramuteq® para auxiliar na apresentação da análise dos dados. Na elaboração deste manuscrito, foram levados em consideração os critérios COREQ. O estudo possui parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário UNINTA sob parecer de nº 5.101.793.
Resultados e discussão Ao analisar textualmente a frequência de palavras para todas as entrevistas (corpus), utilizando o Iramuteq®, foram encontrados um total de 4.362 ocorrências, 96 segmentos de texto, sendo as seguintes palavras as que tiveram maior incidência: Vacina (116); Não (112); Tomar (110); trabalho (87); internet (62); informação (46). Os dados compreendidos através da análise de conteúdo que resultaram em quatro categorias temáticas, entre as quais foram originadas a partir de 205 Unidades de Registro (UR) o que resultou em 4 categorias temática. O cruzamento das diferentes dimensões e problemáticas identificadas nas entrevistas aos usuários, para a realização deste estudo, permitiu verificar que a hesitação e/ou recusa em se vacinar é motivada por aspetos multifatoriais, podendo os mesmos, influenciar a decisão dos usuários de forma individual ou conjunta. Aspetos sociodemográficos e familiares, políticas governamentais e de saúde, acesso à informação e os sentimentos intrinsecamente relacionados com o ato de vacinar, estão claramente associadas à problemática da hesitação. Fatores como pertencer convicções religiosas, sentimento de insegurança em relação às vacinas, falta de informação, informação errónea, medo de dano e reações adversas, foram também identificados como fatores de hesitação em vacinar, sendo que, no nosso estudo, os três últimos fatores referidos demonstraram-se os mais preponderantes.
Conclusões/Considerações finais Verificou-se então que a hesitação e/ou recusa em se vacinar é motivada por aspetos multifatoriais, podendo os mesmos, influenciar a decisão dos usuários de forma individual ou conjunta. Os profissionais de saúde desempenham um papel fulcral na promoção da vacinação, sendo uma fonte de informação preferencial apontada pelos usuários. Ao identificar os possíveis fatores da hesitação vacinal gera condições de subsidiar um plano de cuidado e estratégias de intervenção com o intuito de aumentar os indicadores de cobertura vacinal. Portanto, Conhecer os fatores de hesitação e as estratégias utilizadas pela APS também são elementos importantes para o seguimento de cuidados a estes usuários.
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