01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO3.1 - Feminismo negro, desigualdades sociais e ações afirmativas: (r)existências e contribuições CSHS na formação em saúde |
46417 - DESIGUALDADES DE GÊNERO, CIÊNCIAS E SAÚDE: DIÁLOGOS INTERGERACIONAIS EM UM INSTITUTO DE PESQUISA LUCIANA DIAS DE LIMA - ENSP/FIOCRUZ, ANGELA ESHER - ENSP/FIOCRUZ, BIANCA DIEILE - ENSP/FIOCRUZ, CAMILA ATHAYDE DE OLIVEIRA DIAS - ENSP/FIOCRUZ, CAROLINE DIAS DE QUEIROZ - ENSP/FIOCRUZ, CRISTIANE BATISTA ANDRADE - ENSP/FIOCRUZ, GABRIELI BRANCO MARTINS - ENSP/FIOCRUZ, ISABELA SOARES SANTOS - ENSP/FIOCRUZ, JUSSARA RAFAEL ANGELO - ENSP/FIOCRUZ, MARIA NAIR RODRIGUES SALVÁ - ENSP/FIOCRUZ, MARIANA VERCESI DE ALBUQUERQUE - ENSP/FIOCRUZ, PATRICIA CONSTANTINO - ENSP/FIOCRUZ, THAÍSSA FERNANDA KRATOCHWILL DE OLIVEIRA - ENSP/FIOCRUZ, VERA LUCIA MARQUES DA SILVA - ENSP/FIOCRUZ
Contextualização As desigualdades de gênero são reproduzidas nas ciências em diversas dimensões, seja na definição do perfil das mulheres que optam pela carreira acadêmica, nas áreas de atuação selecionadas, no padrão de ocupação dos altos postos de trabalho ou na definição de agendas de pesquisa. São evidentes as relações interseccionais de classe, gênero, geração e raça que determinam a formação de cientistas, a estrutura organizacional e a produção de conhecimento no mundo.
No Brasil, as desigualdades de gênero são expressivas, sendo que o racismo e as diferenças de classe afetam de modo significativo a vida de muitas mulheres. Dados do Censo de Educação Superior de 2016, indicam que a inserção de mulheres pretas e pardas, inseridas em instituições acadêmicas, docentes de programa de pós-graduação, é inferior a 3%. Essa baixa participação resulta de herança histórica de formação da nossa sociedade, desenvolvida na escravidão e no colonialismo, e que ainda perdura nas relações sociais e estruturas acadêmicas.
A construção de uma ciência inclusiva e plural é fundamental para se criar um ambiente propício à geração de novas ideias, à inovação tecnológica, ao desenvolvimento e à justiça social. Também é essencial para que a produção de conhecimento não subsidie apenas grupos sociais mais favorecidos, mas que seja emancipatória e possibilite a construção de uma sociedade mais justa e pautada na defesa da vida e da dignidade humana.
Descrição Partindo dessas premissas, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) realizou a oficina “Mais meninas e mulheres na ENSP/Fiocruz: construindo caminhos para uma ciência emancipatória”.
O evento reuniu mais de uma centena de pesquisadoras e estudantes, com inserções e trajetórias de vida diversas, em diferentes momentos da formação acadêmica - do ensino médio ao pós-doutorado.
Após a mesa de abertura, foram realizadas quatro rodas de conversas, nas quais as participantes puderam refletir e dialogar sobre questões previamente estabelecidas pelo grupo de trabalho que organizou o evento. Na dinâmica das rodas, as participantes foram convidadas a sintetizar suas falas em uma palavra em post-its, posteriormente afixados em flip-charts montados no interior de cada roda. Para conduzir o debate, as rodas contaram com a presença de uma coordenadora, uma relatora e uma mediadora, responsáveis pela orientação e registro dos relatos.
No período da manhã, coube a reflexão acerca do significado da ciência na vida das participantes. Já no período da tarde, as duas perguntas disparadoras do debate tiveram como foco as dificuldades e os avanços percebidos na participação de mulheres e meninas; o que viabilizou a construção de um conjunto de proposições e estratégias objetivando maior equidade de gênero nas ciências.
No segundo e último dia do evento, foi realizada uma plenária, com a exposição das relatoras acerca do conteúdo debatido no dia anterior. Em seguida, buscou-se o consenso em torno das propostas elencadas.
Período de Realização Dias 17 e 18 de agosto de 2022.
Objetivos A oficina teve como propósito promover espaços de discussão sobre desafios e estratégias para a redução das desigualdades de gênero nas ciências.
Resultados As discussões da oficina foram sistematizadas em quatro relatórios específicos, posteriormente consolidados em um único relatório síntese. Também resultou em uma carta de recomendações com dezoito diretrizes distribuídas em quatro eixos principais, que foi levada para discussão no espaço de gestão colegiada da pesquisa da instituição. Foram, ainda, elaboradas duas produções audiovisuais de divulgação científica.
Aprendizados Como aprendizados, identificamos ser necessário: ampliar o apoio institucional a formulação e implantação de políticas de equidade e diversidade étnico-racial e de gênero, por meio de ações articuladas envolvendo ensino e pesquisa, agências de fomento, movimentos sociais e instituições acadêmicas; realizar estudos sistemáticos voltados para identificação e análise das desigualdades e violências de gênero nas ciências, que possam apoiar medidas voltadas para a inclusão e a diversidade; desenvolver estratégias e iniciativas que permitam superar os obstáculos socioeconômicos enfrentados por meninas e mulheres e apoiá-las na construção de trajetórias de sucesso e realização profissional; fomentar a participação, o destaque, a permanência e a pluralidade de mulheres e meninas no acesso a financiamento de pesquisas, na produção e na divulgação científica e em posições hierárquicas nas instituições científicas.
Análise Crítica A oficina evidenciou avanços nas lutas das mulheres por seus direitos no espaço do trabalho e das ciências, mas também a necessidade de promoção de espaços de diálogo intergeracional em que conquistas e desafios possam ser problematizados para o delineamento de novas estratégias de ação para a efetivação da agenda da equidade de gênero nas ciências.
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