01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO4.1 - Modos de viver das pessoas em situação de vulnerabilidade |
46844 - FLORESCENDO ESPERANÇA NO SERTÃO DA BAHIA: A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DA PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV JOSICLEIA OLIVEIRA DE SOUZA - PSICÓLOGA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA;, AMANDA BEZERRA TENÓRIO - FARMACÊUTICA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA;, ADEILTON GONÇALVES DA SILVA JÚNIOR - COORDENADOR DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA;, CÉLIA CRISTINA FÉLIX DE SOUSA - ASSISTENTE SOCIAL DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA;, MAGNA CAVALCANTI E CAVALCANTE - ENFERMEIRA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA;, SORYKLES ANASTÁCIO DE ALMEIDA SÁ - ENFERMEIRO DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO DE JUAZEIRO-BA.
Contextualização O aprimoramento do programa brasileiro para o enfrentamento ao HIV/aids tornou-se referência mundial. Destacam-se aspectos como a existência do sistema único de saúde (SUS), o diálogo com os movimentos sociais de pessoas vivendo com HIV/aids e o avanço e disponibilização da TARV (terapia antirretroviral). Outras estratégias são os recursos de prevenção à infecção pelo vírus, chamadas atualmente de prevenção combinada. Nesta, leva-se em consideração os determinantes sociais da saúde, fazendo com que a infecção por HIV seja tratada menos como um problema individual, resultante de comportamento e ação de grupos, e mais como consequência dos padrões de organização social, política, econômica ou cultural. As estratégias de prevenção combinada são diversas e incluem: testar regularmente para HIV; tratar todas as pessoas vivendo com HIV/aids; uso de preservativo interno, externo e lubrificante; redução de danos; imunizar para hepatite B, e HPV; prevenir a transmissão vertical; realizar profilaxia pós -exposição ao HIV (PEP) e realizar profilaxia pré-exposição (PrEP). A PrEP foi incorporada no Brasil pelo SUS em 2017 e é utilizada para populações prioritárias. De 2018 a 2021 estavam em uso de PrEP no Brasil, 29.989 pessoas. A população prioritária é composta por: mulheres cisgênero profissionais do sexo; usuários de substâncias psicoativas; pessoas trans e travestis; homens gays e HSH e parcerias sexuais sorodiferentes. Compreende-se que há uma desproporção entre o risco de infecção ao HIV dessa população em comparação à população em geral, resultado de uma complexidade de fatores sociais e estruturais, incluindo discriminação, estigma social, falta de acesso a serviços de saúde com qualidade e dignidade.
Descrição O início do processo se deu ao passo que a gestão estadual e projeto PREP 15-19, incentivaram a participação de profissionais do serviço do atendimento especializado (SAE) do município em uma formação de prevenção combinada com foco em PrEP em 2021 em Salvador- BA. Ao final da formação as profissionais apresentaram um projeto de implantação da PrEP no município. O gestor imediato formalizou o projeto de implantação da PrEP em 2022, juntamente a equipe técnica do serviço, construindo ciclos de formação interdisciplinar com todos os profissionais com foco na qualificação do atendimento para prevenção combinada e manejo da PrEP, fluxo dos atendimentos, incluindo diálogos com as farmacêuticas para o pedido dos medicamentos, ficha de atendimento para avaliação de elegibilidade para a Prep; divulgação da oferta de PrEP para a população. Todos os passos metodológicos tiveram o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para PrEP (PCDT) como material norteador.
Período de Realização Este processo teve a durabilidade de seis meses, sendo em abril de 2023 a primeira dispensação de PrEP disponibilizada pelo serviço.
Objetivos Este trabalho tem como objetivo descrever o processo de implantação da PrEP em um município no sertão da Bahia.
Resultados Entre os resultados da implantação da PrEP destacam-se a qualificação dos profissionais do serviço para o atendimento à população LGBTQIAPN+, diminuindo casos de LGBTfobia no serviço; o aumento da testagem rápida na população que procura a PrEP; ampliação de possibilidades de prevenção ao HIV com tecnologia fornecida pelo SUS, aumento das articulações entre os profissionais e com as redes intra e intersetoriais, acesso dos usuários de PrEP aos serviços do SAE, incluindo psicóloga, enfermeiro e assistente social e médicos, construção de vinculação terapêutica com os usuários para fortalecimento da adesão à PrEP. Como desafios iniciais apresentam-se o receio de alguns profissionais em iniciar a prescrição conforme o PCDT, solicitando exames que o protocolo não prevê como exigência para o início da PrEP, configurando uma barreira de acesso aos usuários, assim como a dificuldade do município em arcar com os exames complementares de avaliação de função renal e hepática em tempo hábil, demorando meses até a marcação destes; centralização do serviço no SAE, dificultando o acesso em âmbito territorial. Até junho de 2023 a PrEP foi dispensada para 12 usuários, com mais 29 cadastradas para adesão à profilaxia, sem nenhum abandono identificado.
Aprendizados A implantação da PrEP, neste sentido, tem trazido aprendizagens para o aprimoramento do trabalho interprofissional, da atenção especializada a determinados públicos e à discussão a respeito dos processos de vulnerabilização nos quais os usuários estão inseridos com a construção de maneiras de enfrentá-las.
Análise Crítica A implantação da PrEP nos serviços de saúde é importante ao conjunto de estratégias preventivas contra o HIV, pois fornece uma opção de prevenção complementando outras estratégias que devem ser sempre lembradas. Há uma ampliação do cuidado aos usuários de PrEP que inclui testes regulares para HIV e outras ist’s, monitoramento da função renal e adesão à medicação, acompanhamento de questões psicossociais demandadas pelos usuários
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