Comunicação Oral

01/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO8.1 - Cronicidade, deficiência e pluralidades na construção de outros possíveis

45182 - USB ACOLHEDORA: UMA PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DE SENTIDOS ENTRE SUJEITOS QUE CONVIVEM COM CRIANÇAS AUTISTAS.
DAYANA HÓMEZ RANGEL. - UFOP, ELOISA HELENA LIMA - UFOP, CARLA RENATA DE OLIVEIRA. - PMBC


Contextualização
Contextualização: Após a realização do diagnóstico de saúde por Estimativa Rápida Participativa na Equipe de saúde da família (ESF) Dr. Linneu de Oliveira Lara, realizado entre janeiro a agosto de 2022, identificou-se como problema priorizado a perda de vínculo dos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias com a ESF. Foram identificados no município 94 pacientes com TEA, que representam 1,57% da população infantil. Em conversa com alguns pais, identificou-se como queixa recorrente a falta de recursos individuais para lidar com questões diárias relacionadas ao TEA e a dificuldade para encontrar meios de aprendizagem e orientação sobre o tema dentro do município. Alguns dos profissionais que compõem equipe da UBS relatam pouco conhecimento sobre o assunto e grande apreensão na hora de abordar as famílias.

Descrição
Inicialmente foi realizada uma busca na literatura seguida pela construção de um Plano de Ação, resultando na criação do projeto UBS acolhedora que propõe a educação em saúde e a capacitação profissional e familiar. O desenvolvimento de atividades educativas de capacitação esteve orientado pelas concepções de metodologias ativas, utilizando-se como instrumento a realização de rodas de conversas (RC) e a problematização com enfoque na Educação Popular. Os objetos de intervenção foram os profissionais da ESF e as famílias de crianças autistas da área de abrangência. O local de implementação foi a Unidade de Saúde Centro em Barão de Cocais, MG. Na tentativa de alcançar os objetivos traçados neste projeto, propôs-se a abordagem dos conteúdos programáticos nas rodas de conversa em cinco tópicos distintos, sendo estes: 1. Diagnóstico; 2. Tipos de tratamentos; 3. Necessidades de acompanhamento multiprofissional; 4. Aspectos legais que envolvem o autismo como deficiência; 5. Principais manifestações nas pessoas com TEA – abordagem no marco familiar, escolar e profissional. 6. Alterações comportamentais e da fala, abordagem e tratamento.

Período de Realização
O período da realização do projeto foi entre outubro de 2022 e maio de 2023.

Objetivos
Construir experiências de acolhimento e diálogo sobre o Transtorno do Espectro do Autismo entre profissionais e usuários de uma ESF por meio de rodas de conversa (RC).

Resultados
Foram realizados oito encontros, cada um teve um tempo estimado de 3 horas e se iniciou com uma situação-problema apresentada ao grupo, dando a oportunidade aos membros de discutir, interagir e manifestar suas percepções e contribuições, explorando o conhecimento prévio de cada participante, facilitando a produção de conhecimentos através da sabedoria popular; neste caso das mães. Para cada encontro foi convidado um profissional do NASF com capacitação sobre o tema proposto e membros da comunidade com experiência na área. Ao final da discussão, o convidado realizou apontamentos sobre o tema, acrescentando conclusões e sínteses, respondendo a perguntas surgidas durante o debate. A avaliação da atividade foi feita por meio da Autoavaliação do Grupo, realizada com a retomada da situação-problema inicial e o posicionamento dos participantes ante o mesmo caso. Após as discussões realizadas pelo grupo, também foi preenchido o diário de campo das RC para registro de experiências e possíveis intervenções.


Aprendizados
Acreditamos na potencialidade da utilização das rodas de conversa e da educação popular como instrumento metodológico para a capacitação profissional e para a educação permanente em saúde, pois possibilitou uma discussão participativa, democrática, a qual partiu das vivências que cada sujeito possui sobre o assunto em debate – o TEA. A capacitação com auxílio das experiências individuais e coletivas das mães, auxiliado com a participação dos profissionais do NASF, permitiu uma melhor compreensão e sensibilização dos profissionais da Atenção Básica na condução e coordenação do cuidado desde as equipes de Saúde da Família. Ao mesmo tempo permitiu a melhoria nas habilidades dos participantes no manejo de situações cotidianas relacionadas aos pacientes com TEA e favoreceu o vínculo ESF-paciente-família, potencializando a resolutividade da ESF e a integralidade no atendimento. Os participantes avaliaram a atividade de forma positiva pelo que foi proposto por parte da administração municipal a expansão do projeto para todas as unidades de saúde do município. Foi criado um logo próprio com aprovação dos participantes e que identifica as unidades de saúde que participam do projeto.

Análise Crítica
A realização dos encontros a partir de situação-problema apresentada ao grupo, deu a oportunidade aos membros de discutir, interagir e manifestar suas percepções e contribuições, explorando o conhecimento prévio de cada participante, facilitando a produção de conhecimentos através da sabedoria popular; neste caso das mães.