01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO9.1 - Racismo, PNSIPN e diferentes espaços de formação |
47845 - VIOLÊNCIA, JUVENTUDE NEGRA E SAÚDE: DESAFIOS PARA O ENFRENTAMENTO DO RACISMO NO CAMPO DA SAÚDE ÉRICA PEREIRA DE LIMA - UFPE
Apresentação/Introdução O presente trabalho aborda a relação entre cor da pele, violência e os enfrentamentos no campo da saúde. Parte-se do pressuposto que a problemática da escravidão é uma categoria fundamental para compreensão da formação social e racial no Brasil, incidindo nas relações. Entende-se o racismo, enquanto um elemento estrutural na nossa sociedade, sendo possível, através do sistema escravista, encontrar suas bases nas relações de trabalho e que se espraia em diversos campos da sociedade brasileira.
Objetivos Fomentar a discussão sobre a violência enquanto determinação social da saúde da juventude negra e os desafios na saúde.
Metodologia Optou-se pela abordagem qualitativa. Objetivando o desvelamento da realidade, o método adotado foi o método materialista histórico e dialético. Tal método exige um constante exercício reflexivo para captar o movimento do real e suas contradições, sendo, dessa maneira, possível a reprodução na esfera intelectual e a transformação(FILHO,2015).
Para finalidade do artigo foram realizadas leituras de artigos e produções do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), além teses e revistas da área de Serviço Social relacionados à temática em tela.
Resultados e discussão Para compreensão do fenômeno da violência alarmante que vitimiza em maior frequência a população negra é imprescindível salientar que a escravidão negra no Brasil é um fator determinante para o surgimento de atos discriminatórios neste país. No que se refere à saúde, a qual é determinada socialmente, uma vez que é influenciada por “relações sociais e econômicas que engendram formas de acesso à alimentação, à educação, ao trabalho (...) entre outros aspectos (...)” (BUSS; CARVALHO, 2008, p.151),ressalta-se que o racismo é um determinante social da saúde, pois:
A associação entre certas predisposições genéticas, discriminação e falta de inclusão democrática dos negros na composição social e histórica do Brasil acarretou a este segmento populacional problemas de saúde de outras naturezas, que os deixa em situação pior do que o restante da população, por exemplo, na hipertensão arterial, na desnutrição, na mortalidade materna infantil, por causas violentas ou tuberculose, entre outros problemas (GOULART; TANNÚS, 2007, p.52).
Outra determinação social da saúde da população em tela é a violência, pois este fenômeno não está restrito à área da saúde, mas a esta relaciona-se, uma vez que "(...) altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como realidade ou possibilidade próxima" (AGUDELO,1990,p.01). Ainda sobre violência, confome Minayo (1997), considera-se que só é possível entender este fenômeno nos marcos das relações sociais, políticas, econômicas e culturais de cada sociedade.
Conclusões/Considerações finais A abolição não representou o fim da exploração e dominação instaurada por determinantes raciais, assim como não acabou a violência sofrida pela população negra, muito pelo contrário, após a abolição ocorreu um processo de estruturação da questão racial, o que acabou modernizando os determinantes.
Consoante Almeida (2018, p. 38) “[...] o racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e nem um desarranjo institucional”.
Ao analisar-se a incidência da violência, percebe-se que a juventude negra sofre intensamente as chagas deste fenômeno. De acordo com dados do Atlas da Violência(2020), o assassinato de negros cresceu 11,5% em 10 anos, sendo os homicídios a principal causa dos óbitos dos homens negros, representando 55,6% das mortes de jovens entre 15 e 19 anos.
Conclui-se que é necessário o reconhecimento de que, no Brasil, há desde os tempos mais remotos uma cidadania restrita, o que incide diretamente no acesso e usufruto da população negra a bens e serviços, e a invisibilidade das particularidades no campo da saúde, reforçando o mito da democracia racial, que mascara elementos estruturais, como o racismo institucional.Mas o aprimoramento desse debate pode trazer contribuições para a saúde da população negra, em especial, as mazelas que incidem nesta população.
Uma breve reflexão sobre as consequências do racismo nas relações nos remete a problemáticas vinculadas à escravização da população negra que por ela foram agravadas. Indagações como as variadas formas de miséria, pobreza, exclusão social, desigualdade de renda, desemprego e privações e/ou ausência de direitos são acumuladas e manifestadas na realidade.
Por fim, a democracia racial consiste em um mito, sendo importante problematizar no espaço público a relação entre violência e cor da pele. Ressalta-se, enfim, que a área da saúde não deve responder os casos de violência apenas de forma curativa, mas principalmente por meio de estratégias de promoção e prevenção.
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