01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO11.1 - Envelhecimento, pandemia de Covid-19 e interseccionalidades |
48185 - A INVISIBILIDADE DA POPULAÇÃO IDOSA INDÍGENA BRASILEIRA: UM OLHAR A PARTIR DA BIBLIOMETRIA. YAN NOGUEIRA LEITE DE FREITAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, KENIO COSTA LIMA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, IGOR MIGUEL LAGO CECÍLIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, ALESSANDRA MARIA COUTO NEVES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Apresentação/Introdução A invisibilidade da população indígena no Brasil se traduz a partir da dificuldade em se obter informações fidedignas dos povos tradicionais em nosso contexto. O preconceito, a violência e a falta de representatividade social contribuem para a ausência do acesso à saúde e demais direitos constitucionais dos nativos brasileiros. Tudo isso reflete na produção do conhecimento científico acerca dessa população, sobretudo no que diz respeito à população idosa indígena.
Objetivos Descrever e analisar o perfil das publicações científicas na área da saúde acerca da população idosa indígena brasileira.
Metodologia Foi realizada uma revisão bibliométrica, sem restrição quanto ao período de tempo, nas principais bases de dados da área da saúde: PubMed/Medline, Scopus, Web of Science, Embase e Lilacs. Os dados foram coletados por dois pesquisadores independentes, treinados e calibrados. Foram considerados para esta revisão artigos científicos publicados em português, inglês e espanhol, que tenham investigado a população idosa indígena brasileira, em qualquer contexto e etnia. Estratégias de busca foram organizadas e adaptadas para cada base de dados a partir dos MeSH Terms: Aged; Elderly; Indigenous People; First Nation People; Native People; Native-Born; Tribes; Indigenous Population; Brazil, utilizando os operadores booleanos AND e OR. O software Rayyan foi utilizado para a coleta dos dados. Os artigos selecionados foram organizados a partir do ano de publicação, título, autoria, periódico, base da dados, objeto de estudo e delineamento.
Resultados e discussão As buscas retornaram um total de 304 estudos. Após a leitura dos títulos e resumos, 7 (2,3%) artigos foram selecionados para a leitura na íntegra e todos foram incluídos na revisão. Os estudos foram publicados entre os anos de 2011 e 2023. Desses, apenas 2 (28,6%) estudaram uma amostra 100% idosa, a partir de pesquisas qualitativas a fim de investigar o papel dos indígenas mais velhos na dinâmica social/cultural dos povos Guarani-Mbyá e Kaingang nos estados de São Paulo e Paraná, respectivamente. Embora o foco dos demais estudos não tenha sido os indígenas idosos, em todos eles as amostras incluíram a faixa etária dos 60 anos ou mais de idade. Estes estudos foram conduzidos a partir de um delineamento observacional, dos quais 3 (60%) são estudos do tipo ecológico, 1 (20%) transversal individuado e 1 (20%) do tipo caso-controle. Quanto ao cenário dos estudos, em apenas 2 (20%) deles se estudou, especificamente, os indígenas da região norte do Brasil. Em 60% dos estudos o desfecho investigado foi a mortalidade, onde em um deles se investigou a mortalidade por covid-19. Apenas 1 estudo (20%) está indexado em um periódico internacional e 4 (80%) estão indexados em periódicos com qualis A.
Conclusões/Considerações finais Percebe-se, portanto, uma escassez de estudos cujo foco seja a população idosa indígena no contexto brasileiro. Sabe-se que o contexto histórico, cultural e de desenvolvimento do nosso país têm contribuído para a invisibilidade da população indígena no Brasil, refletindo na produção do conhecimento científico dessa população. Portanto, entende-se que há uma necessidade de se fomentar a produção acadêmica nesse cenário, a fim de subsidiar discussões que contribuam para romper essa invisibilidade, sobretudo no que diz respeito às pessoas idosas.
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