01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO12.1 - Epistemologias da Saúde desde o Sul: Pensamento crítico latino-americano e a virada decolonial |
47325 - CONTRIBUIÇÕES GEOGRÁFICAS NA INTERFACE AMBIENTE E SAÚDE: APROXIMAÇÕES A PERSPECTIVAS CRÍTICAS HELOÍSE CANAL - UFRGS
Apresentação/Introdução A Geografia desempenha um papel essencial na compreensão do conceito de ambiente e oferece abordagens diversas nos estudos ambientais. Embora o conceito de ambiente não seja exclusivo da Geografia, argumenta-se que essa disciplina tem contribuído de forma crucial ao desenvolver perspectivas teóricas e metodológicas que enriquecem diferentes áreas, incluindo a Saúde Coletiva.
Objetivos O objetivo desta pesquisa foi aprofundar a compreensão da relação entre conceitos de ambiente e território, buscando uma abordagem crítica no contexto da Geografia.
Metodologia Realizou-se uma revisão de literatura que abrangeu estudos de geógrafos(as) dedicados ao debate conceitual sobre o ambiente. A pesquisa examinou a evolução histórica do conceito de ambiente, desde suas concepções nas ciências exatas e naturais até sua integração nas ciências sociais e humanas, destacando a influência das correntes teóricas da Geografia Crítica e da Geografia Humanista-Cultural.
Resultados e discussão Atualmente, o conceito de ambiente tem incorporado novas possibilidades epistemológicas que surgiram a partir do surgimento da "questão ambiental" na década de 1960. Há uma tendência crescente de incorporar uma "dimensão humana" em campos de estudo voltados para a natureza, reconhecendo o impacto das atividades humanas na superfície terrestre, como evidenciado pelo conceito de antropoceno. Da mesma forma, existe uma crescente tendência de incorporar uma "dimensão natural" em campos de estudo voltados para a sociedade, buscando integrar a dimensão biofísica à dimensão social. Na Geografia, houve duas direções na abordagem ambiental e no conceito de ambiente: uma com base epistemológica nas ciências exatas e naturais e outra nas ciências sociais e humanas. Os debates impulsionados pelas correntes teóricas da Geografia Crítica e da Geografia Humanista-Cultural questionaram a separação entre sociedade e natureza, destacando a importância de considerar a dimensão social na problemática ambiental e as preocupações sobre os limites das sínteses naturalistas. Recentemente, têm surgido novas abordagens que enfatizam a articulação conceitual entre ambiente e território, reconhecendo que a questão ambiental se manifesta por meio de conflitos territoriais relacionados à apropriação da natureza. A tarefa da Geografia vai além da análise dos impactos ambientais negativos, envolvendo também a compreensão da cultura, economia e política que sustentam essa relação.
Conclusões/Considerações finais A abordagem territorial traz uma espacialidade ao conceito de ambiente que destaca as relações entre os sujeitos e sua representação do ambiente, assim como os conflitos ambientais, enfatizando a dimensão do espaço relacional. Essa abordagem ressalta a existência de grupos específicos que possuem uma relação direta com a qualidade ambiental e que são especialmente vulneráveis aos conflitos ambientais. No Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe, esses grupos incluem comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e assentados rurais. Esses grupos enfrentam desafios relacionados, por exemplo, à demarcação de terras, uso de agrotóxicos, conflitos agrários e ameaças a áreas e territórios protegidos. É de extrema importância ressaltar a relevância dessa abordagem, uma vez que ela se baseia em autores brasileiros da Geografia e da Saúde Coletiva, que contribuem para dar visibilidade a problemáticas específicas de saúde e ambiente em contextos marcados pelas desigualdades sociais e territoriais, como é o caso do Brasil. Essa associação entre as lógicas ecossistêmicas e territoriais pode ampliar a compreensão da relação entre saúde e ambiente no âmbito das ciências sociais e humanas, bem como do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no campo da Vigilância em Saúde.
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