47014 - A CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO NA GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ BRUNO BARROS ANCHIETA - UNIFESSPA, NAYARA LUCENA TORRES - UNIFESSPA, MARIA EDUARDA SILVA SANTOS - UNIFESSPA, CÉSAR AUGUSTO PARO - UNIFESSPA
Contextualização A Saúde Coletiva trata-se de um campo de saberes e práticas amplo e essencialmente interdisciplinar, fundamentado na Epidemiologia, no Planejamento/Administração em Saúde e nas Ciências Sociais e Humanas em Saúde. Essa área do saber busca compreender o processo saúde-doença-cuidado contextualizado com a estrutura da sociedade), sendo relacionado por fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.
Dada a relevância que esta área do saber tem para a produção da saúde, todas as profissões de saúde, as nucleadas na clínica ou na reabilitação ou no cuidado, todas, em alguma medida, deveriam incorporar em sua formação e em sua prática elementos da saúde coletiva. Ao mesmo tempo, desde o primórdio de sua constituição, a Saúde Coletiva não só serviu de campo de saberes e práticas para apoiar as demais profissões da áreas da saúde, mas também, enquanto um núcleo de saberes e práticas que demarca a identidade de uma área de prática profissional, trouxe a figura do sanitarista.
Por sanitarista, entende-se um profissional que tem como perfil geral o conhecimento de doenças, agravos, riscos e determinantes voltados para os aspectos que, de forma coletiva, facilitam ou obstaculizam sua ocorrência ou seu progresso, reservando o atendimento personalizado para os tradicionalmente graduados desenvolverem.
Por muito tempo, a formação de sanitaristas se dava por meio de pós-graduação stricto e lato sensu na área, mas, mais recentemente, houve o advento da formação graduada, com a criação dos Cursos de Graduação em Saúde Coletiva (CGSC).
Descrição Com vistas a atender as políticas extensionistas, o CGSC da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) adotou duas modalidades de componentes curriculares: o componente curricular específico de extensão e o componente curricular não específico de extensão.
Período de Realização O CGSC da Unifesspa nasceu em 2014 e a proposta mais recente de curricularização está em discussão desde 2022.
Objetivos Apresentar a proposta de curricularização da extensão no CGSC da Unifesspa, Marabá, Pará.
Resultados Do primeiro ao sexto semestre, existem em cada um destes períodos um componente específico de extensão, que são os Seminário Integrados, o que conta 204 horas das 3.214 horas do curso. Estes utilizam referenciais teóricos dos componentes em curso no referido semestre para a problematização dos fatos e eventos, resultando em uma metodologia ativa inovadora para a produção do conhecimento. Esta articulação entre teoria e prática oferece condições para o egresso, que lidará no cotidiano de sua atuação profissional com a intersetorialidade que abrange ações dentro de esferas maiores que compreendem políticas públicas, planejamento e gestão, levantamento de perfis de saúde-doença-cuidado, e implantação e desenvolvimento de ações de pesquisa, comunicação, educação e promoção da saúde. A cada semestre, novos projetos, programas, cursos, eventos e prestações de serviços são desenvolvidos, o que deriva das pactuações interinstitucionais que a universidade vem construindo junto com os diversos serviços do Sistema Único de Saúde, bem como com diversas instituições sociais do território marabaense.
Além disso, outros oito componentes curriculares possuem carga horária extensionista, desenvolvendo ações em temáticas específicas, como: Políticas Públicas e de Saúde; Educação e Promoção da Saúde; Antropologia aplicada à Saúde; Gestão e Planejamento em Saúde; Educação Popular em Saúde; Abordagens do Cuidado em Saúde Coletiva; Gênero, Raça e Etnia; e Estratégia Saúde da Família.
Aprendizados A curricularização da extensão tem permitido formar sanitarista que desenvolvem não só competências técnicas, mas também que possuem uma visão crítica sobre a realidade social e que protagonizam a busca de soluções por meio do diálogo e da interação comunitária. Temos aprendido que “extensionar” tem sido uma ótima forma de interagir com a sociedade e de que construir uma universidade democrática, diversa e plural.
Análise Crítica Ainda que o Projeto Pedagógico do Curso já tenha incorporado uma proposição que respeita as normativas institucionais nacionais e locais relativas à extensão, o percurso para que a extensão seja incorporada na formação ainda é longo e cheio de desafios. A integração ensino-serviço-comunidade necessita ser aprimorada constantemente e o diálogo entre a universidade e sociedade tem as diversas tensões/repercussões das questões políticas locais, num contexto de coronelismo e de sucateamento das políticas públicas, sobretudo as de saúde. Os recursos financeiros para desenvolver ações são escassos e, por vezes, muitos ajustes precisam ser feitos. Com uma tônica muito forte no cumprimento dos indicadores de saúde por parte da gestão da saúde, por vezes valoriza-se mais produtos do que processos, o que dificulta a construção de projetos com potenciais emancipatórios junto à comunidade.
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