Comunicação Oral

01/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO14.1 - Gênero, cuidado, saúde e trabalho

48065 - PERCEPÇÕES MATERNAS SOBRE OS CUIDADOS PATERNOS DE CRIANÇAS COM SCZV
GABRIELA SOUZA DE OLIVEIRA SAMPAIO - ISC/UFBA, JORGE A. B. IRIART - ISC/UFBA, MÔNICA ANGELIM GOMES DE LIMA - PPGSAT/UFBA


Apresentação/Introdução
A crise imposta pelo Zika parece cronificar a divisão sociossexual do trabalho a partir da produção da SCZV, provocando ainda mais desigualdades entre homens e mulheres ao destacar o protagonismo de mulheres nos cuidados com as crianças. Esta produção é um subproduto de uma pesquisa interessada nos cotidianos de trabalhos produtivo e doméstico de mães de crianças com SCZV e se debruça sobre a percepção materna sobre os cuidados paternos.


Objetivos
Conhecer as percepções maternas acerca do cuidado paterno de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) a partir das suas interações intersubjetivas cotidianas com estes e compreender como, a partir destas, elas contribuem para manter, transgredir ou reproduzir a dinâmica da divisão sexual do trabalho.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de base fenomenológica, desenvolvida a partir de entrevistas semiestruturadas e em profundidade com 15 (quinze) mulheres usuárias de uma importante ONG baiana sobre a temática de cuidado de crianças com deficiências, escolhidas a partir de critérios de participação específicos.

Resultados e discussão
Três categorias de análise foram construídas, agrupando as percepções, sendo a) o cuidado paterno do tipo “profissional”, mulheres qualificam os pais como realizadores de ações pontuais, distantes afetivamente e com menor sobrecarga; b) o cuidado de “retaguarda”: os pais estão realizando funções que às vezes não estão ligadas diretamente a criança (comprar remédios, pagar escola, dirigir). Quando realizam ações diretas, fazem após os cuidados maternos; c) Para elas, há uma “natural” incapacidade masculina para as demandas emocionais do cuidado, sendo fracos para aguentá-las, embora sejam “fortes” para suportarem tarefas que exijam força física (empurrar a cadeira de rodas).


Conclusões/Considerações finais
As percepções e ações femininas contribuem para a pujância da figura materna nas vidas infantis, a partir da visão “natural” acerca da atuação dos pais nos cuidados infantis. Há admiração das ações paternas de cuidado que se dão a partir de novas parentalidades contemporâneas, embora elas desejam uma participação mais ativa destes. Faz-se necessário estudos com famílias diferentes das tradicionais, com a finalidade de observar como opera “gênero” na divisão dos cuidados de crianças com deficiências.