01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO15.2 - Promoção, educação e comunicação em/na saúde |
46454 - AMBULATÓRIOS TRANS DO SUS: A COMUNICAÇÃO COMO CHAVE DO SERVIÇO JULIANA MICHELOTTI FLECK - MINISTÉRIO DA SAÚDE, SALETE SAIONARA DOS SANTOS BARBOSA - MINISTÉRIO DA SAÚDE, ALINE GUIO CAVACA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Contextualização Este trabalho foi elaborado a partir da percepção da necessidade de conferir visibilidade aos serviços de ambulatório que atendem pessoas transexuais e transgênero, incluindo as que buscam informações sobre o processo transexualizador. Acredita-se que há uma ausência de ações planejadas e de materiais de divulgação desses serviços, situação agravada pelo contexto sócio sanitário causado pela pandemia de Covid-19.
Descrição
A metodologia aplicada trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, realizada com base em grupos focais junto a profissionais atuantes nos ambulatórios trans e pessoas trans usuárias ou não dos serviços de saúde. A partir dos grupos, foi elaborado um diagnóstico para estruturar um plano de comunicação que pudesse ser aplicado e replicado de forma autônoma, no interesse de cada público específico.
Período de Realização A pesquisa iniciou-se em 2021, devido ao contexto sócio sanitário da pandemia da Covid-19, foram realizados 3 grupos focais, via Plataforma Digital Zoom, com participantes das cinco regiões do país, sendo um grupo focal composto por pessoas trans, um grupo focal composto por profissionais de saúde e um último grupo que promoveu o encontro dos dois grupos, para validação dos achados de forma conjunta. O encontro de cada um dos grupos teve a duração de aproximadamente duas horas e trinta minutos. O material resultante dos encontros foi transcrito e analisado por meio de análise de conteúdo, gerando três categorias comuns aos dois grupos: 1) Retratos: história de vida do participante; 2) Conhecimento dos serviços dos ambulatórios trans e; 3) Comunicação nos ambulatórios trans.
Objetivos O trabalho mapeou dificuldades de comunicação nos serviços de saúde que atendem pessoas transexuais, analisando estratégias possíveis para apoiar a visibilidade desses ambulatórios, como estímulo de acesso aos serviços.
Resultados A partir dessa pesquisa, elaborou-se um plano de comunicação a ser desenvolvido por meio das redes socias, Instagram, Facebook e WhatsApp, com o envolvimento de todos os atores-chave, propondo conteúdos promotores de engajamento, inspirados pelo conceito elaborado neste processo: “O Caminho Trans, é uma luta por respeito, dignidade e Identidade de Verdade”. Além disso, foram disponibilizadas as artes dos materiais de forma gratuita, facilitando a reprodução dos mesmos por vários ambulatórios do país.
Aprendizados Os relatos revelaram que, mesmo com muitas dificuldades, os usuários dos ambulatórios trans estão satisfeitos com os serviços ofertados e acham relevante a realização de ações de divulgação dos serviços para a comunidade trans, assim como para a população em geral, a fim de gerar conhecimento e aceitação desta população dentro a família, espaços sociais, de trabalho e principalmente na melhoria no acolhimento nos serviços de saúde. Os profissionais de saúde, pontuaram que, apesar dos avanços, ainda falta um caminho a ser pavimentado pela frente, já que muitos serviços ainda não possuem a estrutura necessária para atendimento da demanda desta população, ainda falta uma articulação em rede para que seja possível agilizar encaminhamento locais entre os ambulatórios, serviços de saúde e hospitais, pois ainda não há hospitais para procedimentos cirúrgicos em todas as capitais do país. Além disso, prevalece a falta de vontade política para atender e normalizar os processos e encaminhamentos necessários para o atendimento a esta população, além da disponibilização de verbas para investimento em profissionais, estrutura e investimento em comunicação.
Análise Crítica Esta pesquisa buscou desenvolver uma prática dialógica junto aos protagonistas, pessoas trans e profissionais que atuam nos serviços de saúde do Brasil, que compartilharam experiências e desafios no caminho do processo de transexualização. O estudo permitiu o reconhecimento de dificuldades enfrentadas na comunicação entre usuários e serviços de saúde, desde o desconhecimento dos ambulatórios como um serviço gratuito e especializado até os obstáculos de acesso para os usuários, potencializados pelo estigma e pela discriminação.
É preciso ter a comunicação em saúde como pauta pela humanização, pelo respeito ao nome social ligado à identidade de gênero e pela dialogicidade entre os envolvidos.
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