Comunicação Oral

01/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO15.2 - Promoção, educação e comunicação em/na saúde

47503 - O QUE NOS REPRESENTA? PRODUÇÃO COLETIVA DA IDENTIDADE VISUAL DO PROJETO “MENOS PRECONCEITO É MAIS SAÚDE: DIVULGAÇÃO CIENTIFICA E SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT DE MINAS GERAIS”
MARIA DE LOURDES MENEZES - ESP-MG, JULIANA LÚCIA COSTA SANTOS MORAES - ESP-MG, LUÍSA DE-LAZZARI BICALHO PEIXOTO RESENDE - ESP-MG, MARIA JOSÉ NOGUEIRA - ESP-MG


Contextualização
O Projeto Menos Preconceito é Mais Saúde: Divulgação Científica e Saúde da População LGBT desenvolvido pela Escola de Saúde Pública (ESP-MG) e parceiros tem por objetivo promover a divulgação científica das temáticas relacionadas à saúde da população LGBT, visando diminuir a discriminação e o preconceito institucional que representem obstáculos de acesso aos serviços e cuidados com a saúde dessa população. O projeto está ancorado nos referenciais teóricos e metodológicos da saúde coletiva e das ciências sociais para abordar conceitos como saúde, equidade, gênero, integralidade e outros que permeiam a temática. No campo da Comunicação Pública da Ciência (CPC) nos aproximamos da teoria do Agir Comunicativo de Jurgen Habermas e da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, nas quais destaca-se o significado reflexivo da comunicação. A participação dos atores da comunidade LGBTIAP+ em todas as fases do projeto (produção da identidade visual, elaboração de conteúdo para as redes sociais, elaboração e validação de peças de divulgação científica) está pautada nas premissas do modelo dialógico de construção de conhecimento. Portanto, reconhece-se que as narrativas dos membros da comunidade LGBTIAP+ constituem um campo privilegiado para que possamos compreender as necessidades de saúde desse público, o que nos remete ao conceito de lugar de fala proposto por Djamila Ribeiro. Segundo a autora, a hierarquia estruturada na nossa sociedade faz com que as produções intelectuais, saberes e vozes dos grupos minoritários, marginalizados socialmente, sejam tratadas de modo inferior, fazendo com que as condições estruturais os mantenham em um lugar silenciado. Assim, reconhecendo essa premissa, realizou-se o desenho do projeto priorizando a participação dos membros da comunidade LGBTIAP+.

Descrição
Realização de uma roda de conversa na ESP-MG, denominada “O que nos representa?”, com o objetivo de dar início à criação da identidade visual do projeto, que é composta por: logo, tipografia, definição da paleta de cores, materiais de divulgação e artes para redes sociais. A técnica utilizada para levantamento das sugestões dos representantes da comunidade LGBTIAP+ foi "tempestade de ideias", com a colaboração de duas profissionais de Comunicação da ESP-MG. As sugestões levantadas serão utilizadas na elaboração de três propostas que serão compartilhadas como grupo para contribuições e eleição da proposta mais aderente à totalidade do movimento LGBTIAP+.

Período de Realização
2 horas de roda de conversa em junho de 2023

Objetivos
Compartilhar a experiência de elaboração participativa da identidade visual do projeto.

Resultados
Ao todo participaram 28 pessoas, representando: ESP-MG, Secretaria de Estado de Saúde-MG, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública-MG, Fundação João Pinheiro, Universidade Federal de Ouro Preto, Prefeitura de Belo Horizonte e movimentos sociais LGBTIAP+. A maioria dos participantes são profissionais que atuam no campo das políticas públicas e da saúde. Em termos do perfil de escolaridade, temos como a última titulação: 2 ensino médio, 5 graduação, 7 especialização, 10 mestrado, 4 doutorado. No que tange ao gênero: 18 mulheres cis, 5 homens cis, 1 pessoa não binária, 1 transmasculine intersexo, 1 travesti. Na orientação sexual: 5 gays, 2 bissexuais, 1 lésbica, 2 pansexuais, 1 queer e 11 heterossexuais. Seguindo a metodologia da tempestade de ideias a facilitadora estimulou os participantes a trazerem, de maneira livre, individual ou coletiva, símbolos, elementos e narrativas que pudessem representar a comunidade LGBTIAP+ em sua integralidade. As ideias foram colocadas em cartazes e contabilizaram o total de 37 elementos assim distribuídos: 4 desenhos, 28 palavras, 3 narrativas e 2 símbolos. Verificou-se a preponderância de ideias que unificam as lutas dos diversos segmentos LGBTIAP+ em uma mesma busca por reconhecimento e visibilidade. Foram coletadas mais palavras e representações referentes a sentimentos que aproximam as pessoas (união, respeito, mãos dadas, empatia, etc), a necessidade de compartilhar os conhecimentos (luta, diálogo, propagação, reverberar, intersetorialidade, etc.), ideias estruturantes (equidade, interseccionalidade, intersaberes, etc.).

Aprendizados
A experiência proporcionou reconhecer a heterogeneidade da comunidade LGBTIAP+ refletida nas diversas letras que representam as lutas por representatividade, bem como a necessidade de escuta das histórias de vida de seus membros, para qualificar e legitimar o desenvolvimento das ações do projeto.

Análise Crítica
Ao final do processo ficou destacada a importância do lugar de fala para garantir a legitimidade dessa construção, tendo em vista a riqueza e multiplicidade de olhares e saberes presentes na diversidade da comunidade LGBTIAP+. Apesar dos avanços no âmbito dos direitos ainda persistem práticas cotidianas de desrespeito. Acreditamos que a divulgação cientifica seja um mecanismo importante que possibilite uma visão de mundo menos cisheteronormativa, contribuindo assim para a consolidação da cidadania LGBTIAP+.