Comunicação Oral

01/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO16.1 - Temas de Saúde Reprodutiva

48212 - O PRÉ-NATAL DO PAI COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE DO HOMEM: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA-AÇÃO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA.
BIANCA PEZZINI SOUZA DA SILVA KLAYN - UFF, CLÁUDIA REGINA SANTOS RIBEIRO - UFF


Apresentação/Introdução
Esse trabalho é parte da dissertação de mestrado O pré-natal do pai como estratégia de promoção de saúde do homem: uma experiência de pesquisa-ação em uma unidade de Saúde da Família, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família- PROFSAÚDE/UFF, fruto de uma pesquisa de intervenção, com abordagem qualitativa, realizada na Estratégia de Saúde da Família Nova Angra II, do município de Angra dos Reis-RJ.
O envolvimento ativo dos homens durante a gestação, puerpério e posterior cuidados com o/as filho/as têm se mostrado fundamentais no fortalecimento do vínculo familiar, na redução da violência doméstica de gênero, na motivação ou encorajamento na promoção da prática do aleitamento materno e na promoção do autocuidado dos homens/pais (OLIVIERA, 2018).


Objetivos
Construção, implementação e avaliação de um fluxo de pré-natal do pai visando promover a inclusão do homem-pai no pré-natal como estratégia para a melhoria dos cuidados da gestante e do bebê e, principalmente, a promoção dos direitos em saúde do homem.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa ação com abordagem qualitativa de cunho exploratório que recorreu à observação participante e à entrevista semiestruturada como técnicas de construção dos dados que subsidiaram a confecção do fluxo. Nessa fase, participaram as oito profissionais da unidade; duas profissionais de saúde do município, e dez casais cis heteronormativos que realizavam o pré-natal na unidade. Para a avaliação do Fluxo foi realizado um grupo focal com as profissionais da unidade e entrevistas semiestruturadas com três casais.


Resultados e discussão
De acordo como as entrevistas realizadas com as profissionais de saúde, verificaram-se, na maioria das falas: a percepção da baixa presença dos homens na unidade comparada às mulheres; o baixo interesse masculino nos cuidados com a própria saúde, mas o aumento do número de homens quando em idade avançada e que os demais homens buscam a unidade para pronto atendimento de demandas aguda em saúde. Tais resultados já foram verificados em outras pesquisas (OLIVEIRA, 2018; SANTANA; GONÇALVES, 2020).
Consideraram que a falta dos homens nos serviços de saúde é consequência de questões culturais relacionadas com a construção da masculinidade marcada pela forte presença do machismo e pela valorização do papel de provedor da família, observações verificadas por outros estudos (OLIVEIRA, 2018; SANTANA; GONÇALVES, 2020).
Para a criação do fluxo do pré-natal do pai, o estudo utilizou como base orientadora o Guia do Pré-natal do Parceiro para Profissionais de Saúde do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018b), a Cartilha da Unidade de Saúde Parceira do Pai da SMS-RJ (BRANCO et al., 2009), o Fluxo de envolvimento de homens no pré-natal (GOMES et al., 2016, p. 87) e o Fluxo criado no Município de Ribeirão Preto- SP.
Sobre a avaliação do fluxo foi realizado um grupo focal com as profissionais de saúde, que prestam assistência na unidade de saúde. Quando perguntadas sobre quais foram as principais dificuldades enfrentadas na criação do pré-natal do pai, elas relataram a falta de envolvimento da recepção no convite desse pai/parceiro para a primeira consulta de pré-natal.
Em relação às principais dificuldades para inserção do homem no pré-natal, as profissionais da equipe atribuíram ao horário de funcionamento da unidade, que coincide com o horário de trabalho dos parceiros. Com relação a isso, é importante informar que, a partir do dia 9 de março de 2022, iniciamos o horário estendido na unidade de saúde, o que tem contribuído para a ampliação do acesso dos homens na unidade.
Na entrevista de avaliação com os casais participantes do fluxo os “pais de primeira viagem”, mostraram-se satisfeitos com a participação do parceiro durante o pré-natal. A gestante sinalizou que a relação deles já era de parceria e que, com a participação do esposo, sentiu-se apoiada e segura. Essa percepção de apoio sentida pela gestante também é constatada em outros estudos (CARDOSO et al., 2018; CAVALCANTI; HOLANDA, 2019).


Conclusões/Considerações finais
Observou-se a presença de barreiras culturais referentes às masculinidades, paternidade e maternidade, que precisam ser temas de discussão na unidade através da Educação Permanente em Saúde e de rodas de conversa com os/as usuários/as.
A sensibilização das gestantes sobre a importância da presença do companheiro deve acontecer em todo momento oportuno, buscando-se valorizar a paternidade nas ações do pré-natal por meio da sinalização de que o parceiro será sempre bem-vindo e atendido juntamente com a gestante e que seu envolvimento precoce na gestação favorecerá a construção da paternidade.
Por fim, é importante dizer que, a partir dessa pesquisa e de seus resultados, criou-se um exemplo bem-sucedido de Fluxo do Pré-natal do Pai no município de Angra dos Reis-RJ.