01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO7.1 - Comunicação, (In)visibilidade e (De)colononialidade |
47888 - O MAR QUE HABITA EM MIM: O TRABALHO DAS MULHERES DAS ÁGUAS NA PESCA ARTESANAL MARIANA GURBINDO FLORES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, ANA CATARINA LEITE VERAS MEDEIROS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, IDÊ GOMES DANTAS GURGEL - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO
Apresentação/Introdução As pescadoras artesanais do litoral sul de Pernambuco enfrentam os impactos do Complexo Industrial Portuário Suape (CIPS), do desastre-crime do derramamento de petróleo de 2019 e da pandemia de Covid-19, conformando uma sindemia que agrava as vulnerabilidades socioeconômicas, ambientais e sanitárias.
Objetivos Objetivou-se demonstrar que estratégias de comunicação e divulgação científica, como a cartilha ‘Saúde das mulheres das águas‘ e o documentário ‘O mar que habita em mim‘, são importantes por promoverem a democratização do conhecimento de pesquisas.
Metodologia Trata-se de pesquisa-ação do tipo etnográfica para identificar os aspectos do processo de trabalho e sua relação com a vida, realizada no período de fevereiro/2021 a agosto/2022, com equipe formada exclusivamente por mulheres pesquisadoras e profissionais do audiovisual. Participaram do estudo 34 mulheres das águas, pescadoras artesanais de comunidades tradicionais dos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no litoral de Pernambuco. Para a construção dos dados primários foram realizadas as etapas de 1) grupos focais; 2) oficina sobre o fluxograma do trabalho; 3) vivência do trabalho da pesca; 4) sistematização, análise dos dados e produção dos materiais (cartilha e documentário).
Resultados e discussão A narrativa das pescadoras transparece a relação direta de suas vidas com o trabalho, o processo saúde-doença, suas forças e resistências nos territórios, o que reforça o termo utilizado: mulheres das águas. Através das etapas do trabalho, consegue-se ver como ocorre o processo de trabalho na pesca artesanal, permitindo e fomentando o conhecimento para a população em geral e oportunizando refletir sobre os aspectos protetores e destrutivos da saúde delas.
A cartilha e o documentário demonstram a relação saúde-doença no trabalho da pesca artesanal enfatizando as narrativas das pescadoras sobre determinação social da saúde delas.
Documentário “O Mar que Habita em Mim”, promoveu encontro de saberes, com duração de 12 minutos, traz a história de vida das mulheres das águas, perpassando pela relação vida e trabalho, tendo como desafio a transposição da pesquisa para as imagens, numa linguagem do audiovisual. Os cinedebates colocaram luz sobre esse tema e sujeitas possibilitando que diversos espaços acadêmicos e populares não apenas conheçam os resultados da pesquisa, mas compreendam como se dá o processo de trabalho desenvolvido pelas mulheres da pesca artesanal e como o derrame do petróleo amplificou as condições de vulnerabilidades dessa categoria. Propõe, especialmente, outro olhar para a denúncia implícita do racismo ambiental sofrido por elas. A produção e a circulação dos filmes podem inspirar práticas inovadoras de copresença, cocriação e coprodução que caminham na direção da renovação das metodologias de produção de conhecimentos voltadas à transformação social por meio de articulações e diálogos interdisciplinares e interculturais. A cartilha se mostrou uma ferramenta de comunicação e divulgação científica importante para ampliação da comunicação entre as pessoas, permitindo que diversos públicos tenham acesso e aproximação com a temática do processo de trabalho das mulheres das águas, seja no território, em rodas de conversa com movimentos sociais, com profissionais da gestão e serviços de saúde, cursos formativos no âmbito acadêmico, percorrendo vários espaços e públicos com diferentes níveis de instrução e entendimento. Em todos esses espaços, foi nítida a importância dessa estratégia como uma forma de comunicação que permite o entendimento rápido, a visibilização das mulheres das águas e o acesso igualitário à informação, e ainda, evidenciou-se o desconhecimento sobre a temática e o interesse na visibilidade dos desafios que as marisqueiras e/ou pescadoras do litoral pernambucano enfrentam na produção e reprodução da vida.
Conclusões/Considerações finais As estratégias de comunicação utilizadas, tanto a cartilha como o documentário, possibilitaram dar voz às mulheres das águas, invisibilizadas, pelos processos históricos de conflitos evidenciados nos territórios, onde essas mulheres produzem e reproduzem a vida, assim como pelos processos estruturais de eixos de dominação do capitalismo, o colonialismo, racista e o heteropatriarcado. As estratégias utilizadas para comunicar a pesquisa científica provocaram interesses da sociedade, promoveram o debate e contribuíram para a tomada de consciência de profissionais e gestores de saúde sobre a saúde dos povos das águas e a sindemia gerada por múltiplas situações nos territórios, permitindo a democratização do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento/fortalecimento de políticas públicas direcionadas para essa realidade.
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