46040 - MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE PRESTADO AOS ADOLESCENTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE MARIANA DE FÁTIMA ALVES ARRUDA - UPE, AMANDA DE MORAIS PINTO RIBEIRO ESCOBAR - UPE, BEATRIZ CINTRA FERREIRA - UPE, MARIA CLARA DE SOUZA - UPE, LAÍS NAVARRO XAVIER - UPE, JÚLIA MARIA DE OLIVEIRA PEREIRA - UFBA, JOSÉ EUDES DE LORENA SOBRINHO - UPE, JAIZYARA MARY SILVA - UPE, FERNANDA CAROLINE SANTOS SENA - UPE, JOSÉ LUCAS COSTA DOS SANTOS - UPE, DANDARA CAROLINA GUERRA BEZERRA - UPE, FLÁVIA VALÉRIA VIEIRA DA CRUZ - UPE, WEMERSON GONÇALO - UPE
Apresentação/Introdução A Atenção Primária à Saúde (APS) no contexto brasileiro é caracterizada por uma população adscrita que faz parte de um território delimitado dispondo da unidade de saúde como porta de entrada do sistema de saúde. Neste contexto, um dos grupos etários que é fundamental para o ciclo vital da APS é o adolescente, e mesmo que esta faixa etária tenha assegurado o direito ao acesso à saúde por meio de legislações, ainda persistem barreiras de acesso à sua estrutura. Assim, é preciso que haja um cuidado que opere de modo integral para o adolescente, compreendendo a necessidade de práticas direcionadas à promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e reestruturação dos serviços responsáveis pelo cuidado deste público, com consequente expansão da assistência. Contudo, entende-se que no sistema de saúde, há um acentuado absenteísmo de práticas focalizadas no ciclo da adolescência, com maior procura em situações pontuais, tais como: pronto-socorro, realização de pré-natal e consulta odontológica de emergência. Estas ações específicas não permitem que este público receba um cuidado integral. Outro aspecto para este absenteísmo pode ser observado na baixa procura dos adolescentes por práticas de prevenção. Portanto, faz-se necessária a compreensão da percepção dos adolescentes acerca das características que os influenciam a acessar o serviço de saúde.
Objetivos Analisar o modelo de atenção à saúde prestado aos adolescentes nos serviços primários à saúde.
Metodologia Este estudo apresenta uma abordagem qualitativa, analítica e com uso de entrevista semiestruturada. A pesquisa ocorreu no município de Recife, em seis unidades de APS no Distrito Sanitário VII, no período de junho a agosto de 2022. Participaram do estudo, 25 adolescentes com idades entre 10 e 19 anos, que fazem parte da população adscrita desses serviços. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa da Reitoria da Universidade de Pernambuco, CAAE: 55956322.7.0000.5207 sob o Parecer nº 5.389.996. A amostra aplicada ocorreu no formato não probabilístico e convencional, em que os critérios de inclusão foram: adolescentes que tenham realizado pelo menos uma consulta/ assistência na APS no decorrer dos últimos 6 meses. A coleta de dados foi realizada através de videoconferência, por meio da plataforma online Google Meet. Após a gravação das entrevistas, estas foram salvas por meio do download realizado em computador de uso pessoal e restrito. Para o fechamento da amostra, foi utilizada a técnica de saturação teórica. Para analisar os dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin com auxílio do software ATLAS.ti web. Ressalta-se que as entrevistas só iniciaram após leitura e assinatura dos Termos de Assentimento Livre e Esclarecido e Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados e discussão Os dados demonstraram que o cuidado ofertado ao adolescente na APS ainda é predominantemente voltado ao modelo biomédico. Ademais, isto é justificado nos discursos do referido grupo etário em que são mencionados os motivos destes irem ao serviço de saúde: quando adoece de modo intenso com dores e febre, problemas de saúde bucal, reação alérgica, pré-natal e exames de rotina. É importante ressaltar que este contexto de cuidado está associado à cultura da assistência baseada no diagnóstico, na cura e no tratamento, centrada na figura médica, induzindo a um atendimento objetivo, não considerando as subjetividades da adolescência como uma categoria social. No entanto, ressalta-se que as vulnerabilidades fazem parte do contexto da saúde, que dimensiona o tipo do cuidado e a abordagem necessária para o processo saúde-doença e bem estar social, considerando que as demandas não devem ser fragmentadas e reduzidas a um agente patógeno. O modelo de APS, configura-se como assistencial e resolutivo, apesar das fragilidades expostas nos discursos dos adolescentes, relacionadas às informações de assistência referentes à prevenção de doenças, agravos, gestação na adolescência e uso abusivo de álcool e outras drogas. Para tanto, estudos relatam que implementar políticas de saúde, estratégias direcionadas ao adolescente, tecnologias de facilitação do acesso e promover uma cultura do cuidado desde a infância, são alternativas que buscam reduzir o cuidado fragmentado em saúde.
Conclusões/Considerações finais Compreende-se que embora o modelo de assistência em saúde esteja caminhando para um processo humanizado, ampliado, acolhedor e interdisciplinar, constata-se que a atenção à saúde ainda prioriza um cuidado tradicional, clínico e limitado. Deste modo, é importante avançar na cobertura de acesso da APS, fortalecer a formação holística dos profissionais de saúde e intensificar as estratégias de promoção à saúde.
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