01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO17.1 - Modelos de atenção à saúde infantojuvenil - participação de crianças e adolescentes e produção de cuidado |
47250 - ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA EM UMA RESIDÊNCIA DE SAÚDE COLETIVA NO CUIDADO ÀS PRIMEIRAS INF NCIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: POTENCIALIDADES DO CUIDADO EM COMUNIDADE CLARA DE OLIVEIRA - UFBA
Contextualização O cuidado à saúde da criança no Brasil apresentou avanços a partir da década de 80, quando a concepção de cuidado integral ganhou evidência com o Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC). A partir da criação do SUS e a ampliação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), a Atenção Primária à Saúde (APS) ganha destaque, tendo como atributos a coordenação do cuidado, longitudinalidade, acesso e integralidade. Entretanto, a capacidade de resolutividade na APS encontra barreiras na integração da Equipe de Saúde da Família (eSF), fragilidade das redes de saúde e violência no território. Situações que geram iniquidades e atingem a população mais vulnerável, majoritariamente negra.
Descrição Dessa forma, o trabalho da Psicologia na residência de saúde coletiva no cuidado à primeira infância evidencia lacunas do cuidado infantil, relacionadas ao desenvolvimento infantil, acesso e permanência de crianças com desenvolvimento atípico à escola e fragilidades na rede de apoio familiar e social. Trata-se de uma experiência de caráter qualitativo, onde o cuidado multiprofissional junto à criança, família e comunidade foi o foco e consistiu em uma avaliação do desenvolvimento e acolhimento que consistia em dimensões do crescimento, relações familiares e sociais, brincar, linguagem e marcos do desenvolvimento. Com isso, o trabalho da Psicologia na residência se alicerçou na integração interdisciplinar entre os saberes da Psicologia, Fonoaudiologia, Enfermagem, Nutrição e Odontologia e com o NASF e eSF presentes em uma Unidade de Saúde da Família (USF), na cidade de Salvador-BA. O acesso à população de 0 a 6 anos e familiares se deu pela interlocução com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). O acolhimento das famílias ocorreu a partir de uma entrevista acerca dos aspectos pré e pós natais, crescimento, saúde bucal e nutricional, marcos do desenvolvimento e dinâmica psicossocial. Já a avaliação do desenvolvimento se deu a partir do lúdico em um processo dialógico com a criança que se traduziu em fluxos de atendimentos na USF e Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Período de Realização A experiência em curso teve início em abril de 2023 com a chegada da residência na USF.
Objetivos Descrever as potencialidades do trabalho da Psicologia no cuidado à saúde na primeira infância na APS, sob o contexto de uma residência em Saúde Coletiva em Primeira Infância.
Resultados A experiência na USF e seu território tem como principais resultados a maior vinculação da criança na USF, fortalecendo a longitudinalidade, acesso e integralidade, além de mais espaços para discussões sobre infâncias- principalmente nos seis primeiros anos nas reuniões de equipes, atendimentos e ampliação do diálogo intersetorial, com destaque para a educação. Os desafios apresentados circunscrevem aos encaminhamentos para a RAS que apresentam fragilidades em sua resolutividade, principalmente relacionado à questões do neurodesenvolvimento, principalmente acerca do TEA.
Aprendizados A experiência destaca a infância pela perspectiva histórica e cultural, colocando a criança como ator social no seu processo de cuidado. A Psicologia em uma residência em primeira infância atua de forma interdisciplinar e através do brincar constrói o cuidado que se configura em um processo dialético que circunscreve o desenvolvimento infantil no território.
Análise Crítica Com isso, é crucial que a criança participe do seu cuidado e que se considere as dimensões de raça, gênero e classe que permeiam essas vivências. Refletir sobre a saúde e seu acesso é destacar que as infâncias mais vulnerabilizadas cujos direitos à saúde e educação são negados o acesso e permanência são negras e que a resolutividade se tece em comunidade.
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