01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO32.1 - Racismo, violência e sofrimento psíquico |
47777 - SAÚDE MENTAL E RACISMO: REFLEXÕES PARA O TRABALHO NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ANA PAULA PROCOPIO DA SILVA - UERJ
Contextualização A exposição trata das experiências vivenciadas na disciplina e curso de extensão Saúde Mental e Racismo da Residência Multiprofissional de Saúde Mental de uma Universidade estadual pública ofertado para residentes de enfermagem, psicologia e serviço social, e para trabalhadoras/es em atuação na rede de atenção psicossocial do Estado do Rio de Janeiro.
Descrição A disciplina/curso de extensão se constitui como um espaço de (re)conhecimento, espanto e análise do racismo como um determinante do sofrimento psíquico, na perspectiva das interseccionalidades com os marcadores de gêneros e sexualidades a partir dos seguintes conteúdos disparadores das reflexões: racismo estrutural, formação social e a produção de subjetividade; práticas sociais do biopoder e o campo da saúde mental; Branquitude; Interseccionalidades entre raça, classe, gênero e sexualidade e sofrimento psíquico.
Período de Realização 30/05/23 A 25/07/23
Objetivos Oferecer conteúdo de atualização e ampliação de conhecimentos sobre racismo e saúde mental na perspectiva das interseccionalidades com os marcadores de gêneros e sexualidades.
Resultados As experiências resultaram no reconhecimento das violências materializadas em racismo, sexismo, homofobia e transfobia que impactam tanto as pessoas que acessam os serviços como usuárias como as trabalhadoras/es negras/os/es cujos corpos carregam dimensões de vida que são vivenciadas como desigualdades e condições de opressão.
Aprendizados A experiência aponta a urgência da incorporação das dimensões de cor ou raça, gêneros e sexualidades como conteúdo subjetivo preponderante nos processos de trabalho na atenção psicossocial e a construção do antirracismo institucional como estratégico para o enfrentamento da ofensiva conservadora atualmente em curso contra a política de saúde mental pública e antimanicomial.
Análise Crítica A produção do cuidado em saúde mental no Brasil requisita mediações entre a formação sócio-histórica estruturada em 388 anos de escravidão e num pós-abolição inconcluso e a produção das subjetividades social-singulares que organizam as práticas sociais dos diversos e desiguais segmentos étnico-raciais, bem como das Instituições em que circulam. Assim, ainda que pese o caráter progressista da Reforma psiquiátrica brasileira e da Luta antimanicomial, a ambiguidade do racismo no país é constituída pelo mito da democracia racial, um mecanismo da negação que atua para encobrir no inconsciente institucional os inconfessáveis pensamentos e sentimentos racistas, mas que ao barrar no cotidiano a incorporação do antirracismo como uma prática de saúde, mostra sempre muito mais do que oculta.
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