47494 - PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ACERCA DO SEU PAPEL NO COMBATE À HANSENÍASE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA MARIA GEORGIA TORRES ALVES - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), AMANDA QUEIROZ TEIXEIRA - SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE, DANIELLE CHRISTINE MOURA DOS SANTOS - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), RAPHAELA DELMONDES DO NASCIMENTO - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), JOSIVAN SOARES ALVES JÚNIOR - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), DAYANA CECÍLIA DE BRITO MARINHO - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), BRUNA DE SOUZA BUARQUE - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE)
Apresentação/Introdução A hanseníase é uma Doença Tropical Negligenciada (DTN) que afeta, principalmente, populações vulneráveis e possui caráter crônico e infeccioso. A doença é causada pelo agente etiológico Mycobacterium leprae, que acomete preferencialmente os nervos periféricos das pessoas afetadas pela doença. Na ausência de diagnóstico e tratamento precoce, a hanseníase pode gerar deformidades e incapacidades físicas que causam grande impacto à vida das pessoas afetadas pela doença (BRASIL, 2022).
O Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos de hanseníase no mundo (OMS, 2022). Em 2022 foram reportados 19.315 casos novos de hanseníase no país, sendo 7.153 casos com grau I ou grau II de incapacidade física (GIF) na notificação. Esse cenário sugere que ainda existem lacunas importantes nos serviços de saúde, principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS), quanto ao diagnóstico precoce e tratamento das pessoas afetadas pela doença (BRASIL, 2016).
A APS representa a porta de entrada do sistema público de saúde capaz de realizar a identificação, diagnóstico e tratamento dos casos de hanseníase, quebrando as cadeias de transmissão e impactando nos indicadores de saúde. Logo, as equipes de profissionais devem estar munidas de conhecimento acerca da hanseníase, do desafio que representa seu enfrentamento e do seu papel enquanto profissional de saúde no combate à doença na comunidade (NETA, 2017; BRASIL, 2022).
Objetivos Descrever a percepção de profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família sobre o seu papel no combate à hanseníase.
Metodologia Trata-se de um estudo observacional de abordagem qualitativa, do tipo descritiva, realizado através da análise de dados primários, realizado no período de 2021 a 2022 em uma Unidade de Saúde da Família de Recife, Pernambuco.
Os participantes do estudo foram escolhidos de maneira não-probabilística, de conveniência, sendo os profissionais de saúde das equipes de Saúde da Família e o NASF-AB, da unidade selecionada, que estão atuando na atenção primária em Recife, por no mínimo 3 anos.
Para coleta de dados foi utilizada a técnica de entrevistas semiestruturadas individuais, a partir de um roteiro contendo perguntas de caráter sociodemográfico e referentes ao seu papel enquanto profissional da estratégia de saúde da família no combate à hanseníase.
Para análise qualitativa dos dados obtidos foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), visando a organização, análise e síntese dos discursos (BRITO, et al. 2021). Para realização da técnica, todos os dados foram coletados em formato de áudio e transcritos para construção dos Instrumento de Análise do discurso e criada a tabela ou quadro-síntese com os DSC sintetizados (BRITO, et al. 2021).
Resultados e discussão Foram entrevistados dez profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família, que responderam ao seguinte questionamento: “Qual o seu papel enquanto profissional no contexto da Estratégia Saúde da Família, no combate à hanseníase?”, emergindo das entrevistas discursos-síntese pautados nas seguintes Ideias Centrais “Olhar para o paciente de maneira ampliada e integral”, “ Papel de identificação precoce dos casos, para assumir ou encaminhar”, “Promoção e prevenção através de busca ativa e educação em saúde” e “Ajudar as pessoas realizando visitas, orientando a comunidade sobre a doença e ajudando as pessoas acometidas”.
Os profissionais sinalizaram algumas atribuições dos profissionais da APS no combate à hanseníase na APS destacadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2022). Entretanto, os discursos trouxeram essas informações de maneira superficial e não abrangeram a amplitude das funções desses profissionais de saúde para enfrentamento da doença, como a abordagem psicossocial para o enfrentamento ao estigma e discriminação, a avaliação de contatos, o acompanhamento e monitoramento dos pacientes acometidos pela hanseníase, entre outras.
O estudo de Lanza (2011), apontou que as as práticas dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família na atenção à hanseníase ainda são orientadas pelo modelo clínico, focando no acometimento fisiopatológico, sem a devida atenção para a abordagem dos aspectos sociais, econômicos e hábitos de vida das pessoas acometidas. Concordando com o presente estudo quanto às práticas dos profissionais da APS estudados estarem aquém de uma atenção biopsicossocial e integral.
Conclusões/Considerações finais Os DSCs os profissionais de saúde estudados evidenciam que estes não possuem domínio quanto às suas atribuições no combate à hanseníase na APS, percebendo apenas algumas das suas responsabilidades nesse contexto. Esses dados sugerem que a atenção em hanseníase na APS está aquém do esperado para a concretização de uma atenção integral às pessoas afetadas pela hanseníase. Entretanto o estudo não pode tecer generalizações, uma vez que foi realizado com um pequeno grupo de profissionais da APS, sendo esta uma das limitações da pesquisa.
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