Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC1.1 - Processos e práticas em vacinação

46783 - PRÁTICAS DA ENFERMAGEM NA SALA DE VACINAÇÃO: EM BUSCA DE UMA PRÁTICA SEGURA.
SHEILA APARECIDA FERREIRA LACHTIM - UFMG, ANA CAROLINA GONÇALVES LOPES - UFMG, ÁGATA PAULA PAIVA - UFMG, DAYANNE TAVARES MELO - UFMG, JÉSSICA EMANUELA DE SENA GONÇALVES - UFMG


Apresentação/Introdução
O programa nacional de imunizações (PNI) organiza o processo de vacinação no território nacional e teve resultados expressivos na morbi-mortalidade por doenças transmissíveis. Grande parte desse sucesso se deve aos profissionais de enfermagem que atuam nas salas de vacinação na atenção primária à saúde. Desde 2017, o Brasil apresenta queda na cobertura vacinal. Dentre os fatores que podem interferir na baixa cobertura está a hesitação vacinal que é um fenômeno complexo, mas um deles é a confiança nas vacinas. Nesse sentido, é importante compreender o processo de trabalho da equipe de enfermagem, principalmente no que se refere a promoção de práticas seguras na imunização, fazendo com que os usuários possam sentir segurança durante o processo de administração das vacinas.

Objetivos
Compreender as práticas de enfermagem referentes a segurança na administração de imunobiológicos.

Metodologia
A coleta de dados foi no ano de 2022. Foram entrevistados 17 enfermeiros e 30 técnicos de enfermagem. As entrevistas foram gravadas e transcritas seguindo um roteiro semiestruturado, por fim, foram organizadas no software MAxQda utilizando a Análise Crítica de Discurso.

Resultados e discussão
Os resultados tiveram duas categorias: complexidade do calendário vacinal e ações para práticas seguras. Na primeira categoria, os profissionais discutiram a necessidade de capacitação em virtude da ampliação do calendário vacinal: "Vacinação hoje virou uma situação complexa. Vacina antes era mais tranquilo. Você só aplicava a vacina de BCG, tétano, hepatite, febre amarela, triviral. Hoje a gente aplica todo o calendário. Então, a questão hoje toda exige um treinamento, exige uma sequência na sala de vacina”. Discutiram a dificuldade de manutenção do pessoal de sala de vacina: "Aposentou muita gente que trabalhava na sala, e as pessoas que foram chegando nem todas conseguiram se adaptar à sala". A necessidade de ter uma pessoa de referência de fácil acesso responsável por tirar dúvidas na imunização: "A gente liga, procura saber das vacinas, "Ah porque tomou, pode?" Porque não tomou, porque tá em dúvida disso. Então a gente procura saber da pessoa que tem mais conhecimento do que eu, eu procuro saber mais sempre, porque é um risco. Se você tem dúvida, você vai passar a dúvida pra pessoa? Não, você tem que tá segura no que você fala e no que você faz". Já na categoria ações para práticas seguras destacam-se o cuidado com a rede de frio e a organização da sala de vacina: "gente olha os equipamentos, câmara, geladeira, se tá tudo em ordem, se as vacinas estão em ordem". Manutenção de uma equipe treinada para a sala de vacina: "Os técnicos que assumem a sala de vacina, nós temos uma equipe de seis técnicos de enfermagem que são muito bons em sala de vacina. Então a gente faz um rodízio com esses profissionais, justamente para tentar reduzir iatrogenia". Relataram o uso de materiais de apoio na sala de vacina para evitar erros: "Então a gente tem umas colinhas na sala de vacina, porque mesmo a gente sabendo, é legal você está sempre olhando, para você não ter erro, evitar ao máximo o erro". Conversam com os pacientes sobre os eventos adversos e orientam os cuidados necessários: "Orienta por compressa fria no local, dar medicamento para dor e para febre, se ficar uma alteração no local da aplicação, ficar uma coisa muito exagerada, que é para trazer". Relatam a necessidade de ter cuidado e tempo para o atendimento que envolve muitas questões além da administração da vacina: "A gente explica, eu demoro demais nas minhas vacinas. Em paz, que às vezes eles ficam ali, ficam inquietos". Fica evidente a importância de reconhecer o esforço da enfermagem no contexto da imunização. Esses profissionais desempenham um papel fundamental na promoção da saúde pública, garantindo que as vacinas alcancem seu público-alvo. Contudo, a complexidade do trabalho na sala de vacina, traz à tona a necessidade de investimento contínuo em capacitação, apoio técnico e institucional. É importante considerar a formação de equipes maiores para atuar na sala de vacinação, a fim de lidar com o aumento do fluxo do trabalho, a demanda de atendimento ao público, as orientações e os registros no sistema. Um dos principais desafios enfrentados pela equipe de enfermagem é lidar com a complexidade do calendário vacinal, que se ampliou ao longo dos anos, assim como o número de imunobiológicos disponíveis. Nesse sentido, ressaltou-se a importância de ter uma pessoa de referência facilmente acessível para esclarecer dúvidas durante o processo de imunização, garantindo a segurança na administração das vacinas.

Conclusões/Considerações finais
Diante da complexidade do trabalho na imunização, é fundamental valorizar e apoiar a equipe de enfermagem que atua na sala de vacinação, reconhecendo seu papel essencial na promoção de práticas seguras de imunização. Isso inclui investimentos em capacitação, recursos adequados e formação de equipes maiores, visando garantir a efetividade do PNI e o alcance de uma cobertura vacinal ideal.