Outras Linguagens

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
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47940 - “BEM GORDA”: NARRATIVAS DE MULHERES OBESAS EM SUAS VIVÊNCIAS NOS PROCESSOS DE DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO AO CORPO GORDO
GESSINAYDE SILVA DE QUEIROZ - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA - UFBA


Processo de escolha do tema e de produção da obra
O filme BEM GORDA nasce durante um processo de autopercepção e auto aceitação corporal ao longo da minha jornada acadêmica de formação, enquanto profissional de saúde. Quando se trata sobre o corpo gordo o discurso é único, inquestionável e sempre pautado no adoecimento e emagrecimento como única “cura” possível. Era sempre incômodo falar sobre um corpo semelhante ao meu, como um refúgio de doenças crônicas não transmissíveis, visto como uma bomba prestes a explodir.
Eis a grande tormenta da pessoa obesa – lidar com o preconceito e a discriminação ao seu corpo em todos os âmbitos sociais. Há de se considerar que o excesso de gordura corporal pode desencadear uma série de comorbidades e agravos à saúde. No entanto, não há políticas públicas que tratem do cuidado integral ao obeso sem que seja relacionado ao emagrecimento. O peso corporal pode ser o menor dos problemas, algo é sustentado para levar a um ganho de peso: determinantes sociais, saúde mental, distúrbios, perdas, etc.
Na saúde, falar sobre gordofobia é pisar num terreno árido, uma vez que há um saber sedimentado que compreende o corpo gordo como adoecido, legitimado pelo discurso biomédico que classifica a obesidade como epidemia mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse trabalho se propõe a questionar e trazer reflexões sobre como enxergamos e cuidamos do corpo gordo feminino, assumindo que as discussões sobre obesidade e saúde são pautadas no emagrecimento.
É por mim e por todas as mulheres BEM GORDAS que são violentadas diariamente e que sofrem em silêncio. É pelo bem da nossa saúde, é pela vida das mulheres.


Objetivos
Trata-se de um produto fílmico, na categoria documentário, que tece narrativas de quatro mulheres gordas baianas. O filme pretende compreender como as mulheres que são consideradas obesas, vivenciam os seus corpos e percebem o olhar da sociedade sobre ele.


Ano e local da produção
Lançado em dezembro de 2018, no Instituto de Saúde Coletiva - Universidade Federal da Bahia, Salvador/BA


Análise crítica da obra relacionada à Saúde Coletiva e ao tema do congresso
O que pode um corpo gordo? O BEM GORDA se propõe a questionar os padrões de corpos saudáveis e corpos adoecidos, investigando as histórias de como quatro mulheres gordas vivenciam os seus corpos e como enfrentam os processos de discriminação, estigmatização e preconceito aos seus corpos.
A Gordofobia é uma forma de preconceito, discriminação e estigmatização direcionada a corpos gordos. É uma violência expressada através da exclusão social, no preconceito baseado na aparência física e nas representações negativas na saúde e na mídia, com repercussões significativas na saúde das pessoas.
Este é um tema pertinente e deve ser discutido amplamente em todos os espaços de formação e atuação na saúde, diante do aumento do número de pessoas obesas no Brasil, sobretudo mulheres. Estas pessoas quem sentem no corpo a discriminação, que, por sua vez, é estruturada e disseminada nos mais diversos contextos socioculturais que consiste na estigmatizarão, desvalorização e hostilização dos seus corpos. Por ser uma relevante questão de saúde pública, as grandes áreas da Saúde Coletiva são convidadas a estabelecer uma conversação a fim de permitir uma melhor compreensão sobre essas relações e processos de adoecimento.


Formatos e suportes necessários referentes à apresentação
O filme em formato documentário está disponível no YouTube. Para sua exibição, faz-se necessário equipamentos de áudio e vídeo conectados à internet.


Breve biografia do autor
Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, com concentração em Ciências Sociais em Saúde, dedicando-se ao estudo sobre a produção audiovisual institucional e por estudantes do ISC/UFBA. Atuou como pesquisadora no projeto "Relação entre iniquidades e inovação em saúde: foco em Qualidade-Equidade e Competência Tecnológica Crítica no SUS". Sanitarista formada pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA - 2018) e graduação em Gestão Hospitalar pelo Instituto Baiano de Ensino Superior (2013), atuou como Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva com Concentração em Planejamento e Gestão em Saúde (ISC/UFBA - 2022). Tem experiência acadêmica em produção audiovisual com três trabalhos publicados. Como Sanitarista, trabalha, especialmente, com os seguintes temas: Audiovisual na Saúde, Vigilância em Saúde do Trabalhador, Raça, Gênero, Corpo e Saúde. Publicou um Trabalho de Conclusão de Residência sobre Identidade Profissional, em formato de documentário de nome: "Travessias" - A construção da identidade profissional de residentes. No Trabalho de Conclusão de curso, publicou um filme em forma de documentário, com o tema: "BEM GORDA" - Processos de estigmatização, preconceito e discriminação ao corpo gordo feminino", e um trabalho que aborda a relação entre solidão e saúde, também em forma de documentário, com o titulo ".Só".