47810 - ENVELHECIMENTO E SAÚDE: AÇÕES REALIZADAS POR RESIDENTES DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE GABRIEL BEGOTTO - FIOCRUZ/SESAU, AGATHA ROSEMBARQUE MEZA - FIOCRUZ/SESAU, ARTHUR DAYRELL - FIOCRUZ/SESAU, NICOLLE CARAVINA MENDONÇA - FIOCRUZ/SESAU, ROSIANI GOMES DE SOUZA - FIOCRUZ/SESAU
Contextualização O processo de envelhecimento é uma variação dependente de inúmeros fatores que afetam o desenvolvimento físico e mental. A velocidade dessas mudanças é determinada por fatores como estilo de vida, condições socioeconômicas e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Entretanto, apesar da dependência de variáveis, é uma realidade inevitável.
É necessário ter um planejamento de assistência adequada para essa nova realidade, para que este público tenha capacidade de se envolver em atividades de autocuidado, oportunidades de expressão de emoções, além de mudanças de hábitos que possam garantir que este processo seja repleto de qualidade de vida.
A participação de idosos nos grupos de promoção à saúde contribui para satisfazer suas necessidades sociais, pois as atividades coletivas contribuem com a troca de conhecimentos, experiências e saberes, promovendo seu bem-estar. Além disso, através desse processo dinâmico e participativo, é criada uma forma de intervenção da equipe de saúde, na construção e ampliação da rede de apoio social dessa população.
Descrição As ações de promoção do processo de envelhecimento saudável são guiadas pela Política Nacional de Saúde à Pessoa Idosa, instituída pela portaria 2.528 de outubro de 2006, com protocolos que norteiam a assistência direcionada à população idosa, intensificando o seu papel na sociedade, possuidora de direitos e deveres e responsável pela tomada de decisões sobre o seu processo de saúde e doença.
Deste modo, os profissionais de saúde devem conhecer a realidade das famílias que o idoso está inserido, prestar assistência e capacitação aos cuidadores para participarem ativamente do cuidado, enfatizando a importância de preservar sua autonomia, comunicação, a fim de se manter participativo e ativo na sociedade.
Período de Realização O presente relato de experiência iniciou em novembro de 2022 a junho de 2023.
Objetivos Relatar a experiência da realização de ações de promoção à saúde da pessoa idosa, pelos residentes de medicina de família e comunidade, na Atenção Primária de Saúde.
Resultados Os grupos de promoção à saúde da pessoa idosa foram facilitadores na criação do vínculo deste público com a equipe de saúde, levando-os a compreender que sua aproximação garante não somente o tratamento das doenças já existentes, mas também o empoderamento para seu comportamento em relação à saúde. Fato que contribui para a melhoria em sua qualidade de vida, adesão ao Sistema de Saúde e melhora na condição e condução de doenças crônicas não transmissíveis.
Aprendizados A integração da população idosa à Atenção Primária à Saúde persiste como um desafio. Sempre existiu o estigma de que o idoso é “difícil”. Entretanto, na realidade, faltam alternativas e ferramentas que objetivem a integração do idoso ao Sistema de Saúde.
A partir do momento que o esforço é destinado a compreensão e adaptação das ações e atividades à população idosa, observa-se uma adesão melhor, tanto no aspecto quantitativo, como qualitativo, onde o usuário não busca mais atendimento visando somente tratamento de sintomas agudos e/ou renovação de prescrição de uso contínuo e passa a compreender a sua saúde como um processo integral e complexo, podendo atuar em iniciativas de promoção e prevenção.
A criação e atuação dos grupos serve como demonstração de similaridade por pares, onde o usuário encontra outra pessoa que entende suas queixas e passa por situação semelhante, facilitando não somente na criação de um fator de identificação, como no vínculo com o grupo e a Unidade.
Sendo assim, a promoção de ações coletivas, em primeiro momento, serviu como demonstrativo ao usuário que ele não é isolado ou discriminado por seus problemas e deficiências, servindo como ferramenta para a criação de vínculo e mudança da mentalidade na finalidade dos processos de saúde: “não vou para tratar a doença, vou para ter saúde.”
Em segundo momento, a partir da aproximação da população idosa e da mudança no paradigma de sua saúde, as ações adotadas serviram para elevar a qualidade das abordagens individuais, como consultas, onde, agora, o usuário não busca mais tratar apenas suas queixas e doenças, mas busca ferramentas para amplificar sua saúde, independência, cognitividade e bem-estar físico.
Análise Crítica Criar novas ferramentas para o refinamento do vínculo entre o paciente idoso, a equipe e seus pares, permitiu compreender a importância da individualização na abordagem de diferentes faixas etárias partindo do pressuposto de suas necessidades e toda bagagem de vivencia que possuem. Além disso, a partir da iniciativa de um trabalho coletivo, as relações individuais criaram vínculos e raizes mais fortes e íntimas.
O estudo contribui para a noção de que a população de idade mais avançada é pormenorizada ao ser tratada apenas como portadora de doenças crônicas e frequentadora com muitas queixas. Ao passo que o relacionamento com essa faixa populacional é melhorado, se amplia o entendimento de que ainda persiste a vontade pela plenitude saudável e vida digna.
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