02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC13.1 - Trajetórias de curricularizações |
46309 - OS DESAFIOS DA CREDITAÇÃO EM EXTENSÃO NO ENSINO E NO APREDIZADO EM SAÚDE COLETIVA SAMUEL CARLOS VIEIRA DE OLIVEIRA - UFVJM, ANA PAULA AZEVEDO HEMMI - UFVJM, MARIANA DA SILVA SANTOS - UFVJM
Contextualização Trata-se de um relato de experiência sobre a realização de atividades de extensão no âmbito das Unidades Curriculares (UC) obrigatórias de Saúde Coletiva, em cursos da área de saúde na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Descrição Em 2019, os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Fisioterapia, Enfermagem, dentre outros, encontravam-se em reestruturação. Nesse processo formativo, foram inclusos conteúdos de Saúde Coletiva. Dentre as mudanças desses PPC, incluiu-se também a creditação da extensão em diversas UC de Saúde Coletiva.
Período de Realização 2019 a 2023.
Objetivos Relatar os principais desafios vivenciados na realização de atividades de extensão em UC de Saúde Coletiva.
Resultados Entre 2019 e 2021, os PPC dos cursos de Fisioterapia e de Enfermagem foram implantados na UFVJM. Porém, em razão da pandemia de Covid-19, parte dessa implantação (inclusão da Saúde Coletiva e da prática de Extensão) foi adaptada ao ensino remoto. Como as UC nos dois cursos objetivam realizar práticas extensionistas junto às comunidades, foram utilizadas duas ferramentas: observações e conversas. As observações foram feitas individualmente pelos discentes nos locais onde estavam inseridos para o reconhecimento das necessidades sociais dos diversos territórios; as conversas foram realizadas com familiares, vizinhos e amigos próximos com o fito de confrontar as observações pregressas com a percepção dessas pessoas. A partir disso, os graduandos elencaram de modo individual os principais problemas sociais para, então, formarem grupos conforme os entraves encontrados nas diversas localidades. Na sequência, eles produziram materiais com vistas a compartilhar o aprendizado com os indivíduos abordados nas conversas. De modo geral, o retorno sobre os materiais foi pautado em comentários como: “Nunca havia refletido sobre isso!” ou “Não tinha entendido a relação dessa conversa com a saúde." Em face do isolamento social, alguns desses materiais foram divulgados nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. Em 2022, com o retorno do ensino presencial, foi necessária nova adaptação das UC. Nesse cenário, optou-se por dividir as turmas para contemplar quatro bairros da cidade e por utilizar as mesmas ferramentas do ensino remoto. Então, os grupos observaram e identificaram problemáticas nos bairros que ora coincidiam — tal como as questões sobre coleta de lixo e transporte —, ora não. Nesse momento, o desafio foi a transição da modalidade de ensino-aprendizagem remota para a presencial, sobretudo devido às turmas maiores, o que dificultou a condução dos trabalhos feita por apenas uma docente. Ademais, foi necessário construir vínculos com as comunidades, visto que as mudanças com a creditação em extensão eram uma novidade. No período seguinte, necessitou-se do empenho dos discentes para que essas UC pudessem se concretizar. Uma forma importante de colaboração foi o envolvimento de uma graduanda de Enfermagem residente em um bairro marcado pela presença populacional consideravelmente negra e pelo preconceito. Tal colaboração foi crucial para a inserção da docente no território. A turma anterior realizou observações e conversas com diversos moradores, mas ainda precisávamos lidar com os problemas sociais identificados. De entraves mais gerais, fomos chegando a outros específicos como, por exemplo, a ausência de vínculo entre a Universidade e a população local. Logo, mesmo sem vínculo e sem proximidade com as lideranças locais, iniciamos os trabalhos nesse bairro. Aos poucos localizamos presidentes de Associações, líderes de assuntos sociais e outros nomes relevantes que se tornaram nossos parceiros. Em 2023, firmamos parceria com uma Associação de Bairro de maneira a trabalhar a Saúde Coletiva dialogicamente com os próprios moradores. Para tanto, outra turma desenvolveu ações no bairro a partir das demandas relatadas pelos membros da Associação: ausência de novos associados e dificuldades com a limpeza do logradouro. Dessa forma, a professora responsável se prontificou a colaborar com tais questões e, por meio do trabalho conjunto com outras turmas, novas observações e conversas foram empreendidas com os associados para o conhecimento das necessidades existentes e como eles percebiam a sua resolução. Após sete semanas de inserção no bairro, os discentes se apropriaram dos meios utilizados pelos próprios moradores para auxiliarem a Associação nas questões ora colocadas.
Aprendizados Contar com a colaboração dos discentes e realizar parcerias com líderes locais têm sido os maiores aprendizados com a experiência da creditação em extensão, pois é possível compartilhar o desenvolvimento das ações a partir das demandas reais e do envolvimento das pessoas do território.
Análise Crítica A cada nova turma, realiza-se uma avaliação do processo para o enfrentamento dos problemas do ensino e do aprendizado de todos os envolvidos. Ao analisar as avaliações negativas dos discentes, a docente precisou se qualificar e recorrer às metodologias ativas como a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL). Esta tem sido importante para lidar com os gargalos sociais encontrados em consonância com a creditação em extensão.
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