Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC13.1 - Trajetórias de curricularizações

46409 - A EXTENSÃO COMO FOMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NA GRADUAÇÃO
LILIAN BERTANDA SOARES - UFES, CAROLINA DUTRA DEGLI ESPOSTI - UFES, BRUNA PIMENTEL BASTOS - FAESA, DÉBORA DO SACRAMENTO SILVA - FAESA, DAIANE OLIVEIRA CARVALHO - FAESA


Contextualização
Embora a formação em saúde seja uma atribuição do Sistema Único de Saúde, observa-se que desde a década de 1990 houve uma crescente privatização do ensino superior. Esse modelo proporciona uma formação centrada na clínica hospitalar e na especialidade e, por vezes, distanciando-se de um conhecimento voltado para a Atenção Primária à Saúde. Com as mudanças proporcionadas pela implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais por meio da criação da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação em 1996, a temática da formação profissional em saúde vem sendo estudada com mais profundidade. Um projeto de extensão tem por finalidade promover a interação da Instituição de Ensino com a sociedade, em que a primeira aborda conhecimentos acadêmico-científicos e a segunda oportuniza experiências vivenciais, formando uma articulação com benefícios múltiplos. As propostas de atuação devem solucionar problemas existentes, de interesse e necessidade da sociedade, envolvendo ações de conscientização, capacitação, difusão de informação e educação em saúde, dentre outros. A Educação Interprofissional (EIP), por sua vez, é compreendida como aquela que “ocorre quando estudantes ou membros de duas ou mais profissões aprendem com, a partir e sobre o outro para melhorar a colaboração e a qualidade do cuidado” com objetivo de gerar a prática colaborativa, considerada como fundamental para o enfrentamento dos complexos problemas sociais e sanitários, uma vez que amplia a resolubilidade e a qualidade da atenção em Saúde. A importância de oportunizar a EIP na graduação pode ser expressa pela afirmação da Organização Mundial da Saúde “Aprender juntos para trabalhar juntos por uma saúde melhor”.

Descrição
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, do projeto de extensão intitulado “Faesa na Comunidade: educação extramuros”, desenvolvido pelo Centro Universitário FAESA, instituição privada de ensino superior localizada no município de Vitória, Espírito Santo. O projeto é é coordenado por duas professoras do curso de Enfermagem e tem como foco a interprofissionalidade, englobando os cursos de Enfermagem, Odontologia, Jornalismo e Psicologia. O projeto envolveu a comunidade e a pactuação com empresas de diversos ramos para a realização de ações com funcionários das mesmas, objetivando formar multiplicadores para a educação em saúde, em temas diversos, abordando principalmente o calendário proposto pelo Ministério da Saúde com as datas alusivas.

Período de Realização
A primeira edição do projeto foi desenvolvida de abril a dezembro de 2021.

Objetivos
Estimular o envolvimento e o protagonismo de estudantes de nível superior da área da saúde para a atuação responsável, ética e em conformidade com os princípios do SUS e com as necessidades apresentadas pela comunidade em que estão inseridos, a partir do desenvolvimento da EIP.

Resultados
Foram realizadas 16 ações distribuídas ao longo do período, no Centro Universitário FAESA, no Softh Serviços Oftalmológicos e na Viação Grande Vitória. O projeto também participou da Campanha de Doação de Córneas, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho nas empresas Pedra Azul e Viação Grande Vitória, de ações do Dia de Cooperar (junto ao Banco Sicoob) e do “João em Ação 2022”, junto a instituições parceiras da faculdade. Por fim, os acadêmicos produziram um relato de experiência para apresentação no evento “Melhores práticas de Estágio”, promovido pela instituição de ensino na qual estavam vinculados. Ao final, aproximadamente 1.200 pessoas foram impactadas.

Aprendizados
Foi possível contribuir, por meio da EIP, para o desenvolvimento da cidadania dos estudantes, desenvolvendo competências específicas como: comunicação; clareza de papéis; trabalho em equipe; liderança colaborativa; resolução de conflitos; e atendimento centrado na pessoa. Observou-se, também, o potencial desse modelo de aprendizado para promover uma visão humanista, reflexiva e crítica, qualificando os graduandos para o exercício na área profissional escolhida, com base no rigor científico e intelectual, pautados em princípios éticos, com ênfase no desenvolvimento de práticas colaborativas, reconhecendo as melhorias que podem ser alçadas na comunidade em que estão inseridos por meio do conhecimento e trabalho em equipe.

Análise Crítica
Após o término da primeira edição do projeto, percebe-se que, embora tenhamos caminhado com sucesso em direção à temática da interprofissionalidade, ainda há muito que se fazer no cenário do Ensino Superior objetivando a formação de profissionais da saúde voltados para atuação no SUS, com foco em práticas assistenciais e educativas e no trabalho em equipe, desvinculados da formação uniprofissional e voltatda para as especialidades e para o serviço privado ainda tão presente na atualidade.