Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC13.2 - Extensão na perspectiva decolonial

46956 - CONTRIBUIÇÕES DOS REFERENCIAIS DE PAULO FREIRE PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM TERAPIA OCUPACIONAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM ADOLESCENTES
ANDERSON GOMES ALVES DA SILVA. - UFPE, DANIELA TAVARES GONTIJO - UFPE, LAÍS FÁTIMA MENDES DO NASCIMENTO - UFPE, MARINA MARIA TEIXEIRA DA SILVA - UFPE, NADGILA BRIANO RIBEIRO - UFPE


Contextualização
Alinhar referenciais teórico-científicos múltiplos é importante para uma formação integral. Em face dessa necessidade, constituem o tripé universitário as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nesse diálogo, a realização das atividades teórico-metodológicas e práticas em conjunto é nomeada, por Franco (2005), como sendo uma pesquisa-ação, proposta do projeto cuja vivência serve como base para a discussão que ora apresentamos.

Descrição
Para isso, foi utilizado como referencial a metodologia Paulo Freire e realizadas etapas de investigação temática, codificação, decodificação, seminários temáticos e, a práxis (FREIRE, 1959).

Período de Realização
O projeto foi desenvolvido no período de fevereiro à dezembro de 2022.

Objetivos
O objetivo deste resumo é refletir acerca da contribuição dos referenciais freireanos para a formação de terapeutas ocupacionais no contexto da educação em saúde com adolescentes.

Resultados
A priori pudemos discutir com os adolescentes sobre quais as principais atividades que eles faziam no cotidiano, associadas aos conhecimentos básicos em Terapia Ocupacional, como rotina e perfil ocupacional de adolescentes, sempre a partir de uma perspectiva que levava em consideração um recorte socioeconômico e educacional. A criação de um grupo no Whatsapp permitiu aproximar tanto os estudantes universitários, quanto os adolescentes, estabelecendo o vínculo inicial. Em seguida, pudemos (docente, pesquisadora e universitários) pensar em estratégias para codificar essas discussões para os adolescentes, usando materiais audiovisuais e atividades que já faziam parte de seu cotidiano, citadas por eles semanas antes, como o uso do celular e de algumas redes sociais, a fim de facilitar a introdução dos temas de interesse da pesquisa-ação. Após a apresentação dessa codificação, buscamos, em conjunto, decodificar tais temáticas, permitindo que eles pudessem ter um olhar crítico acerca do que faziam no cotidiano e pudessem compartilhar um pouco sobre os processos de saúde e doença relacionados aos costumes, além dos processos compreensivos acerca de saúde, bem-estar e bons hábitos. Por fim, debatemos em conjunto (equipe extensionista e adolescentes) sobre como essas rotinas afetam os processos de saúde e pensarmos em como difundir tais ideias e processos de identificação sobre o impacto desses hábitos, com uma linguagem aproximada a dos adolescentes. Como produtos palpáveis, tivemos a produção do podcast “Tamo junto”, produzido, idealizado e gravado pelos adolescentes e a produção de material gráfico sobre os processos de cuidado em saúde, com foco em saúde mental. Como finalização do projeto, os adolescentes protagonizaram e coordenaram atividades direcionadas a colegas que não faziam parte da equipe.

Aprendizados
É importante destacar que, antes de cada encontro com os adolescentes, a equipe lia acerca do conteúdo e preparava materiais lúdicos para que a discussão pudesse ser interativa e facilmente compreendida, pensando a realidade do ambiente e dos recursos disponíveis, exercitando, assim, a práxis, compreendida por Freire (1977) como ação cultural e ou ação realizada em um contexto, um ambiente e com exercício da humanização (FREIRE, 2005). O projeto foi fundamental para que os estudantes universitários pudessem vivenciar na prática o acolhimento e a formação de vínculo, a partir dessas experiências, pudessem se despir de conceitos estigmatizantes na saúde (sexismo, machismo, racismo, etc.). Sendo assim, os mesmos somaram os conceitos aprendidos em sala de aula, com os discutidos antes de irem à execução, com os conceitos educacionais de Paulo Freire. A perspectiva e postura analítica e crítica possibilitou uma atuação decolonial e emancipatória, permitindo aos estudantes não só enxergarem outras óticas e discursos autônomos nas conversas com os adolescentes, mas também a construção de recursos, de acordo com a realidade e o interesse do público alvo das atividades, refletindo assim sobre os cuidados em saúde, priorizando o adolescente.

Análise Crítica
Foi importante perceber o quanto o sentimento de pertencimento ao grupo tomou conta dos adolescentes e dos estudantes universitários, e a liberdade sobre as discussões dos mais diversos assuntos foi sendo construída ao longo do processo, sendo possível abordar desde questões relacionadas aos pais, até problemas em saúde mental com os quais os estudantes vivenciavam.