Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC13.2 - Extensão na perspectiva decolonial

47944 - O PROJETO VIDA E A DANÇA CIRCULAR COMO CUIDADO À SAÚDE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DOCENTES NA RELAÇÃO UNIVERSIDADE-SOCIEDADE
GILSELIA ELOI DA SILVA DE OLIVEIRA - USC/PY, AMANDA LEITE NOVAES - UEFS/BA


Contextualização
O Projeto Vivências Integrativas, Dançantes e Acolhedoras (VIDA) integra um programa de extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), interior da Bahia (BA). Importa destacar que a implantação do referido projeto foi a partir dos estudos e formação do Núcleo Inter/transdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão de Educação e Saúde (NIEPEXES) da mesma instituição. Dentre as ações desenvolvidas pelo programa no âmbito das Práticas Integrativas e Complementares à Saúde (PICS) destaca-se a Dança Circular (DC) como prática corporal que pode desenvolver noção espaço-tempo, escuta acolhedora, integração social, autoconhecimento e demais relações de (auto)cuidado à saúde. A relação universidade-sociedade se constituiu a partir de aproximações importantes entre duas professoras de Educação Física, uma vinculada à UEFS e outra ao Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP- DV), que aqui chamaremos de pessoas com deficiência visual, em Feira de Santana (FSA), Bahia (BA). As práticas de DC desenvolvidas no campus universitário pelo projeto VIDA e as demandas apresentadas pelo CAP-DV sobre dimensões físicas e socioemocionais de seus estudantes mobilizaram a implantação de uma oficina de DC como uma proposta educativa inclusiva de (auto)cuidado à saúde no CAP-DV em FSA/BA.

Descrição
A oficina de DC proposta ao CAP-DV/FSA/BA foi elaborada por professoras de Educação Física engajadas nas duas instituições citadas, a partir de estudos e vivências no âmbito da extensão universitária. O período de realização da oficina destacado neste relato de experiências foi de julho de 2022 a junho de 2023, em que contamos com três etapas importantes: sensibilização com apresentação à instituição escolar, nos seus diversos segmentos representativos, de um projeto de pesquisa-intervenção sobre a DC, sistematizado a partir das experiências formativas no Projeto Vida e da prática pedagógica no CAP-DV, referenciadas por uma perspectiva dialógico-participativa; sistematização da oficina de DC inspirada no Círculo de Cultura de Paulo Freire, em que privilegia o conhecimento da realidade/palavras geradoras, formação de grupo, tematização, problematização e avaliação contextualizada; e o desenvolvimento da oficina propriamente dito, com 1h30min. de duração em rodas semanais de DC que ocorriam na terça-feira. Contamos com participação inicial de 20 participantes, predominantemente mulheres, com idade entre 18 e 70 anos, baixa visão e cegueira total, sendo estudantes matriculadas no CAP-DV/FSA/BA.

Período de Realização
O período de realização da oficina de Dança Circular foi julho de 2022 a junho de 2023.

Objetivos
Relatar experiências vivenciadas sobre a contribuição da extensão universitária no processo de implantação da oficina de DC inclusiva no CAP-DV/FSA/BA, assim como, contribuições para o cuidado em saúde.

Resultados
Na etapa de sensibilização, a oficina obteve uma ótima adesão, em que contamos com participação de professoras e funcionárias da instituição, além de familiares de estudantes, o que justificou a implantação da DC uma vez na semana. Como professoras de educação física, tanto na educação especial quanto no ensino e extensão universitária, desenvolveu-se olhar atento ao outro, em todas as direções e sentidos, sobre linguagem e expressão corporal, aos aspectos psicomotores e socioculturais, o que contribuiu para a adaptação da proposta pedagógica para o contexto do grupo descrito. Importante destacar que o processo de autoavaliação e da avaliação contextualizada foi importante para a melhoria do trabalho embasado na afirmativa “nada sobre as diferenças, sem as diferenças”. Em relação à proposta do Círculo de Cultura de Paulo Freire que inspirou a execução da oficina foi importante para estimular cada participante a pensar, perceber, refletir, construir sua história e seu conhecimento sobre a DC e através da mesma.

Aprendizados
Foi possível aprender como interagir, integrar, adaptar, tornar o conteúdo acessível através da audiodescrição, do braille, dos movimentos corporais adaptados, dos estímulos da percepção tátil e auditiva, tornando a mensagem compreensível, conforme a realidade das pessoas com deficiência visual. Vale salientar que nesta etapa, em continuidade aos estudos, correlações foram tecidas a fim de contextualizar à realidade da educação especial e inclusiva. A partir desta experiência, a circularidade trouxe a ideia de colaboração, união e escuta partilhada para as pessoas participantes da roda que expressavam fragilidades e potencialidades de seu corpo e do outro, tão acolhidos e valorizados naquelas rodas dançantes, porém invisibilizados na roda da vida.

Análise Crítica
Nota-se, portanto, a potência da extensão no fortalecimento da relação universidade-sociedade e da DC como espaço de socialização, autoconhecimento, escuta acolhedora às diferenças, troca de saberes, promoção do bem estar e (auto)cuidado à saúde física e emocional, reiterando um dos objetivos das PICS que precisa ampliar, entretanto, o olhar à inclusão de pessoas com deficiência.