02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC15.3 - Promoção, educação e comunicação em/na saúde |
46528 - TRANSVIVENDO A CLÍNICA: CUIDADO À POPULAÇÃO TRANS E TRAVESTI: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA LEONAN DAVI LIMA TENÓRIO - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA, UFRN, GIULIA VALÉRIO DOS REIS - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA, UFRN, SOFIA RAFAELA MAITO VELASCO - DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA, UFRN, MATHEUS OLIVEIRA LACERDA - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI, UFRN, BRÍGIDA GABRIELE ALBUQUERQUE BARRA - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA, UFRN
Contextualização O discurso médico sobre a população LGBTQIAP+ é marcado pela confusão entre os conceitos de universalidade e equidade, patologização e percepção de anormalidade, negação de acesso e ausência de procura do serviço pelos próprios sujeitos, além da baixa demanda ou invisibilidade do grupo. Isso significa que a formação de profissionais da saúde, sobretudo médicos (que foram os alvos da atividade) não tem em sua formação a discussão sobre o cuidado à população LGBT+.
Descrição Tendo em vista os determinantes sociais, as fragilidades que são demonstradas cotidianamente no âmbito do Sistema Único de Saúde e, sobretudo, visando a formação permanente de profissionais que também lidam com a população LGBTI+, foi pensado o evento “TRANSvivendo a Clínica: cuidado integral à população trans e travesti” em parceria com o Grupo Interprofissional de pesquisa em saúde LGBTI+ (GIPS LGBTI+ UFRN), em articulação com a SMS de Natal e outros atores como parlamentares e o movimento social. Diante dessa parceria, o público foi composto majoritariamente por profissionais da saúde: ACS, enfermeiros, médicos e gestores de unidades de saúde.
A programação contou com apresentações musicais, grupo de teatro e mesas-redondas que abordaram os temas gênero, sexualidade e políticas de saúde LGBT, cuidados clínicos, hormonização, profilaxia pré e pós-exposição ao HIV (Prep e PEP), contracepção e outros cuidados em saúde, todos voltados especificamente para as necessidades da população Transexual e Travesti.
Foi um espaço importante no que se refere ao protagonismo das pessoas trans e travestis, pois as mesas foram compostas por elas, que representaram desde o Ministério da Saúde até a Coordenação de Diversidade Sexual e Gênero do RN.
Período de Realização O evento ocorreu no dia 6 junho 2023, no auditório da Escola de Governo Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Lagoa Nova, Natal, durante dois turnos.
Objetivos O seminário teve como objetivo a promoção de um espaço de aprendizado, livre da patologização das identidades trans no SUS, assim como a discussão do cuidado integral voltado a esta população, sobretudo na Atenção Primária à Saúde (APS).
O debate sobre a saúde física e mental da população trans e travesti deve ocupar espaços dentro e fora da universidade, a fim de que haja garantia de uma vida digna desses corpos, além do fomento de reflexões e diálogos que promovam mudanças para a realidade das vivências trans no país.
Resultados No dia 13 de junho, foi possível dialogar com uma parcela do público que estava no seminário, em uma outra atividade após o evento em uma unidade básica de saúde (UBS). Neste contato, alguns profissionais da saúde relataram de forma unânime a visão de que o evento esclareceu termos e contextos. A peça de teatro foi de suma importância, pois diversos profissionais relataram ter estado na mesma situação ilustrada pelos atores (atendimento de pessoa trans na UBS e diferentes formas de manejo no acolhimento).
Aprendizados Visto isso, o cuidado com esta população deve se pautar em um olhar biopsicossocial, em que se leve em consideração os diversos determinantes em saúde. É mister compreender que as pessoas trans e travestis vivem em um patamar de precariedade no Brasil, portanto, promover um espaço de aprendizagem em saúde que acolha e reconheça as potencialidades e fragilidades destes usuários, é, sobretudo, trabalhar para a promoção de um SUS realmente universal e equitativo.
Análise Crítica Os problemas na APS em relação à população trans e travesti (TT) escancaram uma formação em saúde que não prepara os profissionais para o atendimento a esse público: não há o desenvolvimento de competências no que se refere às posturas, atitudes e valores direcionados a esta parcela de usuários. Além da ausência de preparo, observa-se que alguns profissionais não validam as especificidades dessa população, o que reitera discursos discriminatórios da sociedade civil, e assim, o afastamento das usuárias TT dos espaços de promoção de saúde.
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