02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC15.3 - Promoção, educação e comunicação em/na saúde |
46795 - A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT PELO PROJETO “MENOS PRECONCEITO É MAIS SAÚDE” EM MINAS GERAIS
JOSÉ VITOR COSTA CRUZ - FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, CLÁUDIA BEATRIZ NICÁCIO - FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, POLIANA CABRAL DE ASSIS - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS, JURACY XAVIER DE OLIVEIRA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS, MARIA JOSÉ NOGUEIRA - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS
Apresentação/Introdução
Apesar das garantias constitucionais, dos avanços nas políticas de direito à saúde para grupos populacionais específicos, principalmente para a população LGBT e da crescente organização e visibilidade da luta pelos direitos humanos dos mesmos, ainda permanecem, de forma preocupante, as graves situações de violência e de discriminação contra essa população. Esse movimento é reforçado por discursos de setores conservadores da sociedade, tendo como consequência a violação de direitos, sendo um deles o direito à saúde. A literatura aponta que a discriminação e o preconceito institucional representam empecilhos no acesso aos serviços e cuidados com a saúde, colocando os LGBT em situação de vulnerabilidade para diversos agravos sanitários. A discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero tem grande impacto sobre a saúde da população LGBT, seja pela dificuldade de acesso aos serviços, estigma social e discriminação sofrida em espaços e serviços da saúde e até mesmo pelo desconhecimento dos profissionais de saúde a respeito dos direitos e das necessidades específicas de saúde dessa população. A literatura aponta a estigmatização das orientações sexuais e das identidades de gênero como um dos principais motivos do afastamento da população LGBT dos serviços de atenção primária, já que o medo de julgamento por parte dos profissionais de saúde faz com que essas pessoas não se sintam acolhidas pelos aparatos oferecidos pelo SUS.
Objetivos
Desse modo, partindo da premissa que informações qualificadas têm o potencial para diminuir a discriminação e promover práticas mais acolhedoras e menos discriminatórias, principalmente nos serviços de saúde, foi elaborado o projeto “Menos preconceito é mais Saúde: Divulgação Científica da Saúde da População LGBT”. O projeto tem o objetivo de promover a divulgação de informações qualificadas e a popularização de conhecimentos científicos sobre as temáticas que envolvem a saúde da população LGBT.
Metodologia
Trabalhamos nesse projeto alinhados com a Política Estadual de Saúde Integral da População LGBT, embora reconheçamos a importância de ampliar a mesma para outros grupos. Por meio de metodologia participativa com integrantes de coletivos de Minas Gerais, serão elaborados boletins informativos, podcast, vídeos curtos e uma mostra fotográfica para levar a informação em linguagem acessível, em mídias diversas, e que produza sentido no universo sociocultural dos públicos específicos. A mostra fotográfica proposta foi pensada pelo potencial das imagens para dar visibilidade às temáticas LGBT, bem como pela grande capilaridade, uma vez que a versão online da exposição poderá ser exibida em vários espaços formais e informais da saúde e da educação.
Resultados e discussão
Até o presente momento, o projeto, que se iniciou em janeiro de 2023, obteve alguns resultados. O primeiro deles refere-se ao levantamento e à análise dos documentos (leis, decretos e portarias, etc) que regulamentam e ampliam os direitos da população LGBT, além de cartilhas, dossiês, relatórios, guias e artigos. Ao todo, foram levantados 28 documentos do campo jurídico, sendo o foco principal de análise a Política Nacional de Saúde Integral da População LGBT e a Política Estadual de Saúde Integral da População LGBT do estado de Minas Gerais, bem como seus desdobramentos. Além disso, o grupo realizou em junho de 2023 a “Oficina Introdutória Cultura e Direitos LGBT: Promovendo a Saúde e a Inclusão”, que teve como objetivo proporcionar um diálogo aberto e acolhedor sobre a temática LGBT. O evento teve como foco principal dialogar com atores da comunidade LGBT, com o intuito de conhecer e compreender melhor os elementos culturais e as subculturas presentes na comunidade. A oficina abordou tópicos como a história do movimento, questões de identidade de gênero, orientação sexual, direitos e desafios enfrentados pela comunidade, principalmente no que se refere ao acesso e acessibilidade aos cuidados em saúde.
Conclusões/Considerações finais
Dessa maneira, um projeto de divulgação científica no campo das ciências humanas é de suma importância para evidenciar a relevância do conhecimento produzido na área e para contribuir para desenvolvimento crítico das demais ciências. Tratando-se especificamente da população LGBT, um setor populacional que vivencia grande vulnerabilidade social e que sofre historicamente os efeitos de invisibilização perante o poder público, faz-se necessária a mudança de abordagem no tratamento de pessoas gays, lésbicas, bissexuais, transgênero, queer, intersexo e todas as outras formas de autoidentificação que fogem do padrão cis heteronormativo. O projeto terá a duração de 3 anos e conta com o apoio financeiro da FAPEMIG.
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